No
domingo de ramos, perto do final da missa, entraram na igreja o
governador e o prefeito, que iam à inauguração
de umas estradas na fazenda do coronel Teofoldo. Mesmo ficando pouco,
foi o suficiente para os jornais destacarem a religiosidade dos
políticos, fotografados ao lado do santo padre Gelfrido.
No
dia seguinte pela manhã, um gaiato que sugava lentamente sua
caninha ao pé do balcão, apontou para uma foto no
jornal que tio Gerbúlio lia e observou, cutucando um colega de
copo:
-Veja
se a peruca do governador não está mal colocada,
mostrando as entradinhas de sua careca?
-É,
e o prefeito tem acara mais chupada depois que a mulher largou dele-
respondeu o outro. Quem sabe ao lado da santidade de padre Gelfrido
eles não se emendam um pouco, não é Gerbúlio?
Tio
Gerbúlio nada respondeu, continuando a olhar fixamente para a
foto do vigário, que ia no meio dos dois políticos.
Imaginava a história dos dois burros, que ouvira do próprio
padre, que postos juntos no posto de serviço, mas que tinham
disposição opostas no gosto pelo trabalho. Depois de
uma semana, o que trabalhava, ao invés de influenciar o burro preguiçoso, passou a vagabundear como o outro.
No
fim da tarde, tio Gerbúlio foi ter com o padre e lhe perguntou
se a parábola dos burros se aplicava na amizade com os
políticos . O padre sorriu da malícia do tio, mas
advertiu que a igreja tinha as portas abertas a todo pecador e que
Jesus também estivera com Zaqueu, o cobrador de imposto, que foi convertido, prometendo devolver três vezes mais o que ele
tivesse roubado de alguém.
Tio
Gerbúlio despediu-se do padre e foi para casa se perguntando
de onde é que cobrador de impostos, agora que era justo, tiraria tanto dinheiro a
mais para devolver ao pobre do espoliado.
Jão Gerbulius Sobrinho
LULA APARECE APÓS PROTESTOS, MAS SÓ PARA ESTRANGEIROS
LANÇADA SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO
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