terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O EU E A FLOR

1
     Perco-me na confusão do horizonte incerto
     Os tempos não me levam à distração
     Agito-me na agitação frenética que há em mim
 
2
 
     Sossego diante de uma flor - tão tênue
     Que exala-se, desmanchando-se no mundo como eu
 
        Elói Alves



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O GOVERNO E OS VICIADOS

     
       Um homem que alugou meus ouvidos em uma fila em que aguardava para pagar conta, hoje à tarde, disse-me, interrompendo minha leitura, "que dar dinheiro aos políticos na forma de impostos ou em quaisquer outras formas é como dar uma farmácia para um viciado tomar conta".
       Não quis concordar com ele, mas também não iria discordar; achei que tão-somente bastava fazer uns grunhidos ininteligíveis e olhá-lo de soslaio e concentrar-me na minha leitura bocageana.
         Mas achei muito injusta a danada da comparação, pois seriam mesmo os políticos um bando de viciados em dinheiro? E, como se doesse pouco, viciados em dinheiro alheio? Fruto de suor  derramado de gente, de  humanos?
       Acho também que este maluco não terá o apoio do povo nesse seu pensamento insano nem achará, nestas terras a nenhuma outra igualáveis, alguém que apoiará tão injusto raciocínio.
       O povo, embora reclame aqui e acolá, com seu charme de quem acorda maldormido, não tem sempre estado com o governo e com os governos? Desde sempre não está ele até mesmo louvando seus pais magnânimos e os construtores de sua verdadeira felicidade nacional? O futuro grandioso que ninguém nunca antes lhe dera? Não é o governo o único regedor das maravilhosas alegrias cantadas em todos seus discursos heroicos? Não há mesmo quem nos seja capaz de esmurrar-nos se ao menos ousarmos tocar levemente no sagrado nome de seus paizinhos políticos?
       Pois bem, deixe-me, seu louco, com o meu Bocage porque eu e nem povo lhe daremos quaisquer ouvidos.

Zé Nesfasto Perguntero


 


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