Não insistam! Nesta noite não irei ao baile!
Deixa-me estar só em casa e em silêncio
Pois não poderei festejar com o meu eu calado
Só o silêncio cabe ainda no meu íntimo
Os demais partiram, incabíveis
Os que festejam querem outras casas
Não celebrarei o exterior que não me representa
Nem darei engodos doces à minha enfermidade
Meus ouvidos já não seguem a banda
Nem sua música ecoa no meu quarto
Gozem e festejem e venham amanhã
Partilharemos juntos o pão e o silêncio
Elói Alves (do livro Sob um céu cinzento)
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Eloi
ResponderExcluirGosto disto. A fidelidade aos sentimentos e a contemplação.
Gosto disto, de apenas o silêncio ser fiel e permanecer contigo, enquanto os outros sentimentos e estados de espírito passeiam fora de ti, procurando lugares festivo. E encantei-me com a forma que banalizas o exterior, preferindo tuas verdadeiras convicções e não se permite enganar sua solidão com prazeres supérfluos que te enganariam apenas.
Retratas bem o desejo do silêncio quando esqueces a banda – lembrei-me de Chico e a sua que todos criam ser para si – e não permites que o externo invada teu interior, tua intimidade, aqui representada por teu quarto.
Percebo que o silêncio permite que outros vivam suas vidas, sem que te faça infeliz, que seria algo compreensível. Ainda deixas aberta as portas para que voltem amanhã, ressacados da alegria anterior e queiram repartir o pão e o silêncio. Deixa aberto também o espaço para o amor. É como se dissesse: é amor que queres e não festa, venhas amanhã. Hoje nem mesmo o pão quero.
Amei.
Digo amor pois particularmente acho que a mesa, o pão mais precisamente, são símbolos do amor maduro, de partilha e comunhão, que não significa festa e sim companheirismo.
Parabéns!
Elisabeth Lorena Alves
Muitíssimo grato, Beth, por sua gentil leitura e por sua análise profunda e feliz, sem "academicismos"; beijos gratos, querida.
ExcluirDifícil acrescentar algo às belas considerações de Beth!
ResponderExcluirSorvo indelével seu poema.
Obrigado, caríssima Ira; beijos gratos, amiga!
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