Os
problemas ocorridos ontem no metrô de SP não são
coisas novas, todos nós paulistanos e circunvizinhos, que,
mesmo eventualmente, usamos o metrô, já passamos por
algum tipo de sufoco que nos rouba a respiração no
interior das composições; não é de hoje
que os passageiros entram por uma porta, na Sé ou no Brás,
e são jogados para fora pela outra porta, por, obviamente, não
caberem três pessoas no lugar de apenas uma. Depois, além
da superlotação, os problemas de falhas técnicas
têm sido recorrentes, não é esta a primeira vez
que passageiros são obrigados a andar pelas linhas devido à
paralisação de trens. Ontem foi apenas mais um dia em
que os problemas se repetiram.
Interessante
foi a declaração do governador à imprensa hoje,
onde diz: “Aumentar policiamento, segurança, câmera de
vídeo e como a tecnologia evitar esse tipo de questão”(tumultos).
Além desse enfoque na segurança, policiamento, isto é,
tratar um problema de deficiência em serviço “público”,
mas pelo qual os usuários pagam, como questão de
polícia e bandido, passivo de repressão, o governador
também argumentou que “dez pessoas acionaram o botão
de emergência” ao mesmo tempo e que se trata “de grupos
organizados”. Ontem, repórteres que estavam nas estações
entrevistaram, ao vivo, passageiros que tinham passado mal em
composição parada em túnel, alguns sendo
socorridos desmaiados pelos próprios usuários. Evidente
ponta de iceberg no despreparo do Estado para lidar com problemas que
envolvam grande número de vítimas.
O
governador, ao invés de admitir os problemas crônicos do
metrô de São Paulo, por cuja empresa é o
maior responsável, prefere procurar “inimigos sigilosos”,
máfias organizadas etc. Mesmo raciocínio sua excelência
apresentou quando as manifestações populares de junho
explodiram em 2013. Vindo de Paris, onde estava com o prefeito da
capital paulista, ele atribuiu as manifestações a
grupos organizados, porque, com idêntico raciocínio,
havia ocorrido “simultaneamente em várias capitais do país”.
Por aí, parece que sua argumentação é
circulante, como de alguém que não aprende com os
fatos, mesmo depois de uma histórica manifestação
popular diante da qual todos os políticos brasileiros saíram
diminuídos, inclusive ele, e que destruiu em poucos dias o mito, até
então inabalável, de que o primeiro governo do PT tinha
mudado o país. A insistente falácia tinha virado pó aos pés
do povo, ou de uma corajosa parte dele.
O
que torna a questão mais perturbadora na fala do governador é
a sua solução pela via da força policial para o problema
tão delicado de transporte de massa, onde a multidão já
está comprimida, o que não pode causar qualquer ameaça
de repressão policial entre uma massa humana encaixotada numa
estação? Tomara que a lembrança não
valha, mas a história repele com veemência a loucura dos
trens lotados na Alemanha conduzidos à repressão
militar até não deixar mais nada senão a
história da barbárie e da insanidade.
Elói Alves
Contos humanos
Para o mundo que eu quero descer! O caos se instala em nosso país, desmando, descaso...banalização da vida, inversão de valores...Precisamos equacionar tudo isto com a força de um povo que tem valor mas que se perde neste dissabor!
ResponderExcluirTem razão, Ira, totalmente; abraços gratos, amiga!
ExcluirProblemas de lá ,problemas de cá;Parece haver uma nova (?)cartilha circulando no meio político.Tal como o homem Adão para justificar sua "mordida na maçã",culpara a Eva ,assim os tais (indis)gestores dos nossos estados ,município , país;A culpa é do POVO.Pensam eles que querem o povo se autodestruir? Muito tensa estas situações,Elói!
ResponderExcluirPois é, Marilene; caótico mesmo; e nem falam mais na tal da "mobilidade urbana"; só sob pressão; muito grato, amiga, sempre!
ExcluirE o que pensar? Cada Governo que se apresenta!
ResponderExcluirPano para manga e manga para pano, já nem sei o que dizer quando observo o cenário político. Estamos a um passo do descontrole total ou estou vendo coisa?
Verdade, Beth; acho que nos sobra paciência e tolerância; esse sem noção, procurando quem acusar e desviar da questão principal: o caos. muitíssimo grato!
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