Era
domingo. Dona Prudência, pela primeira vez desde que se casara,
tinha caído doente e, muito contrariada, se sujeitou às
ordens do médico, que lhe receitara repouso absoluto e
algumas pílulas amargas, que ela tomava com café e o
dobro de açúcar.
Gerbúlio,
solícito em tudo, deixou a missa e o costumeiro passeio na
feira para substituir a mulher nas tarefas de casa. Mandou que o
menino brincasse no quintal, à frente da porta, e principiou o
serviço com uma varredura geral. Depois passou ao fogão,
de onde, deixando o feijão no fogo alto, correu ao tanque,
ensaboando e esfregando as roupas que a mulher separara na véspera.
Depois
de verificar onde Gerbulinho brincava, saiu em vistoria pela casa à
cata de outras roupas sujas. À porta do banheiro, passou a mão
numa toalha molhada e perguntou à mulher, parando na entrada
do quarto:
-Oh,
meu bem, não tem por aí mais alguma roupa precisando
lavar, só encontrei aqui esta toalha?
-Ora!-
disse de dentro a mulher- têm esses panos de bunda aí do
teu filho no cesto. Tu não tem nariz, não, homem?
Jão Gerbulius Sobrinho
Lançamento do livro Contos humanos, de Elói Alves (imagens)