domingo, 7 de julho de 2013

SNOWDEN E BATTISTI: DOIS CASOS E DUAS INJUSTIÇAS DO PAÍS

     Um óbvio estranhamento renasce agora na conduta do governo brasileiro na política internacional, como se sabe a questão se dá entorno das revelações da espionagem dos Estados Unidos sobre, primeiramente, seus próprios cidadãos, reveladas pelo ex-agente da CIA Eduard Snowden, e, depois, sobre países aliados da União Europeia, surgindo agora nesta lista também o Brasil.
    Questão fundamental é a maneira como governo brasileiro vem manejando o problema, rejeitando a, pelo menos, se pronunciar ao pedido de exílio feito por Snowden, que fugiu de seu país para China e depois para Rússia e resolveu condenar, posteriormente, a ação de países europeus que fecharam seu espaço aéreo à passagem do avião do presidente da Bolívia que partira de Moscou, por alegação de que Snowden estaria no voo.
    O caso surge no exato momento em que a justiça brasileira, pelo CNJ, condena o Cezare Battisti por fraudar documentos para entrar no Brasil. Battisti recebeu o exílio do ex-presidente Lula, em seu último dia de governo, deixando para sua sucessora uma briga diplomática com a Itália que exige o retorno de Battisit para que este cumpra as penas às quais fora condenado em seu país por assassinatos e outros crimes comuns.

      O governo de Lula preferiu dar tratamento de criminoso político a um condenado por crimes comuns, que agora recebe condenação também por aqui. Também a mídia nacional deu valor diferente ao caso. Enquanto o Grupo Bandeirantes cobrou o governo por dar tratamento especial a um “assassino condenado por terrorismo”, a rede globo o chamou - e o chama ainda - de “ativista político”, como se se tratasse de alguém que luta por causas cívicas, ecológicas, sociais ou fosse condenado por emitir opinião.
     No mesmo sentido vai também a posição de jornalistas dessa emissora, como Willian Waak, que disse ontem na mesa que mediava na Flip: “as manifestações populares sem temas claros pode levar o país a retrocessos”. A fala conservadora, que demonstra a vontade de manter as coisas como estão, no cômodo status quo para elite midiática e poderosos da política e da economia, denuncia-se por si mesma como contrária ao interesse da sociedade e da própria viabilidade do país que pende, torto, na sua ampla desigualdade sócio-econômica e em sua morosidade sistêmica.
         Além dos problemas internos que afetam a imagem do país no plano externo, essas medidas ou a falta delas - em casos como do complicado silêncio referente a Snowden - o governo atua contra os próprios interesses que tem buscado ao longo dos últimos anos no plano da política internacional, com os quais pretente assumir uma influência maior nos organismos multilaterais e obter sua cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Elói Alves

Lançada a segunda edição As pílulas do Santo Cristo, de Elói Alves

O debate com suas excelências - sátira histórico-política

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