quarta-feira, 13 de julho de 2011

TIO GERBÚLIO, O PRIMO LEZÉ E O PADRE GELFRIDO


     Tio Gerbúlio tinha memória alada. Quando estava só a um canto, dava asas à lembrança de algum ocorrido antigo; geralmente notório ou ao menos jocoso. Nesses momentos, parecia não estar ali, mas logo soltava um gargalhada, que era uma confissão da lembrança.
Certa tarde, depois das gargalhadas solitárias, lembrou a seguinte história:
Era São João e padre Gelfrido andava a coçar a cabeça com o atraso da reforma na igreja.
    -Desse jeito não sai quermesse, Gerbúlio, disse o padre à porta do bar.
Depois, distribuiu os doces e as bênçãos aos pequenos que brincavam na rua e tornou à conversa.
    -Amanhã às seis. Leve os homens. Não perderão com Deus e ganharão comigo.
No outro dia cedo, Gerbúlio passou chamando os amigos que tinham prometido ajuda. Eram seis. Três vizinhos do bar, homens já experimentados em serviço pesado e dois sobrinhos de corpo franzino. Mas um dos sobrinhos, o Lezé, quando dizia que já ia, podia-se esperar por ele mais algumas horas. Mas nesse dia ninguém o esperou.
     Padre Gelfrido estava contente com a disposição e ia abençoando os homens de boa vontade. Mandou que viessem logo o café e o lanche, porque eram todos filhos de Deus. Mas, sem que o padre soubesse, eles iam tomando a cachaça do tio Gerbúlio, que sabia melhor que o eclesiástico como despertar a força naqueles homens.
     Às dez horas, quando os trabalhos já iam longe, apareceu enfim o sobrinho retardatário.
     -Chega a propósito para a feijoada, Lezé, disse o tio passando-lhe uma lata cheia de concreto.
Depois, virando-se para padre Gelfrido, emendou:
     -Esse, meu sobrinho, padre, descansa seis dias e trabalha no sétimo. É um pagão.
Padre Gelfrido riu-se da analogia da criação do mundo e foi ver quem o chamava de dentro da igreja. Quando o sino deu meio dia, o padre veio convocar para o almoço das santas mulheres de nossa capela. Tinham feito de tudo pela santa causa e pela disposição dos bons homens. O padre ordenou que se servissem à vontade. Tio Gerbúlio, chamado primeiro, usou de cautela. Depois vieram os outros. Lezé rejeitou o prato de louça, de fundo raso, e foi servir-se numa tijela de alumínio; depois foi comer na tranquilidade da sombra de uma coluna antiga. Mas reapareceu logo com a tigela vazia, dizendo:
     -Experimentei um pouco, padre Gelfrido, está uma bênção!
     -Está um regalo, realmente, respondeu o padre. Prove de tudo. O quanto puder, meu filho!
Jão Gerbulius Sobrinho
 
Outras histórias do Tio Gerbúlio
 
http://realcomarte.blogspot.com.br/2011/11/tio-gerbulio-e-o-doutor-armando.html
 

terça-feira, 12 de julho de 2011

GOVERNO CULPA IGNORÂNCIA DO MERCADO POR FRACASSO DO TREM BALA


No episódio da licitação do trem bala, onde ninguém apareceu para apresentar proposta, agentes do governo disseram pela imprensa que “o mercado não entendeu a proposta do governo”. A verdade é que este projeto nunca foi levado a sério por ninguém, nem o governo sabe bem como será isso. O projeto está entre aquelas maravilhas do PAC, filho de Dilma, segundo Lula, no projeto de sua sucessão. E olha lá, quando nem as empreiteiras, que são doadoras para campanhas políticas querem se envolver, eu também não sei! Interessante esta questão da ignorância dos outros, não? Quando o governo Lula perdeu para a população no referendo do desarmamento, com quase 80% no sul e 68% no centro-este, os governistas, que tinham investido pesado em propaganda, disseram também que a população não tinha entendido o projeto. Ora, entendidos são eles, não? Pois bem. Mas e nos casos de corrupção, onde eles não sabem nada? Agora mesmo, na pasta do transportes, o ministro nem ninguém sabia de nada. Todo mundo caiu. Primeiro os assessores do ministro, que são do PR como seu chefe, depois o próprio ministro; mas, ainda demitidos, não sabem de nada. Bom, tudo bem! Tiririca também não sabia de nada a respeito do cargo para o qual se candidatava e foi eleito, muito bem votado, no mesmo PR. No novo caso de denúncias da Petrobras, ninguém também sabe de nada. Quando se perguntava a Lula sobres os vários tipos de corrupção no governo do PT, ele dizia que não sabia de nada. Que não tinha lido os jornais, que tinha sido traído. Agora, se foi traído, quem o traiu? Será que nem mesmo os traidores do eleitor sabem quem são eles mesmos? Opa! Será que teremos que pagar agora para contratar Os Caça-Fantasmas? Deixa lá, que é capaz de alguém gostar da ideia.
Zé Nefasto Perguntero

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O SANTINHO DO CAPETA CANDIDATO


Uma coisa que nunca entendi, em política, é o porquê daquelas propagandas pequenas de candidato, que vêm com a foto, ter o nome de santinho. Uma vez fiquei olhando bem para uma e perguntado: Santinho? Santinho? Será mesmo? E se o diabo for candidato? Espera aí, é apenas uma suposição. Suposição atrasada, caso já tenha sido, e alguém conhecido seu já tenha votado nele. Aí o diabo candidato terá também o seu santinho? Sim, claro! Já pensou, você na rua, caminhando tranquilo, de mente pura, despreocupado, e de repente a sua frente está o assessor do diabo, pedindo votos.
___Pega aí, você! Um santinho, é do capeta! Boa gente, viu! Da a ele o seu voto de confiança!
De confiança? O que você faria se te dessem, na rua, o santinho do capeta, candidato? Ou será que o capeta já estaria eleito?
Zé Nefasto Perguntero

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