sábado, 26 de outubro de 2013

O MINISTÉRIO DA SUPREMA FELICIDADE- Perguntero




   Escrevi por ai abaixo, em uma destas minhas colunas perguntadoras, que os políticos não morriam, encarnavam, antes, em seus afilhados. E veja que o enviado do defunto Chávez,  Nicolás Maduro, ainda que verde como presidente da Venezuela, surge agora com essa: criou o “vice ministério da suprema felicidade”, cuja função é cuidar dos sem-teto, dos desvalidos, dos idosos e das crianças. Não é magnífico um ministério de tamanho alcance, de tamanha pujança, um departamento político da suprema felicidade? Não será que esse país andino se tornará agora o destino de toda alma sensível e esperançosa?
     Apesar de ter sido eleito num pleito apertadíssimo e até questionado na justiça, que promoveu recontagem de votos, Maduro já tinha me encantado antes. Esse meu encantamento por ele se deu quando disse em comício ter se comunicado com o “comandante” Chaves através de uma passarinho. “O passarinho assobiou para mim- disse ele, eu assobiei para ele e vi que era o espírito do comandante”. Não digo que Chávez não possa aparecer de algum modo; a mim me parece que ele está todo aí, na pobre Venezuela de rico petróleo; está aí na figura de seu sucessor, não acham? Ou acham que Chávez não teria capacidade de criar um setor administrativo e burocrático com poder de propiciar a suprema felicidade?
      Sabe-se que a questão da felicidade da pessoa humana é algo complexo, sobretudo hoje em dia, quando suas carências são sucessivas e suas demandas contínuas, e uma suprema felicidade parece mais algo superior ao poder do Estado e de sua política que promove continuamente a infelicidade da pessoa humana por variados meios; no entanto, tudo agora será diferente.
    Essa criação canetiva da suprema felicidade me lembrou imediatamente de um filhote de deus, que, havendo iniciado há pouco no governo, dizia já ter feito mais que qualquer outro em toda a história de seu país e que, no fim, acabou com o seu governo atolado na infelicidade da sujeira da corrupção, igual ou até pior a tantos outros contra os quais roucamente havia gritado até a hora em que chegou ao poder. Mas vamos ao país da suprema felicidade, ou não vamos?
Zé Nefasto Perguntero


contos humanos
próximo livro do autor será lançado em novembro


Leia o prefácio do livro Contos humanos, escrito por Jácomo Facio Neto: 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PREFÁCIO DO LIVRO CONTOS HUMANOS

Trago uma especial alegria e o privilégio de ter, para o livro Contos Humanos, o prefácio de Jácomo Facio Neto. O livro terá ainda um posfácio, do escritor Edu Moreira



Prefácio:
      Humanos ou humanoides; como me sinto, mais para a direita, mais para a esquerda ou mureiro.
      Em uma passada pelo mundo literário, feito pelo autor, temos outros escritores, vários, e seus personagens em diferentes épocas e tempos, como testemunhas de um mundo que mudou, se globalizou e banalizou as relações humanas, criando maior distanciamento entre as pessoas; e a troca, o aperto de mão, como ficam as relações: fiapos, desconfianças ou deixa pra lá. Outras palavras; fazendo o ter mais valorizado que o ser.
     O autor escreve, cria e retrata, como pode ser lido na obra do Elói, verdades, mentiras, suposições, imaginações, absurdos que acontecem na realidade e acabam sendo confundidos com a ficção; realidade ou ficção, ficção ou verdade. Será que a voz do povo é a voz de Deus, quando jogam-se nos ombros de uma mulher viúva pestes e loucura?
       Roda ou gira o mundo, feito pião, nem tudo que ocorre no hemisfério norte é pecado no sul. Mas a sujeira é a mesma; fede lá, fede cá; fé de mais fé de menos, perfume é o remendão em várias sociedades.
      Nem tudo que acontece em Brasília é pecado, pois um coral de anjos canta em harmonia, fechando os olhos e sacudindo as penas ( balançando os ombros).
       -Povo, eu sou da comunidade, até ser eleito, depois sou elite, saindo do Bexiga, atravessando a Paulista e me fixando nos Jardins; brava gente brasileira.
  As verdades do Elói aqui contidas na forma de personagens, todos com a mesma importância, chegam a fazer rir muito, chorar também, e em determinados pontos ou capítulos nos confundimos como bêbados ou equilibristas, achando que o lido foi escrito e sempre pensado por nós leitores.
    Nem ele escapou; Macunaíma herói brasileiro, assim como outros personagens locais, regionais e universais são Luzivanios e Luzivanias, Clarianos ou Clarianas que clareiam nossas mentes para os jogos, sejam de poder ou de copas, que camuflam ou tentam fazê-lo com a realidade.
      Mostrando com seus personagens, suas vidas e ações o dia a dia de muitos de nós; espelhos do cotidiano; espelho de várias cidades, vilas ou guetos.
     Que valor seria dado a vida pois até um personagem, pra quem mora em São Paulo é muito real, vive nas ruas fazendo parte das franjas da sociedade, sujo, pouco falando o português compreensivo, ou inglês, mas também sujo andado de bicicletas, malandros. Comida até podem ganhar e manterem-se, mas existe o “dindin” para boas goladas de aguardente. Para quem doa é mais fácil dar de beber um convite e um tapinha nas costas.
   Elói não fica a beira ou margem do caminho jogando pedras ao além. As pedras são usadas para construir um texto forte onde a realidade aparece como ficção.
Seja em nome de bairro, rua ou mesmo referindo-se a fé, nos fica evidente a religiosidade do autor.
                                        Jacomo Facio Neto

Professor de matemática, ciências e biologia, pedagogo, Diretor de Escola Municipal em São Paulo, cronista e admirador do autor como pessoa e suas obras e lisonjeado pelo convite do amigo e irmão para escrever o presente Prefácio.


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