Os
apologistas da iniciativa privada me desculpem, mas os resultados
desta nem sempre nos satisfazem, ou ao menos nos aliviam a nossa
vida, quando não nos esgotam totalmente ao fim de um esforço
e, revoltados, ficamos com o humor ressecado.
Primeiramente
foi a janela de alumínio preto: medida, comprada, paga e,
depois de um mês, não a tendo ainda recebido, informaram-me
que estava agora sendo pintada. Pela demora, imaginei que seria
extraída de alguma prospecção em minas nos confins do norte da Escandinava.
Depois,
uma porta de madeira, igualmente comprada e paga com antecedência.
Uma semana para montar e entregar, mas na data: nada. Chegou, finalmente, depois de
alguns telefonemas e mais quinze dias.
Olho-a
e estranho o desenho na madeira entre os batentes. Os entregadores,
da portaria do prédio, desapareceram rapidamente. O Márcio,
depois que subimos pelo elevador de serviço, pergunta-me de
novo sobre o lado para o qual abriria. Confirmo: “o direito”. Ele
olha o lado do desenho, passa a mão sobre a porta e diz:
-Está
montada do lado errado.
Ligo
imediatamente para a loja. É sábado, o relógio
marca uma hora da tarde; na loja me informam que o problema é
com outro departamento. Faço a chamada, a pessoa que
resolveria o problema já se foi.
-Ligue
na segunda feira. Bom fim de semana!
Os
entusiastas do mercado livre e da economia liberal não se
cansam de apregoar que o Estado não deve intervir e a economia
deve-se auto-regular, seguindo unilateralmente a lei da oferta e da
procura.
Huerta
de Soto, um economista muito badalado na atualidade, ocupou horas e
horas da televisão espanhola afirmando apaixonadamente que a
intervenção do Estado era sempre prejudicial à
economia e que o “mercado possui seus próprios mecanismos
que detectam seus erros durante o período de crise e os
saneia na etapa imediata”. Que “as quebras e o fechamento de
vagas de emprego são já um sinal da recuperação”.
No entanto, na própria Espanha, com o dia-a-dia desmentindo a teoria, a crise prolonga-se
indefinidamente e os empresários e banqueiros socorreram-se
com recursos públicos pedidos ao governo e o Estado, para
evitar maiores danos, tratou de impor medidas restritivas, controles
ficais entre outras medidas.
Os
desajustes da economia, a questão dos ciclos econômicos
não está na intervenção do Estado, mas
passa pelo modo como o seus agentes atuam. O controle e a
fiscalização dos abusos do setor privado pelo poder
público são indispensáveis e o problema está,
entre outros, na “venda de facilidades”, na facilitação
ilegal, na corrupção que favorece o funcionamento de
empresas ineficientes e irresponsáveis.
A
coisa privada funcionando sem olhares vigilantes e atentos, que a
fiscalizem seriamente e inibam seus abusos, começa a exalar
odores que são, realmente, difíceis de se respirar.
Elói Alves
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
Adquirir o livro:http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html
Leia o primeiro capítulo
de As
pílulas do Santo Cristo romance de Eloi
Alves:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.htmlAbaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
Adquirir o livro:http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html