quinta-feira, 25 de julho de 2013

TIO GERBÚLIO COM SUA SANTIDADE E OS POLÍTICOS

      No domingo de ramos, perto do final da missa, entraram na igreja o governador e o prefeito, que iam à inauguração de umas estradas na fazenda do coronel Teofoldo. Mesmo ficando pouco, foi o suficiente para os jornais destacarem a religiosidade dos políticos, fotografados ao lado do santo padre Gelfrido.
       No dia seguinte pela manhã, um gaiato que sugava lentamente sua caninha ao pé do balcão, apontou para uma foto no jornal que tio Gerbúlio lia e observou, cutucando um colega de copo:
    -Veja se a peruca do governador não está mal colocada, mostrando as entradinhas de sua careca?
      -É, e o prefeito tem acara mais chupada depois que a mulher largou dele- respondeu o outro. Quem sabe ao lado da santidade de padre Gelfrido eles não se emendam um pouco, não é Gerbúlio?
      Tio Gerbúlio nada respondeu, continuando a olhar fixamente para a foto do vigário, que ia no meio dos dois políticos. Imaginava a história dos dois burros, que ouvira do próprio padre, que postos juntos no posto de serviço, mas que tinham disposição opostas no gosto pelo trabalho. Depois de uma semana, o que trabalhava, ao invés de influenciar o burro preguiçoso, passou a vagabundear como o outro.
    No fim da tarde, tio Gerbúlio foi ter com o padre e lhe perguntou se a parábola dos burros se aplicava na amizade com os políticos . O padre sorriu da malícia do tio, mas advertiu que a igreja tinha as portas abertas a todo pecador e que Jesus também estivera com Zaqueu, o cobrador de imposto,  que foi convertido, prometendo devolver três vezes mais o que ele tivesse roubado de alguém.
     Tio Gerbúlio despediu-se do padre e foi para casa se perguntando de onde é que cobrador de impostos, agora que era justo, tiraria tanto dinheiro a mais para devolver ao pobre do espoliado.
Jão Gerbulius Sobrinho
LULA APARECE APÓS PROTESTOS, MAS SÓ PARA ESTRANGEIROS


LANÇADA SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A POBREZA PAPAL - Perguntero

      "Não tenho ouro nem prata". Esta foi a afirmação inicial do papa Francisco I, ao chegar ao Brasil, em seu discurso em que buscou todo o tempo criar uma imagem de simpatia no país e fortalecer a relação da igreja com os jovens.
      A frase citada é muito antiga e atribuída a Pedro, um dos pescadores que seguiam a Jesus. Segundo o novo testamente, ela foi dita a um homem que não andava e pedia esmolas à porta do templo em Jerusalém. Pedro, negando-se a dar dinheiro ao pedinte por não tê-lo, fez, no entanto, com que esse andasse.
     A dúvida quanto à apropriação pelo papa da célebre frase é a seguinte: é o pobre cardeal argentino que não tem a referida riqueza ou o "bispo de Roma", comandante de todo o império que lhe cabe numa parte da Itália e que se espalha pelo mundo? Há ainda uma questão de linguagem: não ter o ouro nem prata seria não tê-los disponíveis ou significaria o desapego à riqueza desse mundo? 
      Ser for caso de restrição financeira, teria a riqueza papal sido corroída pela crise econômica do continente onde está seu Estado ou seria a noticiada corrupção que afetou o seu banco no Vaticano?
Zé Nefasto Perguntero

LULA APARECE APÓS PROTESTOS, MAS SÓ PARA ESTRANGEIROS


LANÇADA SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO

quarta-feira, 17 de julho de 2013

A REDE SOCIAL DO GOVERNO,QUEM VEM? -Perguntero

     Agora terei de ser breve, pois vou correndo para a nova rede social do governo ver se há lá algum protesto marcado. Tudo bem que o convite era para os jovens e eu já estou velho e caduco, mas também quero participar dos protestos com os governistas e demais políticos, pois acho que não haverá bombas nem gás de pimenta e o vinagre estará liberado. Quem sabe também uma empadinha e refrigerante a cada quarteirão da Avenida Paulista. Será muito bom comer com o governo e protestar contra ele.

      Também será uma honra caminhar ao lado dos deputados e ministros. Será que Genuíno terá alguma máscara anônima? E qual será o cartaz do Zé Dirceu,? Pensei em um muito legal, vejam: “Nunca antes nesse país”. E este original: “no meu palanque corrupto não sobe, no meu governo corrupto não entra”. 
      E você, vai ficar ai no facebook? Vem pra rede do governo você também! Ah, só uma pergunta: será que o Haddad e o Maluf também vêm?
Zé Nefasto Perguntero

OS CORRUPTOS DO BRASIL VÃO AO PAPA -Perguntero

     Preocupado com o clima de protestos populares durante visita do papa, o prefeito do Rio disse ontem a repórteres que os políticos brasileiros deveriam ir a sua cidade para se confessarem com sua "santidade", Francisco I.
        Ora, como o avião da FAB não me levou até o local a tempo dessa imperdível e sábia entrevista, farei daqui as minhas curtas perguntas a esse eminente construtor do pais:
         Qual será a penitência que o chefe temporário do Vaticano lhe imporá? Pagarão os corruptos as rezas que se lhe impuserem sem recorrer aos eternos recursos que as leis brasileiras lhes permitem até que se caduquem todas as sentenças e fiquem impunem para a eternidade? Pagarão mesmo com rezas os males feitos ao patrimônio público nacional e a todos os eleitores traídos por suas mentiras? Seria a primeira vez que se pagam crimes com rezas? 
         Será que o prefeito carioca irá receber esses novos convidados, assim como recebeu a caravana da alegria que viajou para ver a final da copa das confederações no Maracanã no avião da FAB, entre os quais o presidente da câmara dos deputados com sua noiva e outros parentes seus? Será que o prefeito dará um quarto a esses políticos? E os recursos públicos continuarão sendo dizimados e será objeto de perdão desse santo homem e estadista católico?
        Pergunto a mim mesmo agora: de onde será que tirou esse gênio político tão engenhosa e rígida pena para essa classe nojenta de malfeitores? Será que, para ele, virou o papa ministro do tribunal de justiça brasileiro?
Zé Nefasto Perguntero


LULA APARECE APÓS PROTESTOS, MAS SÓ PARA ESTRANGEIROS

LANÇADA SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO

terça-feira, 16 de julho de 2013

LULA APARECE APÓS PROTESTOS, MAS SÓ PARA ESTRANGEIROS

       Lula andou sumido e ainda anda, mas como escreve ou manda escrever para um jornal americano mensalmente, hoje ousou dar sua interpretação sobre os protestos populares no Brasil para os leitores estrangeiros, tentando tirar proveito ou minimizar o realismo político e social que as ruas colocam aos olhos de todos, derrubando toda a propaganda política que tenta pintar o Brasil, empacotá-lo com laços coloridos e entregar aos ignorantes da realidade social, que pensam ter cheiro de perfume os esgotos que há por todo o país.
        Lula ainda anda sumido e a própria presidente Dilma desabafou se dizendo abandonada por todos. Na verdade, durante os protestos de junho, todos os políticos sumiram - todos - da oposição e os sem posição e os da situação crítica. Quando centenas de milhares de ativistas foram pela primeira vez ao congresso, um deles conseguindo furar o bloqueio dos policiais e entrar, não havia lá (ou não se desescondeu) um político para dizer algo; quando os manifestantes em São Paulo foram à prefeitura e, no mesmo dia, ao Palácio dos Bandeirantes, não havia neles prefeito, governador ou seus secretários. Nem uma palavra na mídia: somente gritos das ruas. Depois de dias, a presidente, pressionada, fez uma declaração vazia, sem pisar direito o chão. De resto, ecoava o grito das ruas contra toda a política imunda, todo os desserviços, da copa, da corrupção etc, e chamando os demais brasileiros por todas as partes: "vem pra rua, vem".
              Lula disse hoje - já bem atrasado - que os protestos não são "contra a política" e que surgiram por que "o país melhorou". A primeira coisa que fica ai claro é que ele mesmo não pode dizer mais que "mudou o país", como sempre dia: "nunca antes nesse pais". Nunca antes neste pais- e isso ele tem que engolir a seco - um grande cacique da política tem sua propaganda e seu discurso desmentidos pelo povo. O clamor das ruas trouxe o realismo do país aos olhos de todos, para dentro e para fora, para o mundo: mostrou as chagas fétidas que ainda temos, inclusive o Estado repressor com sua polícia usada como cão de guarda contra cidadãos que a pagam. O povo fez, inclusive, o congresso trabalhar de segunda à sexta-feira, o que nunca fazem; derrubou a PC 37 que era a PEC da bandidagem amarrando o poder investigativo do MP. E isso foi apenas um levante. É preciso que tenham um pouco de humildade e ponham a barba no óleo porque a paciência do povo, mesmo com vocação pacífica, é uma coisa que tem sérios limites.

              


segunda-feira, 15 de julho de 2013

QUANDO O PAI É O ESTADO – Perguntero

          Soube por rede social que o assassino do menino boliviano, que morrera por chorar durante assalto à casa de seus pais, também tem um filho. Esta informação me soa vazia e só me torna importante quando sacudida dialeticamente sob a indagação crítica, me fazendo pensar se algum dia esse menino, filho de delinqüente, terá por sua sorte algum pai?
        A resposta já está dada, mas igualmente oca: o Estado será o seu pai. A questão é que o estado-pai ou mãe, na formulação populista da política que insiste em não desgrudar-se da história do Brasil, tem sua grande eficiência, também histonicamente, na nutrição que dá a alguns poucos amigos - e não filhos - que mamam em seus fartos seios. É verdade que esses poucos se ampliaram bastante no arranjo dos novos cargos de (des) confiança dos a-filiados políticos, o que só faz a situação dos “filhos”, se já era crítica, piorar ainda mais na caótica situação dos (des)serviços públicos.
     O estado-pai quer ser bom, por isso deu indulto provisório ao pai delinquente, que pode sair da prisão, sem a vigilância do pai-estado, com a certeza de que não iria voltar, para roubar e matar tranquilamente. O pai-delinquente não pensou no filho do pai assaltado, nem no menino de cuja mãe ele enchera a barriga, inconsequentemente. A pergunta é, quem é o pai aí? Ou, quem é o pior dos pais neste caso? Bem, para mim, certas estão as meninas que diziam: “nós as putas insistimos que os políticos não são nosso filhos”.

Zé Nefasto Perguntero

    Leia o prefácio do romance "As pílulas do Santo Cristo" de Elói Alves

    Primeito capítulo:

    Segundo Capítulo:

domingo, 7 de julho de 2013

SNOWDEN E BATTISTI: DOIS CASOS E DUAS INJUSTIÇAS DO PAÍS

     Um óbvio estranhamento renasce agora na conduta do governo brasileiro na política internacional, como se sabe a questão se dá entorno das revelações da espionagem dos Estados Unidos sobre, primeiramente, seus próprios cidadãos, reveladas pelo ex-agente da CIA Eduard Snowden, e, depois, sobre países aliados da União Europeia, surgindo agora nesta lista também o Brasil.
    Questão fundamental é a maneira como governo brasileiro vem manejando o problema, rejeitando a, pelo menos, se pronunciar ao pedido de exílio feito por Snowden, que fugiu de seu país para China e depois para Rússia e resolveu condenar, posteriormente, a ação de países europeus que fecharam seu espaço aéreo à passagem do avião do presidente da Bolívia que partira de Moscou, por alegação de que Snowden estaria no voo.
    O caso surge no exato momento em que a justiça brasileira, pelo CNJ, condena o Cezare Battisti por fraudar documentos para entrar no Brasil. Battisti recebeu o exílio do ex-presidente Lula, em seu último dia de governo, deixando para sua sucessora uma briga diplomática com a Itália que exige o retorno de Battisit para que este cumpra as penas às quais fora condenado em seu país por assassinatos e outros crimes comuns.

      O governo de Lula preferiu dar tratamento de criminoso político a um condenado por crimes comuns, que agora recebe condenação também por aqui. Também a mídia nacional deu valor diferente ao caso. Enquanto o Grupo Bandeirantes cobrou o governo por dar tratamento especial a um “assassino condenado por terrorismo”, a rede globo o chamou - e o chama ainda - de “ativista político”, como se se tratasse de alguém que luta por causas cívicas, ecológicas, sociais ou fosse condenado por emitir opinião.
     No mesmo sentido vai também a posição de jornalistas dessa emissora, como Willian Waak, que disse ontem na mesa que mediava na Flip: “as manifestações populares sem temas claros pode levar o país a retrocessos”. A fala conservadora, que demonstra a vontade de manter as coisas como estão, no cômodo status quo para elite midiática e poderosos da política e da economia, denuncia-se por si mesma como contrária ao interesse da sociedade e da própria viabilidade do país que pende, torto, na sua ampla desigualdade sócio-econômica e em sua morosidade sistêmica.
         Além dos problemas internos que afetam a imagem do país no plano externo, essas medidas ou a falta delas - em casos como do complicado silêncio referente a Snowden - o governo atua contra os próprios interesses que tem buscado ao longo dos últimos anos no plano da política internacional, com os quais pretente assumir uma influência maior nos organismos multilaterais e obter sua cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Elói Alves

Lançada a segunda edição As pílulas do Santo Cristo, de Elói Alves

O debate com suas excelências - sátira histórico-política

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