sábado, 13 de fevereiro de 2010

A SOBRIEDADE DA EMBRIAGUEZ E A RAZÃO NA LOUCURA

É sabido que já se foi longe e ao fundo, sob todos os aspectos, no sentido de apontar os males de todas as loucuras, de todos os vícios, de toda embriaguez irrefletida e o excesso de zelo a Baco. Já se tem cantado e decantado todas as loucuras dos fanatismos políticos, do ufanismo egoísta e inconseqüente, do fundamentalismo cultural e religioso, do absolutismo teológico e doutrinário, da burocracia da corrupção do Estado e do sectarismo partidário e político, da confiança no capital, no cientificismo e no academicismo. Desde os filósofos mais antigos, antes mesmo dos peripatéticos, desde os oradores romanos, desde a escolástica, se tem condenado os excessos e a ausência de humanidade no homem, bem como, na era cristã, a distância do “Cristo histórico”, ou da humanidade do homem.
Mas se tem, no entanto, esquecido, a função humana e social de toda embriaguez, mesmo sua flagrante razão e, (por que não?,) sua sobriedade. Explicarei isso com a narração de um fato:
Certa feita, durante um dos mais rigorosos invernos que já viu a nossa importante Moscou, em pleno stalinismo, bebiam juntos, já a altas horas da noite, três colegas de copo, ou de garrafa, que apreciavam sempre uma boa vodika. Tendo sido, devido à hora, expulsos da venda pelo vendedor, colocaram-se trambos_desculpe o português na tradução_ trambos os três em marcha ébria para casa. Viram-se de repente frente a uma casinha já quase coberta pela neve e resolveram apertar a campanhia. Nada demorou e veio ao exterior da casa uma senhora entrada nos quarenta, danada nos nervos e já furibunda, falando aos berros:
___Sem vergonha, além do adiantado da hora, chega bêbado e acompanhado. Aposto que vem também sem dinheiro. Hoje...
Antes de mais nada, um dos bêbados, certamente o mais lúcido, cheio de filosofia de garrafa, no auge de toda e calculável razão que pode ajuntar ali, naquele instante decisivo para sociedade stalinista, num passo estratégico e militar, pôs-se adiante, interrompendo e fazendo calar, num instante, sua oponente com as seguintes palavras:
___ Que diabos, minha senhora, fala logo qual dos três é seu marido, que os outros dois querem ir embora.
Com o alento da existência dessa “verdade histórica”, talvez encontre-se também alguma razão ou sobriedade em meio à loucura e à embriaguez do mundo contemporâneo, que na verdade é a loucura do homem.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Amabilidade

A amabilidade é uma propriedade aberta. Mesmo em casos de especificidade ela não pode ser fechada. Ela varia, permita-se comparar, com os indíces estatísticos, em rolagem acima ou abaixo. No seu caso, o específico se vê na unilateralidade da curva sempre ascendente, isto é, no seu jeito peculiar de ser sempre, e cada vez, mais amável; mais amável que o instante doce de há pouco atrás, querida e linda.

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