segunda-feira, 18 de agosto de 2014

POSFÁCIO DO LIVRO 'SOB UM CÉU CINZENTO', de Elói Alves

Trecho do posfácio de Romy Shinzare para Sob um céu cinzento,  lançado na 23ª Bienal do Livro, no Anhembi, São Paulo.


Posfácio por Romy Shinzare
      Sob um Céu cinzentoé um sólido conjunto de poemas que invadem a alma humana e dilaceram qualquer possibilidade de uma postura ingênua diante da vida moderna.
      Elói desafia as imposições da atualidade, que nos arrastam no turbilhão do tempo insano da megalópole, na vida cotidiana que sempre cobra seu quinhão, na diversidade e no caos que nos espreitam a cada esquina, a cada beco do submundo, deixando exposta aferida social da cidade dos contrastes, da velocidade, da mudança constante, do inacabado e das memórias rasuradas indefinidamente.
    Mostra-nos a falta de sentido de uma vida pautada exclusivamente em valores materiais em detrimento de valores humanos essenciais. Vê-se pelos olhos do poeta um mundo onde a felicidade está sufocada sob o manto da nostalgia de um futuro improvável, da fumaça a invadir os pulmões, a nos encobrir de fuligem as faces, até chegarmos ao ponto do aniquilamento do ser.
     Surge como triste personagem em seus poemas o sujeito desajustado, o “gauche” drummondiano, que não consegue manter o compasso com a vida nem com outros homens que há muito perderam a condição de humanos. Mesmo vergado diante do mundo será ele o responsável pela tão almejada liberdade, que virá com o enfrentamento às adversidades, com a lucidez da mente e a sensibilidade da alma.
      Este anti-herói quixotesco, que às vezes pode titubear diante dos desafios da existência, logo é resgatado pela sensibilidade e sensatez do ser que, ciente, sabe como enfrentar os moinhos de vento. Elói, autor urbano, recria a megalópole que corre nas veias das avenidas e esquinas e desvela o homem que cresce, perde a inocência da infância caindo no abissal pandemônio da modernidade, mas que eclode trazendo à superfície sua indignação e agudeza nos poemas, nos quais as palavras assumem dimensões bem maiores, apresentando-nos o máximo de sentido a cada expressão que compõe a “poesiaque cai da pena da vida”.
          Como no girar de um caleidoscópio, vamos desvelando várias facetas de situações comuns aos homens, que refletem sobre a práxis e lutam a cada noite, por dias melhores para si e para a humanidade. Neste trabalho, o leitor é conduzido de maneira prazerosa por caminhos que buscam a completude da alma humana... (...).
Romy Schinzare nasceu em Guariba, interior de São Paulo, foi supervisora e diretora de escola, é professora, Coordenadora Pedagógica da Secretaria de Educação do Município de São Paulo e contista.
 Romy Schinzare com o autor Elói Alves na 23ª Bienal do Livro, em São Paulo

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