domingo, 3 de novembro de 2019

NUM INSTANTE


Ao lado da Vida - A Morte
Contígua
Justaposta
Aos que em claro pousam
Aos que então festejam,
Quão impercebível,
Oh longevidade
Ao que sente o tênue
O vapor que extingue-se
Oh que brevidade
A Vida - a Morte
Uma luz - uma sombra
Um instante, nada mais, só a sombra
Sem dias, sem obras, sem irmão...
Ao lado da Vida: a Morte
Nada mais próximo

(Poema de 2001, em homenagem à existência de Eli Gerson)
Elói Alves

sábado, 2 de novembro de 2019

QUESTÃO DE VÍRGULA OU MORTE

Uma historieta jocosa, que desliza sob a oleosidade dos séculos, chegou-me aos ouvidos no final de minha adolescência, à sombra saborosa do círculo teológico do saudoso Mestre Natanael Lopes, pelo, hoje, octogenário e sempre empreendedor Jorge Ribeiro.

Segundo essa anedota, certo soberano, cujo povo via a sagrada paz ameaçada por guerreiros gigantes, recebeu o mensageiro que enviara a consultar o sucesso da inadiável peleja:
-Vai não morrerás- transmitiu-lhe.

Findo o renhido combate, que ao nosso valoroso rei custara a vida, seus ministros vieram cobrá-la à pitonisa, que lhe dera palavras trocáveis. À face dos irresolutos interrogadores, respondeu a advinha que assim fora dito ao incauto mensageiro: “Vai não, morrerás”.

Em algumas versões (não referidas por Ribeiro), que constam de manuscrito antigo cuja autenticidade o arqueólogo Jorge de Souza confirma, a culpa recai sobre o infeliz do portador das novas, lançado a feras famintas. Noutra, culpa-se a pitonisa, por induzir o majestoso à mortífera má interpretação.
Numa mais rara peça arqueológica, escrita em fragmento de cedro do Líbano, retirada à cheia do Nilo, cuja autenticidade ainda se estuda, sentenciam-se à morte tanto o mensageiro como o emissor, por faltarem à vital clareza de tal mensagem e perigoso desconhecimento de seu código.
Bem, nada de mais mortes, vamos ao ponto final, que, sem trocadilhos, é também um bom modo de pôr fim ao texto e com o qual poupam-se os olhos do estimado leitor.
Elói Alves

ZERAIO FAZ A TRAVESSIA


Zeraio sentiu que ia fraquejando. As pernas fortes como os velhos troncos de árvores à sombra das quais os avós contavam histórias antigas pareciam que iam afinando. Havia dois sóis que não se levantava. Suava gelado como as águas do sinistro Tejucano que não tinha fim nem começo nem deixava conhecer suas profundezas. Bebia o caldo que Tumbeia cozia com plantas amargas.
- É pra espantar Anhancã- dizia a vó.
Zeraio não viu o sol no terceiro dia. Mas queimava.
O velho Tijuano, magricela de pés pequeninos e ligeiros, entrou com seu cajado de árvore zeicana, que só os anciãos sabiam onde colher.
-Traz-me saúde, paizinho?
-Trago-te a paz da vida que nunca se acaba. 
- Como vens de tão longe, nunca topaste com a mosca matadeira?
- Nunca, disse o velho. Sempre é preciso espantá-la. A purgação é necessária, e tem seu prazer. Mas é preciso se livrar do purgado que engorda a mosca, até olhar é uma tentação perigosa. Com o tempo o mal vai subindo e logo a mosca aparece. Quando não mata, deixa suas crias que entram por tudo. É preciso aprender a lição da natureza, como ligeiro felino.
...
- Ainda me ouves?
- Longe.
-E que vês?
-Uma linda porta.
-Abre-a e entra por ela. 
Elói Alves


