A eternidade surge entre os espaços
Abismos brotam e multiplicam a indiferença
A semelhança desfigura-se entre os seres
Fragilizam-se ainda os fracos laços
Os braços se encurtam e não envolvem
Os homens se apequenam como ninguém
Corações batem a espaços distantes, gélidos
Os olhos não sentem a dor
O tempo envolve friamente as vidas
O imobilismo corre desejando a razão
A existência transfigura-se no nada
A insensatez impera na auto-destruição
O sangue esvai-se vagamente ao tempo
Sem força, sem vida, sem nada comum
A comunhão esmiuça-se no seio perene
Esfarela-se o desejo de prosseguir
A multidão move-se justaposta, insensível
As ataduras interpõem-se aos corpos crus
A composição exala o desarranjo
A exaustão prossegue sem sossegar
Elói Alves
sábado, 4 de agosto de 2012
terça-feira, 31 de julho de 2012
FLORES MURCHAS
A primavera mostra suas flores murchas
Nada é certo sobre o sol do verão
Os cadáveres espalham-se pelo caminho
Ampliam-se as armas que nutrem os sonhos
Derramando pesadelos sobre os passantes
Que inflamam as feridas sob seus pés
Os desejos se aguçam por mil comandos
Se alinham às escuras em prontidão
E combate-se seu sangue sem saber por quem
Elói Alves
Nada é certo sobre o sol do verão
Os cadáveres espalham-se pelo caminho
Ampliam-se as armas que nutrem os sonhos
Derramando pesadelos sobre os passantes
Que inflamam as feridas sob seus pés
Os desejos se aguçam por mil comandos
Se alinham às escuras em prontidão
E combate-se seu sangue sem saber por quem
Elói Alves
segunda-feira, 30 de julho de 2012
A NOITE CITADINA
Na cidade, a procura não cessa, insistente
A densidade, presente e distante, alheia-se
Desejos espessos gastam-se ao tempo
A frialdade alimenta-se de mortes
Portões de aço, cortinas de ferro fecham-se
Os corações resistem a todas as batidas
Os rostos temem franquear-se, totalmente
O ocultamento perfura quieto, até o nada
As sombras se erguem sob a luz opaca
O hermetismo resiste à embriaguez
A excitação enrubesce ao odor do fogo
A sandice aquece do frio a nudez
Vozes ecoam estridentes, ao largo
Os ventos misturam sabores aos sons
A alma arrepia-se aos dentes indefinidos
Os turbilhões confundem as sensações
Gélidos suspiros restam e evaporam-se
A impassividade sonsa se mantém de pé
O orvalho se une, de manhã, às lágrimas
O dia desponta negando a noite que se perdeu
Elói Alves
do livro:
A densidade, presente e distante, alheia-se
Desejos espessos gastam-se ao tempo
A frialdade alimenta-se de mortes
Portões de aço, cortinas de ferro fecham-se
Os corações resistem a todas as batidas
Os rostos temem franquear-se, totalmente
O ocultamento perfura quieto, até o nada
As sombras se erguem sob a luz opaca
O hermetismo resiste à embriaguez
A excitação enrubesce ao odor do fogo
A sandice aquece do frio a nudez
Vozes ecoam estridentes, ao largo
Os ventos misturam sabores aos sons
A alma arrepia-se aos dentes indefinidos
Os turbilhões confundem as sensações
Gélidos suspiros restam e evaporam-se
A impassividade sonsa se mantém de pé
O orvalho se une, de manhã, às lágrimas
O dia desponta negando a noite que se perdeu
Elói Alves
do livro:
Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de minha autoria cujo lançamento será dia 27/11 em São Paulo no link abaixo:http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
ESTRANHAMENTO CITADINO
Vejo a cidade e observo os homens
Um estranhamento os recobre, levemente
As paredes expõem seu acanhamento
O mesmo vazio impregnando-se na faces
Noto os prédios rotos que vivem apáticos
As torres que se alteiam como Babel
Inúteis fugas aéreas que emergem da confusão
Imobilismo gigante com seus traços esquálidos
A mesma pressa vagarosa estende-se, maciça
Os passos desacertados e revoltos resvalam-se
O tempo, impassível e rígido, fixa-os, indiferente
E nada deixa incólume ao vagar
E ainda a suspeição nos ares citadinos, irrequieta
Dispersando-se como pó sobre cada um
E mistura-se ao ar, aos corpos e às mentes
Ora pára e move-se e agita-se e não sossega
Elói Alves
do livro:
Um estranhamento os recobre, levemente
As paredes expõem seu acanhamento
O mesmo vazio impregnando-se na faces
Noto os prédios rotos que vivem apáticos
As torres que se alteiam como Babel
Inúteis fugas aéreas que emergem da confusão
Imobilismo gigante com seus traços esquálidos
A mesma pressa vagarosa estende-se, maciça
Os passos desacertados e revoltos resvalam-se
O tempo, impassível e rígido, fixa-os, indiferente
E nada deixa incólume ao vagar
E ainda a suspeição nos ares citadinos, irrequieta
Dispersando-se como pó sobre cada um
E mistura-se ao ar, aos corpos e às mentes
Ora pára e move-se e agita-se e não sossega
Elói Alves
do livro:
Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de minha autoria, cujo lançamento será dia 27/11, no Restaurante, Rose Velt, na Pça Roosevelt, 124: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
domingo, 29 de julho de 2012
O ATAQUE DOS CANIBAIS
Os canibais ainda espalham-se pela terra
Andam vorazes a caçar os seus iguais
Para comê-los friamente, sem banquete
