“Pôs
em mim dois olhos de gato que observa”
Machado
De Assis
Quando
recebi a notícia da publicação de “O DIÁRIO DA GATO TOM, de Carlos Torres, fiquei
feliz como um paciente que recebe do médico as boas novas para sua saúde.
Embora
se tratasse de um livro infantil, que, por natureza, diferiria de suas crônicas
ou contos para leitores maduros que eu já conhecia, a perspicácia do gato como
narrador-personagem me encantou logo. Assim que o li, as impressões se
confirmaram.
Mas
não é de técnica narrativa que se trata, simplesmente - digo eu, e acho que com
acerto. A relação afetuosa e fraternal entre Carlos e Tom é peculiar da pessoa
humana e do profissional, editor e diretor cultural, do ser sensível que não metamorfoseia
sentimentos e posturas diante do mundo, da pessoa analítica e meiga ao mesmo
tempo. Como o gato, carinhoso e perscrutador, personagem do livro.
Há
algo de alter ego, de quem vê no outro - e no próprio gato -, empaticamente,
a semelhança que temos perdido uns dos outros; semelhança que um dia se disse
de Deus. No Gato Tom, Carlos olha pela janela do mundo e encontra um espelho,
onde enxerga o desejo humano de ser, a esperança de andar até alcançar e de se
erguer diante dos desafios e realizar(-se): de escrever o seu diário.
O
livro, publicado pela Editora Essencial, tem ainda belas ilustrações de Yanna
Líllian, com posfácil de Vanda Felix.
Elói
Alves
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