O Brasil é o país do engano.
Tem, historicamente, uma economia que sempre gerou muito dinheiro com exportação
primária, desde o açúcar e o café, e, ao mesmo tempo, um dos mais vergonhosos
níveis de baixo desenvolvimento humano; com constante guerra civil entre
bandidos no Rio e na periferia de grandes cidades, traficantes e polícia, problema
ignorado propositadamente pelo Estado, enorme estatística de assassinatos,
ridícula qualidade dos serviços públicos, incluindo aí a qualidade da educação
da creche ao superior, o subemprego mascarado, os desmandos na saúde pública e
até mesmo nos planos privados; com verbas não devolvidas da enorme taxa de
impostos, das mais elevadas do mundo; da corrupção que sempre se amplia, das
Instituições da Justiça dominadas por nomeados que protegem os políticos
corruptos, e da incapacidade do povo de alçar-se à consciência política,
incluindo a religião partidária fanatizada e, portanto, cega.
O Brasil permanece, assim, o país do engano. Um país rico,
mas absolutamente falido no que toca ao desenvolvimento amplo de seu povo, um
povo que gatinha, dominado pelas práticas mais vergonhosas, minúsculas no
sentido de uma consciência de seu próprio destino. Um povo incapaz de se fazer
autonomamente.
Elói Alves