quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O METRÔ DE SP E OS TRENS DO NAZISMO

        Os problemas ocorridos ontem no metrô de SP não são coisas novas, todos nós paulistanos e circunvizinhos, que, mesmo eventualmente, usamos o metrô, já passamos por algum tipo de sufoco que nos rouba a respiração no interior das composições; não é de hoje que os passageiros entram por uma porta, na Sé ou no Brás, e são jogados para fora pela outra porta, por, obviamente, não caberem três pessoas no lugar de apenas uma. Depois, além da superlotação, os problemas de falhas técnicas têm sido recorrentes, não é esta a primeira vez que passageiros são obrigados a andar pelas linhas devido à paralisação de trens. Ontem foi apenas mais um dia em que os problemas se repetiram.
        Interessante foi a declaração do governador à imprensa hoje, onde diz: “Aumentar policiamento, segurança, câmera de vídeo e como a tecnologia evitar esse tipo de questão”(tumultos). Além desse enfoque na segurança, policiamento, isto é, tratar um problema de deficiência em serviço “público”, mas pelo qual os usuários pagam, como questão de polícia e bandido, passivo de repressão, o governador também argumentou que “dez pessoas acionaram o botão de emergência” ao mesmo tempo e que se trata “de grupos organizados”. Ontem, repórteres que estavam nas estações entrevistaram, ao vivo, passageiros que tinham passado mal em composição parada em túnel, alguns sendo socorridos desmaiados pelos próprios usuários. Evidente ponta de iceberg no despreparo do Estado para lidar com problemas que envolvam grande número de vítimas.
       O governador, ao invés de admitir os problemas crônicos do metrô de São Paulo, por cuja empresa é o maior responsável, prefere procurar “inimigos sigilosos”, máfias organizadas etc. Mesmo raciocínio sua excelência apresentou quando as manifestações populares de junho explodiram em 2013. Vindo de Paris, onde estava com o prefeito da capital paulista, ele atribuiu as manifestações a grupos organizados, porque, com idêntico raciocínio, havia ocorrido “simultaneamente em várias capitais do país”. Por aí, parece que sua argumentação é circulante, como de alguém que não aprende com os fatos, mesmo depois de uma histórica manifestação popular diante da qual todos os políticos brasileiros saíram diminuídos, inclusive ele, e que destruiu em poucos dias o mito, até então inabalável, de que o primeiro governo do PT tinha mudado o país. A insistente  falácia tinha virado pó aos pés do povo, ou de uma corajosa parte dele.
       O que torna a questão mais perturbadora na fala do governador é a sua solução pela via da força policial para o problema tão delicado de transporte de massa, onde a multidão já está comprimida, o que não pode causar qualquer ameaça de repressão policial entre uma massa humana encaixotada numa estação? Tomara que a lembrança não valha, mas a história repele com veemência a loucura dos trens lotados na Alemanha conduzidos à repressão militar até não deixar mais nada senão a história da barbárie e da insanidade.
Elói Alves
 
Contos humanos

6 comentários:

  1. Para o mundo que eu quero descer! O caos se instala em nosso país, desmando, descaso...banalização da vida, inversão de valores...Precisamos equacionar tudo isto com a força de um povo que tem valor mas que se perde neste dissabor!

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  2. Problemas de lá ,problemas de cá;Parece haver uma nova (?)cartilha circulando no meio político.Tal como o homem Adão para justificar sua "mordida na maçã",culpara a Eva ,assim os tais (indis)gestores dos nossos estados ,município , país;A culpa é do POVO.Pensam eles que querem o povo se autodestruir? Muito tensa estas situações,Elói!

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    1. Pois é, Marilene; caótico mesmo; e nem falam mais na tal da "mobilidade urbana"; só sob pressão; muito grato, amiga, sempre!

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  3. E o que pensar? Cada Governo que se apresenta!
    Pano para manga e manga para pano, já nem sei o que dizer quando observo o cenário político. Estamos a um passo do descontrole total ou estou vendo coisa?

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    1. Verdade, Beth; acho que nos sobra paciência e tolerância; esse sem noção, procurando quem acusar e desviar da questão principal: o caos. muitíssimo grato!

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