sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

SOBRE 'O DIÁRIO DO GATO TOM', DE CARLOS TORRES


 Ilustração de Yanna Líllian

 

Pôs em mim dois olhos de gato que observa

Machado De Assis

 

Quando recebi a notícia da publicação de “O DIÁRIO DA GATO TOM, de Carlos Torres, fiquei feliz como um paciente que recebe do médico as boas novas para sua saúde.

Embora se tratasse de um livro infantil, que, por natureza, diferiria de suas crônicas ou contos para leitores maduros que eu já conhecia, a perspicácia do gato como narrador-personagem me encantou logo. Assim que o li, as impressões se confirmaram.

Mas não é de técnica narrativa que se trata, simplesmente - digo eu, e acho que com acerto. A relação afetuosa e fraternal entre Carlos e Tom é peculiar da pessoa humana e do profissional, editor e diretor cultural, do ser sensível que não metamorfoseia sentimentos e posturas diante do mundo, da pessoa analítica e meiga ao mesmo tempo. Como o gato, carinhoso e perscrutador, personagem do livro.

Há algo de alter ego, de quem vê no outro - e no próprio gato -, empaticamente, a semelhança que temos perdido uns dos outros; semelhança que um dia se disse de Deus. No Gato Tom, Carlos olha pela janela do mundo e encontra um espelho, onde enxerga o desejo humano de ser, a esperança de andar até alcançar e de se erguer diante dos desafios e realizar(-se): de escrever o seu diário.

O livro, publicado pela Editora Essencial, tem ainda belas ilustrações de Yanna Líllian, com posfácil de Vanda Felix.

Elói Alves

 

 

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