A grave
situação pela qual passa o país, cuja incompetência político-administrativa
leva-o também aos desajustes econômicos, deixa a pergunta inevitável: haverá sobrevivência?
A questão é
delicada, primeiro porque é preciso estudar suas causas, depois, suas
consequências e, ao final, se a sociedade está disposta à autocrítica e a consequentes
mudanças. Estará?
Um dos problemas
mais graves, que está na origem de tudo, é de caráter sociocultural; e daí que
não apenas se elegeu e reelegeu a classe política que aí está, engolindo as discurseiras
utópicas e as megalomanias de seu líder, que, mal chegou ao poder, dizia ter
feito mais que Deus; “nunca antes nesse país”. O que de efetivo se fez?
Esse caráter emocional
dos brasileiros, do “homem cordial” na definição do autor de Raízes do
Brasil, incapaz de se impor medidas de disciplina, medidas de caráter racional,
é que abre as nossas portas para aventureiros, como já nos legara Collor, e nos
leva a um espirito de tolerância com todo tipo de criminosos, comuns e
políticos e a poetizar o “rouba mas faz”. O que essa atitude faz de fato?
Esse caráter
de moleza moral, cívica, é, por consequência, autodestrutivo. A todo instante,
o potencial positivo da sociedade é minado pelas baixas que sofremos, seja no
que nos roubam de nossas energias, do que produzimos, ou nos crimes a que os
cidadãos de bem são submetidos impunemente. É possível repor todas essas
perdas?
A sociedade
aderiu, por ignorância e por bestial credulidade, a políticos que são ideologicamente
a favor do crime, em todas as esferas. Protegem bandidos por crença maligna no
direito dos que fazem mal à sociedade, que a destroem, daí que, no poder,
roubam mais que conseguem, confiantes na “candura e docilidade dos brasileiros”,
e confiantes nas leis que eles mesmos fizeram, através de um congresso submisso
e prostituído pelas verbas indevidas, atenuaram e anularam as
penas a criminosos, além de burocratizar a o judiciário. Como chegamos isso?
A ideologia de
tolerância aos crimes comuns e políticos, que sacraliza o direito de proteção
aos criminosos e ao abandono absoluto de suas vítimas - geralmente
pessoas de bem e produtivas - não é gratuito: enriquece a parte podre da sociedade, aqueles que
nada produzem de bom e dissemina as doenças morais, físicas e, por consequência,
os males psicológicos. Será possível a sobrevivência?
O problema
pior é que não basta sobreviver, a questão é: a que custo? Em quais condições?
Nos livraremos algum dia da herança maldita, material e psicológica, que ficará
quando passar a turbulência?
Por fim, e o principal,
quando a sociedade dará um passo para sair dessa sua bestialidade cultual e
moral que cortará de vez o caminho para esses aventureiros e criminosos à destruição dos que realmente constroem o país e sociedade com seu trabalho cotidiano, com seus estudos e seus esforços?
Perguntero