Um óbvio estranhamento renasce agora na conduta do governo brasileiro na
política internacional, como se sabe a questão se dá
entorno das revelações da espionagem dos Estados Unidos
sobre, primeiramente, seus próprios cidadãos, reveladas
pelo ex-agente da CIA Eduard Snowden, e, depois, sobre países
aliados da União Europeia, surgindo agora nesta lista também
o Brasil.
Questão
fundamental é a maneira como governo brasileiro vem manejando o
problema, rejeitando a, pelo menos, se pronunciar ao pedido de exílio
feito por Snowden, que fugiu de seu país para China e depois
para Rússia e resolveu condenar, posteriormente, a ação
de países europeus que fecharam seu espaço aéreo à
passagem do avião do presidente da Bolívia que partira
de Moscou, por alegação de que Snowden estaria no voo.
O
caso surge no exato momento em que a justiça brasileira, pelo
CNJ, condena o Cezare Battisti por fraudar documentos para entrar no
Brasil. Battisti recebeu o exílio do ex-presidente Lula, em
seu último dia de governo, deixando para sua sucessora uma briga diplomática
com a Itália que exige o retorno de Battisit para que este
cumpra as penas às quais fora condenado em seu país por
assassinatos e outros crimes comuns.
O
governo de Lula preferiu dar tratamento de criminoso político a um
condenado por crimes comuns, que agora recebe condenação
também por aqui. Também a mídia nacional deu
valor diferente ao caso. Enquanto o Grupo Bandeirantes cobrou o
governo por dar tratamento especial a um “assassino condenado por
terrorismo”, a rede globo o chamou - e o chama ainda - de “ativista
político”, como se se tratasse de alguém que luta por
causas cívicas, ecológicas, sociais ou fosse condenado por emitir opinião.
No mesmo sentido vai também a posição de jornalistas dessa emissora, como Willian Waak, que disse ontem na mesa que mediava na
Flip: “as manifestações populares sem temas claros
pode levar o país a retrocessos”. A fala conservadora, que
demonstra a vontade de manter as coisas como estão, no cômodo
status quo para elite midiática e poderosos da política
e da economia, denuncia-se por si mesma como contrária ao interesse da sociedade e da própria viabilidade do país que pende, torto, na sua ampla desigualdade sócio-econômica e em sua morosidade sistêmica.
Além dos problemas internos que afetam a imagem do país no plano externo, essas medidas ou a falta delas - em casos como do complicado silêncio referente a Snowden - o governo atua contra os próprios interesses que tem buscado ao longo dos últimos anos no plano da política internacional, com os quais pretente assumir uma influência maior nos organismos multilaterais e obter sua cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Além dos problemas internos que afetam a imagem do país no plano externo, essas medidas ou a falta delas - em casos como do complicado silêncio referente a Snowden - o governo atua contra os próprios interesses que tem buscado ao longo dos últimos anos no plano da política internacional, com os quais pretente assumir uma influência maior nos organismos multilaterais e obter sua cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Elói Alves
Lançada a segunda edição As pílulas do Santo Cristo, de Elói Alves
Leia o prefácio do romance "As pílulas do Santo Cristo" de Elói Alves
Primeito capítulo:
Segundo Capítulo: