quarta-feira, 15 de julho de 2020

Sobre o modelo de comunicação de Roman Jakobson








Segundo o modelo de Roman Jakobson, linguista russo que integrou o Círculo Linguístico de Praga, nas primeiras décadas do século passado, toda comunicação humana possui seis elementos, que são: (1) mensagem - o assunto - (2) emissor ou remetente, (3) receptor ou destinatário, (4) código – a língua -, (5) canal e (6) referente.

Jakobson, em seu livro Linguística e comunicação, procurou compreender as funções da linguagem, com peculiar preocupação em investigar as funções das unidades linguísticas e como se dá a comunicação entre falante e ouvinte.

Sem negar a relevância do modelo de comunicação de Jakobson, com o tempo seu esquema teórico foi submetido a críticas, sobretudo devido a sua formulação matemática, cuja eficácia compromete-se, segundo seus críticos, devido a certa natureza mecanicista, que leva sua formulação a não comprovação exata diante dos fenômenos comunicacionais entre as pessoas em situações reais de comunicação.

Assim, segundo essas objeções, há uma simplificação no modelo de Jakobson em relação à comunicação entre os seres humanos, comunicação que, em situações reais de trocas de mensagens, não se realiza de forma tão mecânica.

Um exemplo que se quer eloquente das objeções críticas ao modelo de Roman Jakobson, expostas acima, está no fato de que nem sempre a mensagem é plenamente compreensível às pessoas em situação de comunicação; do mesmo modo, o referente, ou aquilo de que se fala, pode não está ao alcance da compreensão das pessoas que se comunicam (locutor e interlocutor), apontamento analítico que, no entanto, mostra-se frágil, pois não haveria comunicação aí.

Ainda, nega-se que haja, como afirma Jakobson, um "remetente" e outro "destinatário" na conversação, uma vez que sua comprovação seria duvidosa na medida em que os papéis podem ser trocados, por exemplo, na comunicação oral, em que há mudanças bruscas e constantes do turno das falas.

Neste ponto também se mostra frágil a objeção, pois a mudança de posição dos falantes no diálogo não pode prescindir de ambos, locutor e interlocutor, ainda que troquem os papéis na contínua e mutável posse do turno, situação em que as funções não se anulam.

Quanto às mudanças incontroláveis do papel de remetente e destinatário, pode-se constatar, por meio de gravação de conversações orais, que muitas vezes há disputas pelo turno e, também, que os locutores desenvolvem estratégias de manutenção do turno, cujo objetivo é manter o controle da fala.

Ainda aí, há, em alguns modelos de comunicação formal, o pedido do turno "transitório", ou aparte; no entanto, ao apartear, o destinatário, que solicita o turno, passa já, neste momento, a ocupar a posição de remetente. Vê-se, aqui, um exemplo da complexidade da definição conceitual do fenômeno.

Não obstante às críticas, sem as quais, aliás, não se faz a ciência, o modelo do linguista russo Roman Jakobson, devido a sua explicitação do fenômeno comunicativo, tem destacada importância entre os profissionais de comunicação; seu modelo é frequentemente evocado por profissionais; inclusive por aqueles que atuam na área da comunicação verbal, publicidade e outros profissionais dos meios de informação, cujo trabalho reivindica estudos avançados em comunicação.

De fato, a constatação de Roman Jakobson no campo da comunicação é hoje tão diluída que sua conceituação é vista como fato evidente, mostrando-se, a muitos, como algo banal e apriorístico.

Elói Alves










Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares (letrófilo 2 anos 22/6)