domingo, 8 de setembro de 2019

Confusão na sopa do japonês

Numa andança peripatética pelo Centro Velho, com meu parceiro de análises literárias, o psicanalista Maciel, interrompemos a conversa para observar uma sui generis concentração de pessoas na Praça do Patriarca, extensão do Viaduto do Chá, onde se instala, hoje, a sede da Prefeitura paulistana.
Entre os moradores de rua, que habitualmente se hospedam nesse espaço, havia um ajuntamento maior, destacando-se no meio um grupo de japoneses com roupões pretos, a maneira de kimonos. Próximo a eles, algumas mesas, de plástico branco, estavam justapostas, ainda vazias. Pareceu-me alguma oficina de jogos orientais, mas logo percebi pela disposição de uma fila ordeira tratar-se de alguma organização destas que distribuem comida pelas praças do centro da cidade.
A fila, que era pequena há instantes, logo triplicou-se, e ia aumentando ainda. Uma Reclamação brotou do meio para trás. Desse burburinho gritou um dos reclamantes:
- A sopa, japonês!
Foi o suficiente para uma confusão fermentar, e, sem que que se percebesse, três ou quatro rolaram pelo chão. Num instante, a sopa foi esquecida e os contendores eram já incontáveis.

Outros observadores, que cruzavam a praça, se juntaram a nós, fazendo crescer também a reunião de observadores curiosos. Um homem que parou ao meu lado, abriu uma bolsa e me mostrou um notebook: “está novo e barato”. Agradeci e me direcionei para a rua São Bento, em direção ao Mosteiro, voltando-me um pouco para esperar Maciel. Nesse instante, entre nós parou um homem que pedia dinheiro para comer.
-Qualquer trocado.
Realmente não levava dinheiro. Sai sem lhe dar mais que essa negativa e só depois me ocorreu de lhe dizer que, logo que a confusão esfriasse, provasse da sopa do japonês.
Elói Alves






segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Direito e Literatura no Brasil - entrevista a Thiago Martins, Ramo Jurídico


Entrevista a Thiago Martins -  Ramo Jurídico



Para esta segunda entrevista, convidei uma pessoa que tem exercido um papel fundamental em meu aprendizado. Graças ao prof. Elói, tive a oportunidade de entender um pouco mais sobre a língua portuguesa e, consequentemente, isto aprimorou consideravelmente o meu desenvolvimento.
Além de professor, Elói Alves é advogado, consultor linguístico, orientador de comunicação verbal, revisor e escritor. Desta forma, a nossa entrevista abrangeu desde a Academia Brasileira de Letras - que contém a participação de inúmeros juristas- até a sua experiência no âmbito literário. Confira a entrevista:

1 – Professor, o que é a Academia Brasileira de Letras? E qual a importância desta instituição?
Elói Alves — A ABL, fundada no Rio de Janeiro no fim do século XIX, é uma instituição composta por quarenta membros, em grande medida, escritores cujas obras são referência, tanto no aspecto literário e cultural como, ainda, no sentido de formação e preservação das letras nacionais. No entanto, na medida em que, para sua composição, reúne, como disse, referências literárias, torna-se objeto da crítica por vertentes renovadoras, de que, aliás, não pode fugir se quiser valorizar a literatura, sob o olhar artístico e, ao mesmo tempo, sua matéria básica: a língua, sempre resistente a moldes. Outras críticas, às vezes muito gerais, apontam o formalismo, o caráter político e a falta de critério na escolha de seus “imortais”, título não raramente causador de ironias, uma vez que, para nomeação de novo membro, deve-se esperar que algum imortal morra. Desse modo, sua importância é passiva de relativização, nem tanto a Deus, nem tanto a Mefisto, para lembrar a representação do mal na mitologia alemã, universalizada no Fausto, sobre o qual já conversamos, Caro Thiago.

2- Entre os membros da Academia Brasileira de Letras poderíamos listar nomes de inúmeros juristas, exemplo: Ruy Barbosa, Pontes de Miranda, Clóvis Beviláqua, Miguel Reale, Evaristo de Moraes Filho, dentre outros. De que forma o senhor enxerga isto e como o direito pode enriquecer a literatura brasileira?

