sexta-feira, 18 de outubro de 2013

QUANDO O ESTADO SE IGUALA AOS BANDIDOS

     O Estado, ao empreender sua política de tomada dos morros do Rio, apressada pelo advento da Copa, tem agido, repetidas vezes, como os criminosos que diz combater, torturando, assassinando e forjando provas contra suas vítimas para encobrir seus crimes. Depois do caso Amarildo, cuja denúncia partiu primeiramente dos protestos de ruas e que somente depois foi noticiado pela grande mídia com a muito posterior e consequente investigação e denúncia pelo Ministério Público, hoje foi a Vez de Manguinhos, onde a polícia atirou com arma letal em pessoas que protestavam contra a morte de jovem espancado por policiais  O uso de armas letais pela polícia do Rio em manifestação pacífica já havia sido registrada em vídeos e denunciada por manifestantes que registraram a ação de policiais - tanto fardados como à paisana - atirando em direção a manifestantes durante ato de professores na última terça feira, dia 15.
     Hoje, uma jovem de 17 anos foi baleada em uma manifestação na favela de Manguinhos, subúrbio do Rio, em repúdio à morte do jovem Paulo Roberto Pinho, que teria sido espancado e morto por PMs, na tarde desta quinta-feira (17). Ela foi encaminhada ao Hospital Salgado Filho, no Méier, também no Subúrbio, onde foi visitada pelo coordenador da Área de Polícia Pacificadora, Coronel Cláudio Halick.
      O fato é que as condutas dos agentes policiais não se mostram ações isoladas ou atos de explosão e descontrole emocional, ao contrário; a tortura não é uma conduta individual nem facilmente ocultável, como não o é a participação de policiais com arma  letal em protestos civis; essas ações são obviamente orquestradas. O problema é que esses abusos somente são apurados e punidos quando há forte questionamento popular. 
      Corrobora para a triste ideia da policia como órgão de repressão e violência planejada a fala do secretário de segurança do Estado do Rio de Janeiro nesta semana à imprensa, à qual disse que "o uso de bombas e balas de borracha pela polícia (contra cidadãos civis) representa um avanço", coisa extremamente lamentável. Para piorar, a própria mídia só divulga casos de abusos contra indivíduos anônimos quando estes casos são denunciados por mídias alternativas ou incorporadas aos temas dos protestos de rua, que felizmente têm surgido no país, como meio de denúncia dos abusos do Poder e de questionamento popular. O problema é que, ao agir fora e acima da lei, como um soberano, ou propriamente um tirano, o Estado se iguala aos piores bandidos que diz combater e se distancia ainda mais dos cidadãos que formam a sociedade desacreditada da justeza e da justiça do Estado.
Elói Alves



contos humanos

próximo livro do autor  será lançado em novembro

3 comentários:

  1. "sou eu guardador de meu irmão?..."Lembrei-me desta passagem bíblica ao ler seu texto;O que deveria guardar,zelar pela vida do irmão,mata-o por razões vis.O estado ,de igual modo deveria ser aquele que zelaria e garantiria o direito do cidadão que também cumpre com seus deveres civis,estando o estado cumprindo ou não com sua parte;Diferente,o que estamos observando é o total descaso e descomprometimento com os mesmos:rouba,mata e acaba com a dignidade humana e põe a arma do crime nas mãos do indivíduo inocente,TENTANDO,encobrir os próprios delitos.Amei,Elói!

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    1. Muito grato, Marilene, sua reflexão é profunda, memorial e expõe-nos à verdade, que é triste, infelizmente; abraço, amiga!

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  2. Leonice Rocha (pelo face...) Essa situação Eloi Alves , esta mais pra uma competição entre politicos e bandidos etc que direitos e cumprimentos do que realmente deve,onde se vê avanço com balas de borracha? O que se percebe são os descaso com os direitos humanos avançam sim em passos rápidos e sempre apontando uma vitima como culpado né? Muito bom texto amigo parabens aprecio muito ler os seus escritos,obrigada por compartilhar !!! Abraços

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