A
princípio, os três alunos de medicina, Pedro, Silvano e Teodoro resolveram de
alguma forma usar a criatividade para juntar alguns trocados e pagar o aluguel
do local onde moravam e os manter na faculdade de medicina.
Entende-se claramente que
as pessoas que vão até eles, não buscam apenas as pílulas,
cria-se um vínculo onde a afável atenção dos estudantes para com as pessoas que
os procuram serve apenas como um alívio das mesmas. Elas encontram neles o
afago, o amor e confiança para que elas possam desabafar sobre suas vidas e
serem aconselhadas.
O
papel desses estudantes se assemelha a de um psicólogo, até mesmo um padre ou
pastor. Como agradecimento, eles recebiam dinheiro ou outras coisas de valores
como doação e assim se mantinham.
O
autor, Elói Alves, possui um refinado detalhe com o nome de cada uma das ruas e
as características de cada lugar. Isto mostra a veemente ligação entre autor e
a região central da cidade na qual se desenrola a trama narrativa.
O
desfecho desta história é realmente maquiavélico, a bondade
insólita desses três jovens se corrompe, no final dessa história
é visto com reluzência. O que no começo era apenas um plano provisório para
voltarem a se dedicar no curso de medicina, acabou mudando e tido como
principal objetivo para se sustentarem e largarem o curso em seu
último ano.
Aproveitaram-se
da carência e dos problemas de cada pessoa, para conseguirem o que realmente
queriam. Isto é algo corriqueiro em algumas igrejas e vai mais
além, pessoas que ajudam outras apenas pela mídia e repercussão,
visando aonde isso irá chegar e até mesmo empresas fazendo aquelas
campanhas emotivas para mostrarem que elas também ajudam quem precisa. (Exemplo
disso é a música ''Mozão- Lucas Lucco'', onde no clipe ele ama uma garota que é
diagnosticada com câncer e ele a apoia e lhe dá o respaldo em todo momento. Nem
preciso dizer o quanto isso fez bem para a propagação na imagem do cantor,
certo? Não fazendo crítica ao cantor, estou apenas tentando mostrar o
outro lado da moeda).
Agir
pelo bem, não é só um ótimo marketing, como pode lhe trazer rios de dinheiro,
de bônus você ainda se blinda das críticas.
Ai, daqueles que criticam. Pois quando alguém ousa criticar tais atitudes
nobres, será lançado ao fogo.
Thiago
Martins é acadêmico de Direito em São Paulo e autor de textos em prosa.