Elói Alves — Há dois aspectos neste ponto, ligados ao tipo de formação, subjetivo, no que toca ao gosto pelo saber de determinados juristas, para além do aspecto objetivo da Ciência Jurídica; o outro elemento, histórico, constata-se na estrutura social brasileira, no oficialismo, por assim dizer, verificada na estrutura acadêmica nacional até as primeiras décadas do século XX; os escritores mais conhecidos, não os melhores, necessariamente, vinham dos Cursos de Direito ou da Medicina; Monteiro Lobato e o autor de A moreninha são, respectivamente, um exemplo. Os cursos de Literatura e outras faculdades ligadas às artes surgiram, digamos, tardiamente, nessa linha histórica; lembrando que, depois desse divisor, médicos, como Scliar, e juristas, como Teotônio Negrão, se destacaram na Literatura nacional e que, muito antes disso, Machado de Assis se tornou expoente e “presidente perpétuo” da ABL, sem formação acadêmica, no entanto, e que Paulo Otran, formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, passou logo ao teatro, ali ficando até a morte.
A confluência é fator que se dá, desse modo, por dados históricos; em outro plano, também importante, o fator científico aparece na base sociológica e humana do Direito, negando, de certo modo, aqui, a ideia de ciência pura, de Hans Kelsen.

3 – O professor incluiria algum nome nessa lista? Pode ser jurista ou não.
Elói Alves — Ler os contemporâneos é tarefa importante para o literato, e não apenas os que a Academia e o tempo têm consagrado; nesse sentido gostaria de lembrar o nome do escritor Arthur Del Guércio Neto, destacado nome do Direito Notarial cuja carreira como cronista literário tenho acompanhado com gosto. Li também narrativas suas, Thiago, com o prazer de ver jovens talentosos dedicando-se à ciência e à arte.

4 – Fugindo um pouco do campo do direito, faremos uma espécie de bate e volta, com perguntas breves.

a)   Um escritor?

Elói Alves — Machado de Assis; se me permitir um estrangeiro, entre tantos: Leskov
b)   Uma obra?

Elói Alves — Cem anos de solidão

c) Uma frase?

Elói Alves — “Trouxeste a chave?”, do poema Procura da Poesia, do Mestre Drummond


c)   Um objetivo?

Elói Alves — Ler com prazer e compartilhar, sempre;

e) E, por fim, uma lembrança sua como escritor?

Elói Alves — Há algumas: os encontros com Colegas e Leitores, como o Adorável Poeta angolano Lopito Feijó, cuja bela arte me encanta e cuja amizade simples e sábia adocica; Iraci, contadora de histórias a pacientes hospitalizados, que, de atenta leitora, tornou-se também grande Amiga; leitores cujo olhar penetrante tive a alegria de conhecer por meio de comentários aos textos; fico feliz com o tempo que joga luz nova sobre textos mais antigos, como “As pílulas...” e “O Olhar de lanceta”, citados e retomados por outros autores; o que faz bem à memória recompensa a vida.

5 – Agora a última pergunta, quais obras o senhor já publicou? Existe alguma preferida? Se sim, por qual motivo?

Elói Alves — Sobre a preferência a meus escritos, procuro entender esta questão, com que já me deparei algumas vezes, sob a visão do leitor literário; ao leitor empático Às Pílulas, percebo o gosto pela densidade e amplitude da obra, que não se pode separar da subjetividade da experiência da leitura; assim também dos outros livros, com marcas de construção literária e estilos bem diferentes; de modo que ao leitor cabe as facilidades de escolher a obra que mais lhe agrada no acervo de determinado autor; ao autor, digo no meu caso, a tarefa é mais complexa, sobretudo quando a composição estética é igualmente densa em composições textuais tão distintas como são As pílulas, Sob um céu cinzento ou Olhar de lanceta, sem falar das narrativas curtas; de maneiras que a escolha é deixada ao leitor, que, aliás, completa a obra com sua subjetividade e sua interpretação.

