sexta-feira, 26 de julho de 2013

TIO GERBÚLIO, CORONEL TEOFOLDO E A MULTIPLICAÇÃO DA CACHAÇA

      Coronel Teofoldo mandara recado para que tio Gerbúlio fosse ter com ele na fazenda o mais rápido que pudesse para tratar de negócios. Chegando lá, o coronel o cumprimentou expansivo, descendo do belo burro Panglós que era seu predileto e ao ouvido do qual filosofava em suas voltas por suas terras.
     -Agora que temos boas estradas na fazenda, estou a ampliar os negócios, compadre Gerbúlio – disse Teofoldo, apertando bastante as mãos do tio. Quero lhe fornecer umas cachaças que tenho feito cá e das boas.
    Entraram ambos na cachaçaria feita de tábuas de peroba. No alto havia muitas garrafas dispostas em prateleiras. No chão, avizinhavam-se diversos barris de madeira.
     -É tudo feito aqui, compadre Gerbúlio, mas diversificado para cada canto que mando. Para os bares da redondeza, tenho umas mais fracas, feito com quantidade a mais de água. As que mando para o governador é dessa do barril de carvalho. Vou lhe mandar das mais baratas para vender no bar.
    No dia da entrega havia chovido muito e, ao invés da cachaça, Gerbúlio recebeu um bilhete do coronel avisando do acidente com a carga. Nas margens do rio onde começava a vila, o burro que trazia a cachaça emperrou e, com um tranco que deu, mandou a remessa toda para o meio das águas que vinham altas e furibundas.
      Gerbúlio, lendo o bilhete na porta do bar e olhando o tempo, o vai e vem das nuvens, concluiu indiferente:
       -Bem, água deu, água levou.
Jão Gerbulius Sobrinho

Leia o prefácio do romance "As pílulas do Santo Cristo" de Elói Alves

Primeito capítulo:

Segundo Capítulo:

quinta-feira, 25 de julho de 2013

TIO GERBÚLIO COM SUA SANTIDADE E OS POLÍTICOS

      No domingo de ramos, perto do final da missa, entraram na igreja o governador e o prefeito, que iam à inauguração de umas estradas na fazenda do coronel Teofoldo. Mesmo ficando pouco, foi o suficiente para os jornais destacarem a religiosidade dos políticos, fotografados ao lado do santo padre Gelfrido.
       No dia seguinte pela manhã, um gaiato que sugava lentamente sua caninha ao pé do balcão, apontou para uma foto no jornal que tio Gerbúlio lia e observou, cutucando um colega de copo:
    -Veja se a peruca do governador não está mal colocada, mostrando as entradinhas de sua careca?
      -É, e o prefeito tem acara mais chupada depois que a mulher largou dele- respondeu o outro. Quem sabe ao lado da santidade de padre Gelfrido eles não se emendam um pouco, não é Gerbúlio?
      Tio Gerbúlio nada respondeu, continuando a olhar fixamente para a foto do vigário, que ia no meio dos dois políticos. Imaginava a história dos dois burros, que ouvira do próprio padre, que postos juntos no posto de serviço, mas que tinham disposição opostas no gosto pelo trabalho. Depois de uma semana, o que trabalhava, ao invés de influenciar o burro preguiçoso, passou a vagabundear como o outro.
    No fim da tarde, tio Gerbúlio foi ter com o padre e lhe perguntou se a parábola dos burros se aplicava na amizade com os políticos . O padre sorriu da malícia do tio, mas advertiu que a igreja tinha as portas abertas a todo pecador e que Jesus também estivera com Zaqueu, o cobrador de imposto,  que foi convertido, prometendo devolver três vezes mais o que ele tivesse roubado de alguém.
     Tio Gerbúlio despediu-se do padre e foi para casa se perguntando de onde é que cobrador de impostos, agora que era justo, tiraria tanto dinheiro a mais para devolver ao pobre do espoliado.
Jão Gerbulius Sobrinho
LULA APARECE APÓS PROTESTOS, MAS SÓ PARA ESTRANGEIROS


LANÇADA SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A POBREZA PAPAL - Perguntero

      "Não tenho ouro nem prata". Esta foi a afirmação inicial do papa Francisco I, ao chegar ao Brasil, em seu discurso em que buscou todo o tempo criar uma imagem de simpatia no país e fortalecer a relação da igreja com os jovens.
      A frase citada é muito antiga e atribuída a Pedro, um dos pescadores que seguiam a Jesus. Segundo o novo testamente, ela foi dita a um homem que não andava e pedia esmolas à porta do templo em Jerusalém. Pedro, negando-se a dar dinheiro ao pedinte por não tê-lo, fez, no entanto, com que esse andasse.
     A dúvida quanto à apropriação pelo papa da célebre frase é a seguinte: é o pobre cardeal argentino que não tem a referida riqueza ou o "bispo de Roma", comandante de todo o império que lhe cabe numa parte da Itália e que se espalha pelo mundo? Há ainda uma questão de linguagem: não ter o ouro nem prata seria não tê-los disponíveis ou significaria o desapego à riqueza desse mundo? 
      Ser for caso de restrição financeira, teria a riqueza papal sido corroída pela crise econômica do continente onde está seu Estado ou seria a noticiada corrupção que afetou o seu banco no Vaticano?
Zé Nefasto Perguntero

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