E aos pedaços, ampliando a humilhação
Não comem seres fortes cuja caça exija luta
Onde a peleja incerta lhes ofereça perigo
Nem enfrentam guerreiros como os selvagens antigos
Querem os fracos, alquebrados por suas sutilezas
Seu canibalismo não é pagão ou antiquado
Traz todas as invenções e moral de sua época
É benfazejo na aparência e comedido nas maneiras
Traz a elegância que agrada e os gestos que convêm
Os que comem seus iguais valem-se de artifícios
São muito hábeis com as ferramentas e armadilhas
E não abrem mão de disfarces e enfeites
Escondem tão bem suas garras que são reverenciados
Mas eles comem, devorando tudo o que podem
Tirando a vida, começando pelo sangue
Engordando a si com a substância de outrem
Aumentando seus dias, diminuindo o dos outros
-Não comeremos mais as ervas- jura um canibal
E todos o louvam pelo bem que quer ao mundo
Às aves, à terra e à vida oceânica
À sua conferência aplaudem milhões de vítimas
Os canibais preservam a semelhança com outros homens
No entanto, o fazem mais por estratégia
Há muito tempo deixaram de ser humanos
Roeram até os sentimentos que os ligavam à espécie
São férreos por dentro e petróleo corre em sua veias
O coração bate a moda das metralhadoras
Sua audição se deleita com os sons dos níqueis
E o faro se apura pelas essências mais caras
Os canibais não engordam, incham
O que ajuntam não produz riqueza, mas hipertrofia
Seus acúmulos causam bolhas que sempre explodem
inflamando suas úlceras e causando mortes
Não há contra-veneno para seus males
Seus feitos alastram-se em pandemias,
Seu efeito específico é bestializar o mundo
Tornando-o superficial e tragável
Não votam amor à arte, senão por algum pretexto
Nada que se volte ao ser pode lhes causar interesse
Só a querem quando a transformam em coisa bruta
Quado deixe de tocar o íntimo da própria alma
Elói Alves
do livro Sob um céu cinzento
Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de Eloi Alves:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
Adquirir o livro:http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html
Andam vorazes a caçar os seus iguais
Para comê-los friamente, sem banquete
E aos pedaços, ampliando a humilhação
Não comem seres fortes cuja caça exija luta
Onde a peleja incerta lhes ofereça perigo
Nem enfrentam guerreiros como os selvagens antigos
Querem os fracos, alquebrados por suas sutilezas
Seu canibalismo não é pagão ou antiquado
Traz todas as invenções e moral de sua época
É benfazejo na aparência e comedido nas maneiras
Traz a elegância que agrada e os gestos que convêm
Os que comem seus iguais valem-se de artifícios
São muito hábeis com as ferramentas e armadilhas
E não abrem mão de disfarces e enfeites
Escondem tão bem suas garras que são reverenciados
Mas eles comem, devorando tudo o que podem
Tirando a vida, começando pelo sangue
Engordando a si com a substância de outrem
Aumentando seus dias, diminuindo o dos outros
-Não comeremos mais as ervas- jura um canibal
E todos o louvam pelo bem que quer ao mundo
Às aves, à terra e à vida oceânica
À sua conferência aplaudem milhões de vítimas
Os canibais preservam a semelhança com outros homens
No entanto, o fazem mais por estratégia
Há muito tempo deixaram de ser humanos
Roeram até os sentimentos que os ligavam à espécie
São férreos por dentro e petróleo corre em sua veias
O coração bate a moda das metralhadoras
Sua audição se deleita com os sons dos níqueis
E o faro se apura pelas essências mais caras
Os canibais não engordam, incham
O que ajuntam não produz riqueza, mas hipertrofia
Seus acúmulos causam bolhas que sempre explodem
inflamando suas úlceras e causando mortes
Não há contra-veneno para seus males
Seus feitos alastram-se em pandemias,
Seu efeito específico é bestializar o mundo
Tornando-o superficial e tragável
Não votam amor à arte, senão por algum pretexto
Nada que se volte ao ser pode lhes causar interesse
Só a querem quando a transformam em coisa bruta
Quado deixe de tocar o íntimo da própria alma
Elói Alves
do livro Sob um céu cinzento
Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de Eloi Alves:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
Adquirir o livro:http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html
QUEM PEGA O OURO E QUEM LEVA FERRO? Perguntero
A briga entre os poderosos pela audiência não pára. A globo, que sempre comprou tudo, agora tem que ver os jogos olímpicos pela Record. E os Marinhos- sempre poderosos, comendo nos banquetes dos poderosos- agora vêem os líderes da Igreja da Record com a presidente Dilma inaugurando obras para 2016. A questão que se impõe é quem pega o ouro e quem leva ferro? E não só nas olimpíadas. Em todo canto, o brasileiro leva é ferro e os poderosos ficam com o ouro. Ah, e os telespectadores podem também assistir e bater palmas. Há aí outro programa? Ia me esquecendo, no shopping, levaram ouro de uma joalheria, mas já foram presos. Mas será que pegaram o ouro?
Zé Nefasto Perguntero
Zé Nefasto Perguntero
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