Voltando à pergunta, dos vinte anos adiante, escrevi coisas que ficaram dispersas; inclusive um tratado teológico, que assinei em conjunto com meu maior Mestre, saudoso Natanael L. França; quando terminei o Curso de Letras, tive mais tempo para me dedicar às publicações literárias; em 2012, lancei o romance realista As pílulas do santo Cristo, nos anos seguintes vieram os Contos humanos, Sob um céu cinzento, Histórias do tio Gerbúlio, além de diversas antologias, coautorias, textos críticos, artigos, prefácios, apresentação e posfácios a livros de autores dos quais me orgulho, como o maravilhoso escritor Edu Moreira, e a organização de Contos Paulistanos, para o Instituto Letrófilo, cujo vol. II espero que saia logo.

Acho importante lembrar a atividade de revisor, por meio da qual tive o prazer de ler obras de importantes artistas e juristas, entre os quais o Professor Dr. Thales Ferri Schoedl e Professor Dr. Arthur Del Guércio Neto, que me fez honroso convite para prefaciá-lo em Causos e Contos Notariais, do qual a segunda edição sairá em breve. O Direito e a literatura são, parece-me, inseparáveis, na medida em que a literatura trata do ser, cuja existência não prevalece à margem do Direito; Ser e Direito- direito e a correlata obrigação-se implicam.

Elói Alves - advogado, escritor; formou-se em Direito, pela FMU, Letras pela USP, consultor linguístico e orientador de comunicação verbal de empresas, autores e escritórios advocatícios; revisor de centenas de livros e artigos para editoras e autores;  autor do romance As pílulas do santo Cristo, do livro O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade, entre outros, Contos humanos; é diretor do Instituto Letrófilo; site: www.escritoreloialves.com.br Email: eloialves75@hotmail.com

segunda-feira, 22 de julho de 2019

O Legado poético, de Deobaldo Barbosa Silva


O Legado poético, livro de Deobaldo Barbosa da Silva, leva ao leitor uma reflexão muito oportuna sobre a sociedade contemporânea e os dilemas em que estamos imerso. Tecnologia e cotidiano, a relação do trabalho, capitalismo e socialismo; a violência, a questão da arma de fogo e da indústria armamentista.
 A arte de Deobaldo se faz numa poesia leve e rítmica; lembra a poesia nordestina em várias passagens, comunicando-se com a poesia popular dos cordelistas. A vida pulsa, o desejo do bem comum, a fé, muito viva no artista teólogo, são elementos dessa poesia que contagia.
Deobaldo é um comunicador, não só com os versos; leva pelos saraus a fé no bem, nas boas ações, na comunhão e na amizade e em “vencer a solidão/Firmar o pensamento/Receber e dar perdão”, p. 34.
Deobaldo é um dos autores convidados para participar do segundo volume de Contos Paulistanos, projeto do Instituto Letrófilo em homenagem da Cidade de São Paulo, para o qual colaboram diversos importantes autores.
          Elói Alves


Avran Ascot, Elói Alves e o autor Deobaldo [de verde]
 - encontro literário em São Bernardo do Campo - SP

domingo, 21 de julho de 2019

Prefácio para o livro CORCEL DE NUVENS, de Vanda Félix


Vanda e Carlos Torres, editor

A beleza deste livro faz-se da magia que leva as coisas palpáveis e resistentes ao mundo celeste, a lugares etéreos, cujos sonhos se fazem nas nuvens da esperança. O jogo do tempo e da distância que inquieta os seres humanos desde tempos distantes faz com que tomem consciência de sua condição e limites, finitude e dores; jogo que se constrói, no entanto, num outro mundo: o da mágica poesia de Vanda.
Nela o instante que foge e a brevidade das sensações se transformam, “longamente”, “numa “eternidade de dez segundos”. Sua poesia transpira sensações, leva o leitor a acordar seus sentidos, já adormecidos pelo rápido entardecer, neste tempo que voa. “Sinceridade”, “sorriso largo, doce..., fez(-se) a esperança”. Essa voz esperançosa, o eu-lírico, entrega-se à necessidade de “ser abraçada”, e realiza-o: “abracei longamente”.
Este breve livro, profundo, contudo, lembrou-me o fundamental “Livro dos Abraços”, do sempre saudoso e sempre vivo Eduardo Galeano. Ambos revelam uma necessidade urgente: o abraço sincero entre os humanos, a compreensão, a completude.

