A rua do bar
tinha passado à rua de lazer e esportes nos feriados; nesses dias, muitas
pessoas vinham de lugares vizinhos caminhar e passear. Numa manhã, dois rapazes
incomuns por ali pararam no bar para tomar água. Vinham, pelo aspecto, já de
uma boa caminhada. Um deles, que parecia o mais jovem, perguntou ao
companheiro, olhando para rua:
-
Que têm essas pessoas que andam com pescoço duro e olhando para cima?
-
Nada.- disse o outro- Apenas andam olhando para o céu.
-
Só? - Retornou ainda inconformado.
-
Sim- continuou o que respondia- e também, às vezes, esquecem de olhar onde
pisam.
Os
dois rapazes, que saíram logo, não iam longe quando, à porta do bar, um homem
que puxava um cachorro pela corrente, escorregou numa casca de banana,
esparramando-se pelo chão. O cachorro, que escapara com a corrente, solta pelo
dono na hora da queda, ao invés de gozar a liberdade agora adquirida, correu a
lamber o sangue que escorria dos braços do homem, ralados pelo asfalto.
Do
fundo do bar, um freguês que bebia atrás de umas caixas de bebida e cuja
caninha parece ter-lhe afinado mais alguns dos sentidos, disse, devolvendo com
força o copo vazio à mesa:
-
Que língua!
Tio Gerbúlio: Outras histórias
Elói Alves