Segundo
o modelo de Roman Jakobson, linguista russo que integrou o Círculo Linguístico
de Praga, nas primeiras décadas do século passado, toda comunicação humana
possui seis elementos, que são: (1) mensagem - o assunto - (2) emissor
ou remetente, (3) receptor ou destinatário, (4) código – a língua -, (5) canal
e (6) referente.
Jakobson,
em seu livro Linguística e
comunicação, procurou compreender as funções da linguagem, com peculiar
preocupação em investigar as funções das unidades linguísticas e como se dá a
comunicação entre falante e ouvinte.
Sem
negar a relevância do modelo de comunicação de Jakobson, com o tempo seu
esquema teórico foi submetido a críticas, sobretudo devido a sua formulação
matemática, cuja eficácia compromete-se, segundo seus críticos, devido a certa
natureza mecanicista, que leva sua formulação a não comprovação exata diante
dos fenômenos comunicacionais entre as pessoas em situações reais de
comunicação.
Assim,
segundo essas objeções, há uma simplificação no modelo de Jakobson em relação à
comunicação entre os seres humanos, comunicação que, em situações reais de
trocas de mensagens, não se realiza de forma tão mecânica.
Um
exemplo que se quer eloquente das objeções críticas ao modelo de Roman
Jakobson, expostas acima, está no fato de que nem sempre a mensagem é plenamente
compreensível às pessoas em situação de comunicação; do mesmo modo, o
referente, ou aquilo de que se fala, pode não está ao alcance da compreensão
das pessoas que se comunicam (locutor e interlocutor), apontamento
analítico que, no entanto, mostra-se frágil, pois não haveria comunicação aí.
Ainda, nega-se que haja, como afirma Jakobson, um "remetente" e
outro "destinatário" na conversação, uma vez que sua comprovação seria
duvidosa na medida em que os papéis podem ser trocados, por exemplo, na
comunicação oral, em que há mudanças bruscas e constantes do turno das falas.
Neste
ponto também se mostra frágil a objeção, pois a mudança de posição dos falantes
no diálogo não pode prescindir de ambos, locutor e interlocutor, ainda que
troquem os papéis na contínua e mutável posse do turno, situação em que as
funções não se anulam.
Quanto
às mudanças incontroláveis do papel de remetente e destinatário, pode-se
constatar, por meio de gravação de conversações orais, que muitas vezes há
disputas pelo turno e, também, que os locutores desenvolvem estratégias de
manutenção do turno, cujo objetivo é manter o controle da fala.
Ainda
aí, há, em alguns modelos de comunicação formal, o pedido do turno
"transitório", ou aparte; no entanto, ao apartear, o destinatário,
que solicita o turno, passa já, neste momento, a ocupar a posição de remetente.
Vê-se, aqui, um exemplo da complexidade da definição conceitual do fenômeno.
Não
obstante às críticas, sem as quais, aliás, não se faz a ciência, o modelo do
linguista russo Roman Jakobson, devido a sua explicitação do fenômeno
comunicativo, tem destacada importância entre os profissionais de comunicação;
seu modelo é frequentemente evocado por profissionais; inclusive por aqueles
que atuam na área da comunicação verbal, publicidade e outros profissionais dos
meios de informação, cujo trabalho reivindica estudos avançados em comunicação.
De fato, a constatação de Roman
Jakobson no campo da comunicação é hoje tão diluída que sua conceituação é
vista como fato evidente, mostrando-se, a muitos, como algo banal e
apriorístico.
Elói Alves
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