Elói Alves, escritor ligado à Editora Essencial, publicou, entre outros, o romance “As pílulas do Santo Cristo”, “O olhar de lanceta” e Histórias do tio pílulas do Santo Cristo, Presta Consultoria Linguística para empresas e escritórios jurídicos. Site: www.escritoreloialves.com.br  

domingo, 14 de julho de 2019

ERVAS DANINHAS - Análise da escritora Elisabeth Lorena

Elisabeth Lorena, escritora, formada pela UFAM

O poema Ervas Daninhas, do escritor Eloi Alves, é um texto rico no que concerne às Figuras de construção, pega por Hiperônimo o tema Riquezas Naturais Agrícola e destrincha passando por diversos hipônimos de forma explícita (Café, flores, sementes, erva) tendo Cana-de-açúcar implícito, mas ricamente presente, fala de chão enquanto pátria que recebe os expatriados mil quando diz: ‘Chão fresco e bom para acolher o mundo’. E termina com uma exclamação que é um pedido de socorro, uma pergunta que não temos resposta nas linhas que o formam: ‘Mas, meu Deus, por que brota tanta erva daninha?’.

O Poema fala das riquezas naturais de nosso país, passando por todas a regiões produtoras de Café, afinal temos os estados de Rondônia, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná como bons exemplos a se considerar quando o assunto é o grão negro, uma de nossas riquezas nacionais. Quando fala do açúcar, que foi a base do enriquecimento da era do engenho e que predominava no Nordeste, hoje é comum em todos os estados da Federação, sendo que em maior escala nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, mas as regiões Sul e Norte são boas produtoras também, estando muito perto da produção nordestina. Já na Produção de Flores vemos despontar Estados que outrora jamais pensávamos fossem investir neste nicho de Mercado, assim, vemos o Acre, Rondônia, Ceará, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Pernambuco, Tocantins e até Alagoas como grandes concorrentes de São Paulo, que ainda mantêm a maior produção.

Quanto o assunto é sementes nosso país todo produz sementes e grãos, de soja ao algodão, do feijão ao milho, do amendoim à azeitonas. Sem distinção de Região. E isto, ainda não estamos falando em produção de Sementes Especiais, que são usadas em Artesanato, aí a região Norte e Nordeste tem uma grande vantagem, por sua riqueza natural... Afinal, a grandiosidade de

nosso Brasil e sua capacidade dimensional todas permitem a diversidade climática e uma riqueza ambiental surpreendente, com isto, temos também mudanças climáticas diversificada, indo do clima equatorial, ao sub-tropical, passando pelo sub-árido e tropical. Só o Brasil para ser esta grandiosidade de beleza, riqueza e território, já que possui 8.547.403 km2 , e, estas variações climáticas se dão também pois o país é traçado pelo Trópico de Capricórnio e pela linha do Equador. E por esta riqueza climática, o Brasil também acolhe filhos de outras terras, de todos os cantos do mundo, temos filhos que se agregam ao nosso país e que são recebidos pelo carinho de nosso povo. Tudo isto se vê no poema Ervas Daninhas, mas o nome, pesado, nos leva para outros horizontes. O negro e longo horizonte da História política de nossa Pátria Mãe gentil tão Distraída, só para citar Chico Buarque, que em um plano geral de escândalos financeiros e morais, envergonham nosso berço esplêndido. A Justiça se permitindo abraçar estes seres e fazer deles seus filhos traídos, como se de fato fossem vítimas da Sociedade, e falando em criminosos políticos ainda! Quando olhamos para os crimes comuns, onde alguns seres que se dizem defensores dos seres humanos, apoiam criminosos contumazes e dão-lhes apoio jurídico, mostrando que os que agem de forma correta podem ser criminalizados, serem acusados de abandono social e omissos, como se de fato fossem. O homem bom não se corrompe, mas ervas daninhas se espalham em todas as camadas da Sociedade e é isto que estamos vendo.

