Coronel
Teofoldo mandara recado para que tio Gerbúlio fosse ter com
ele na fazenda o mais rápido que pudesse para tratar de
negócios. Chegando lá, o coronel o cumprimentou
expansivo, descendo do belo burro Panglós que era seu
predileto e ao ouvido do qual filosofava em suas voltas por suas
terras.
-Agora
que temos boas estradas na fazenda, estou a ampliar os negócios,
compadre Gerbúlio – disse Teofoldo, apertando bastante as
mãos do tio. Quero lhe fornecer umas cachaças
que tenho feito cá e das boas.
Entraram
ambos na cachaçaria feita de tábuas de peroba. No alto
havia muitas garrafas dispostas em prateleiras. No chão,
avizinhavam-se diversos barris de madeira.
-É
tudo feito aqui, compadre Gerbúlio, mas diversificado para
cada canto que mando. Para os bares da redondeza, tenho umas mais
fracas, feito com quantidade a mais de água. As que mando para
o governador é dessa do barril de carvalho. Vou lhe mandar das
mais baratas para vender no bar.
No
dia da entrega havia chovido muito e, ao invés da cachaça,
Gerbúlio recebeu um bilhete do coronel avisando do acidente
com a carga. Nas margens do rio onde começava a vila, o burro
que trazia a cachaça emperrou e, com um tranco que deu, mandou
a remessa toda para o meio das águas que vinham altas e
furibundas.
Gerbúlio,
lendo o bilhete na porta do bar e olhando o tempo, o vai e vem das
nuvens, concluiu indiferente:
-Bem,
água deu, água levou.
Jão Gerbulius Sobrinho
Leia o prefácio do romance "As pílulas do Santo Cristo" de Elói Alves
Primeito capítulo:
Segundo Capítulo: