Em meu livro, As  pílulas do Santo Cristo, uma pequena parte do centro paulistano, em que se  dá o espaço físico da narrativa, esta situação já havia sido deflagrada,  entreposta às peculiaridades artísticas do gênero do texto. No entanto, esta  profunda “merdização” do espaço paulistano vai-se ampliando indefinidamente,  como se vê - e já se via anteriormente nas proximidades da Luz, e agora, nos bairros da Liberdade,  do Bixiga - pertencente "à chamada Bela Vista" -, da Consolação, já a ponto de infiltrar-se no centro financeiro da  Avenida Paulista, que por sua vez ladeia-se dos poderosos políticos e seus  amigos ricaços dos Jardins, onde a segurança particular é visível pelas cabines  de guardas particulares à beira das ruas, no espaço público.
              Darci Ribeiro achava, empolgado, que o destino do Brasil era tornar-se “uma  grande Roma”. Na verdade, querido autor de “O povo brasileiro”, sempre o fomos;  mas a Roma do império corrupto decadente, no qual os chefes das elites se  matavam a punhaladas traiçoeiras para ocupar o posto máximo do poder,  corrompendo soldados, senadores e entretendo o povo com trigo e os combates dos  gladiadores morrituri, “os que iam para a morte”, sob aplausos dos  frequentadores do Coliseu .
              Mas jamais seremos – digo como observador de nossas instituições e de toda a escatologia mais fétida do quotidiano – a Roma da  República alicerçada no direito, em que se fundamentou o sistema jurídico ocidental posterior, e à qual prestavam conta os generais como cidadãos  sem armas e deixando suas legiões fora da cidade, antes de adentrá-la; tampouco,  o império para o qual todo o mundo pagou tributo.
        Na  realidade o que há, evidente por nossos heranças históricas, pelo espírito nada  voltado a superação de nossas limitações arraigadas no âmago, pelo menos em  parte, de nossa cultura, de nossa sociedade, pela deficiência de nossas  organização estatal e de nossa cultura política de vantagens pessoais e  partidárias, do apego mesquinho ao poder, do desprezo absoluto às leis confiante no dinheiro e na jurisprudência dos criminalistas, o que se mostra evidente é uma  romização (no sentido de sua etapa última) no desaparecimento inevitável de suas  rudimentares e frágeis estruturas e, enfim, o estabelecimento crescente da selva na cidade.
Elói  Alves 
(* Repostei este texto com uma mudança para torná-lo mais claro, publicando os gentis comentários anteriores .)
Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de Eloi Alves:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
Adquirir o livro:http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html
Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de Eloi Alves:
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Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
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