Não adianta vivermos em um país rico, cheio de Leis e de direitos que só podem ser cobrados através de outras Leis, onde a riqueza de uns é adquirida com o sacrifício de muitos outros, onde a segurança de alguns é garantida com a perca de liberdade de outros, onde os bens naturais são monopolizados por alguns em detrimento dos seus semelhantes.

Ao lermos este poema nos deparamos com toda a riqueza de nosso país, mas também somos a.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Projeto Como eu escrevo -entrevista- coordenado por José Nunes


Entrevista de Elói Alves para o projeto "Como eu escrevo" https://comoeuescrevo.com/eloi-alves/


Elói Alves é escritor, poeta e ensaísta, autor de “O olhar de lanceta” e “As pílulas do santo Cristo”.


Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo cedo desde menino, isto é certo; o resto vai do tipo de compromisso. Na escola estudava cedo, ou ia trabalhar cedo, por vezes de madrugada, quando fui cobrador de lotação pelos 12 anos de idade; às 6h. já estava em serviço. Daí para frente raras vezes levantei depois das 8h, o próprio curso na USP, no Butantã era pela manhã. Era preciso sair bem cedo, indo da Zona Leste para a Oeste, isto consumia quase 2h, num dia normal; à noite seria pior, nem sempre há ônibus ou se anda vivo pela madrugada na periferia de São Paulo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Com o tempo isso muda, já escrevi muito pelas madrugadas, mas quando são muitos os compromissos, eles nos moldam; assim, escrevo quando sou invocado pelo ofício; já escrevi de pé, na condução, num pedaço de papel, já cravei na mente algumas anotações ou até textos mais amplos e mais elaborados, por falta de outros meios, correndo, logo que pude, a fixar em matéria mais palpável aquilo que parecia valer o esforço. Quanto ao ritual, move-se meu cérebro pela leitura, da Literatura em sua mais diversa diversidade, da ciência; e move-se pela imaginação, quem sabe tantas vezes perdendo-se trilhos de bêbados; pela observação, tão profícuo e mestra e tão inútil como tantos fazeres dos homens.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como não vivo da minha escrita, somente, mas de alheias, inclusive, revisando-as, orientando-as, peço-lhe sempre que segure a ansiedade e espere por mim, que isso de escrita automática descarrilha vagões. Mas há tempo, há dias, há relógios, há editores, leitores, prazeres e ansiedade…s; de modo que há texto que pede para correr; corre-se com ele ou escapa-se, mirra as pernas ou cai no buraco. Assim faz-me o poema, ou termino-o ou quebra-se-lhe a perna; o conto, o romance, como AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO, …, não me fazem de diferente modo: ou atendo-lhes a pressa ou entrego-lhes ao coveiro. Doutro modo é o ensaio, como um OLHAR DE LANCETA, que pede espaços, respiros, reflexão; assim o artigo, o texto didático com suas tantas peculiaridades espaçosas e mesquinhas riscas a conduzirem o autor…
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não tenho mania de anotar; gosto do que me lembra o Mestre “convive com teus poemas…”; depois disso, dessa estada, separamo-nos; viro amanuense e os personagens, a história seguem o seu caminho.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
“In the long run  we are all dead”, dizia sir Keynes; não porque a morte esteja à porta e espreita, mas outro motivo, que dá no mesmo: para todos, hoje o folego é curto, de modo que grandes projetos exigem parceiros mais jovens, discípulos amados, dispostos a continuar o trabalho que deixamos. É Keynes e é liberalismo. Meus textos são, em geral, curtos; romance, ensaios, contos, crônicas, poemas, artigos; todos meus livros vão cada um pelas suas cem pp.,; na ficção literária a procrastinação é muitas vezes um mal grave; os personagens, largados a um canto, deformam-se e morrem.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Revisar é atividade infindável, mas uma hora dá-se um fim, ou publica-se ou o texto fenece; aliás, há texto que não tem remendo, outros que já nascem querendo ser lido, então dá-se a um leitor, um amigo, um leitor de blog; sempre partilhei e compartilhei leituras, então, no meu caso, sempre houve alguém para ler, o texto contagia muito mais em comunidade, é algo da tradição oral.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Uso os dois, mas ainda uso muito papel, rabiscos, folhas entre livros; neste ponto sou romântico: o rabisco, as marcas, o caminho traçado; a caneta não sumiu, como previam profetas da tecnologia.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Surgem do mundo, dos mundos, do real, da imaginação, do mundo a se fazer, para onde se fugir… do que leio, sonho, detesto, amo, do quero e não quero. A leitura sempre foi um hábito, desde cedo, mas este termo não se lhe encaixa, parece-me; a leitura foi-me companheira, escape, porta, para o real e para o imaginário, que é mais realidade que imaginável.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Tenho textos que publiquei depois de anos, escritos pelos vinte anos; muita coisa muda, o modo de composição, humor, a crítica, suas formas, vocabulário, a relação com leitor, a compreensão dos processos, de si, do mundo, do humano. Não gostaria de voltar, não acho que perdi algo nesse sentido, sempre fui exigente com meu fazer; perdi algo da materialidade, mas as ideias, o que importa comunicar, permanece, com suas transformações que sempre energizam.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Não estão ao meu alcance, “vasto mundo”!; quanto ao livro, um livro parido da dor e da arte e que tivesse veneno e saúde. Sobre projeto, gostaria de fazer algo que valesse alguma coisa, sem projetar nada, que essa coisa de projetista chama muito a ciência e leva a gente para realidade, no fim, já não se sabe mais onde está a arte.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

ENCONTRO COM NOVOS AUTORES


A Livraria Martins Fontes, espaço literário importante na Av. Paulista, em São Paulo, recebeu autores e leitores na última terça feira, 02 de julho; na ocasião em que foi lançado o livro do escritor e jurista Thales Ferri Schoedl, prefaciado por Fernando Capez, sob a revisão do escritor Elói Alves, houve também encontro entre autores da literatura ficcional e de poesia, entre os quais o jovem autor Thiago Martins e a autora Rosângela Aragão de Matos, participante da Antologia CNNP 2018- Concurso Nacional de Novos Poetas.
 No encontro, Flávio Aragão, ao lado de Thiago Martins, Elói Alves e a escritora Vanda Felix, autora da Ed. Essencial, além do Editor Carlos Torres promoveram uma deliciosa conversa sobre literatura. O escritor, jurista Arthur Del Guércio Neto, tabelião e coordenador do blogdodg, também esteve presente.

 O novo livro do Prof. Thales Ferri, Liberdade de imprensa e direitos da personalidade, já está disponível para compra no site da editora www.letrasjuridicas.com.br, ou pedido pelo email: cristiane@ferrischoedl.adv.br

quinta-feira, 27 de junho de 2019

JURISTAS SCHOEDL E CAPEZ FAZEM REFERÊNCIAS AO LIVRO OLHAR DE LANCETA

           
            Em nova obra, que introduz visão inovadora no Direito Constitucional em diálogo com a sociologia, o jurista, professor de Direito Processual e Penal Thales Ferri Schoedl, prefaciado pelo professor de Direito Penal Fernando Capez, faz referências ao livro o Olhar de lanceta, de Elói Alves. Os juristas são autores de obras de referência para o Direito Penal e as citações ao livro de Alves aparecem tanto no prefácio, como ao longo do novo livro, de abordagem interdisciplinar. O lançamento ocorrrerá no dia 2 de julho, às 19h, na Livraria Martins Fontes, na Av. Paulista.

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