quinta-feira, 14 de julho de 2016
LIVROS DO ESCRITOR ELÓI ALVES
O artista plástico Edu Diniz, ilustrador de Histórias do tio Gerbúlio, novo livro do escritor Elói Alves
sábado, 9 de julho de 2016
A IGNORÂNCIA COMO PROJETO DE DOMINAÇÃO NACIONAL
A
ignorância e a má educação sistêmica no Brasil não é- e nunca foi- consequência
da ausência do Governo em sua gestão; pelo contrário, é exatamente o seu grande
projeto juntamente com os donos do poder cujo plano, infelizmente bem sucedido,
consiste em acumular para si toda a riqueza do país, mantendo as camadas
inferiores, que produzem essa riqueza com seu trabalho, afastadas dos benefícios
dele pela inconsciência de sua exploração e satisfeitas com migalhas que lhes
devolvem e iludidas com o circo montado para lhes entreter.
Esse
projeto nacional, prioritário para o governo e para a elite econômica a quem os
governantes servem, não é algo novo, apesar de todos os problemas que vemos
aparecer a cada dia; ele vem da dominação colonial escravocrata, do voto
restrito a minorias proprietárias dos latifúndios onde se produzia o açúcar e,
depois, o café para exportação. Com a industrialização, as lutas dos
trabalhadores por garantias de direitos, melhores salários, melhor saúde e
melhor educação, sempre foram tratadas como coisa a ser combatida com uso da
força, para cuja tarefa o primeiro instrumento sempre foi a polícia, como hoje,
equipada com balas de borracha e outros instrumentos para frear as lutas
sociais.
O grande
projeto do governo, e dos governos, para manter as classes oprimidas
"pacificadas", isto é em ordem e fazendo a ecomomia progredir, como
definia a máxima positivista "ordem e progresso", se dá de um modo
mais sutil, como se diz em diplomacia: "soft power", uma dominação
suave, um poder sutil ou "doce". Esse projeto histórico e perverso
aparece, aliás, como uma aparente ineficiência dos governos em educar o povo, em
gerir bem os programas essenciais da sociedade. No entanto, essa ineficiência é
algo enganoso; o projeto para manter a maioria dos trabalhadores que produzem a
riqueza dos país fora dos resultados dele é muito bem sucedido, ele se
concretiza na perpetuação da ignorância, do fornecimento de noções básicas para
a classe trabalhadora se inserir no sitema de produção, sem, entretanto,
entender bem os mecanismos de exploração de seu próprio trabalho.
A má
educação que se tem no Brasil não é, portanto, algo que surge de uma má
administração do sistema educacional, ela é um projeto meticuloso que consegue
manter milhões de pessoas afastadas da riqueza que ela mesma produz sem que se
aperceba de como de se dão as coisas. Tragicamente para a maioria da apopulação
e projeto tem sido algo contínuo, cruel e duradouro no Brasil.
Elói Alves
Elói Alves
sexta-feira, 8 de julho de 2016
A POLÍTICA E O AMOR ENTRE PAI E FILHO
Domingo,
à espera do almoço, pai e filho conversam ao sofá da sala. O pai tenta costurar
os rumos da conversa:
-Basta de amores! Troquemos de assunto!
-Mas estou curioso desses seus namoros
antigos, pai.
-Realmente, são coisas antigas. Falemos de
política, que a grande rainha, que é tua mãe, vem chegando...
-Mas
política...?
-Melhor! Falemos de políticos, mas dos
grandes, dos maiores.
-Não
sabia deste teu interesse...
-Sim,
interessam-me os grandes, os grandes homens. E onde será, senão na política,
que os teremos? Sim, na política, como ciência e como vocação.
-É
Weber, não é?
-Sim!
Weber emergiu de uma época política esplendorosa, a magnífica transição do
século que deu à luz à ciência política para o século da tecnologia, para o
saber avançado, para o entendimento entre os homens.
-Entendimento...?
Mas justo aí, a guerra...
-Sim! A primeira grande guerra deu-se
nesse tempo e coube aos seus grandes homens a condução do mundo que herdamos,
cheio de progressos. Mas deixa-me ir adiante, lembrando de alguns nomes...
-Claro!-
fez o rapaz com um gesto para que o pai prosseguisse.
-Veja que
mente teve o grande estrategista político que foi Maquiavel! Que visão de
mundo! Que amplitude de percepção! Sem ele certamente a Itália não seria hoje a
Itália que conhecemos, unificada e sólida. Todos seus sucessores - e não só em
sua terra - grandes e pequenos, beberam em sua fonte: O Príncipe. Veja também
D. Sebastião...
-O
português? Mas o pai fala assim só dos antigos...
-Sim. Este rei das conquistas sobre os
mouros, de tantas glórias, de tantas vitórias, deixou também o legado da
esperança de sua volta, que é também a esperança de felicidades para os homens.
-Um mito,
um ideal...
-Sim. E está aí a outra face de sua
força. Como o sangue de Caim, que, depois de morto, clama aos céus desde a
terra.
-Mito e transcendência...
-Ambos
dentro da política, que é a realidade. Sem política não há sonho - e ela já é sonho
– sem sonho não há esperança e não há transcendência. A transcendência só pode
surgir da política e do sonho, que é a realidade e a esperança de mãos dadas.
Da realidade junta com a esperança transcende-se para um novo mundo.
-Não sei... não consigo ver isso assim
no meu tempo...
-Fiquemos um pouco em terra lusa. Quem
senão a esperança sebastiana para gerar as conquistas e glória de seu povo? A
expansão de seu reino e de sua política para civilizar tantos povos, para levar
a ciência e propiciar a transição dos novos mundos para a prosperidade nunca
imaginada, para um salto tão amplo em tempo tão curto, surgindo a ciência e a
felicidade no reino e no seio da política.
-Mas a história também está manchada de
sangue; as disputas desiguais, o extermínio do vencidos...
-Sim! Mas veja, disputas passageiras de
dois mundos que se cruzam em um breve tempo. O que chega, faz breve sombra ao
que se vai, e que se demora ainda, a contemplar o noviço e esplendoroso que o
substitui. É a vida! A vida saudada pelo seu tempo, viçoso e jovem, esbelto e
risonho.
O pai ergue-se um pouco e pega um
cigarro em cima da cômoda, o filho vai à janela e vê a mãe saindo, e logo
volta-se a ouvir o pai, que continua:
-E a
morte, no derradeiro minuto, no último instante do velho edifício que tomba e
se vai; vai-se, para o encontrar de seus iguais, que já se foram e o chamam
para o lado de si, para um sono único.
O filho,
desviando-se da fumaça, interrompe de novo a fala do pai:
-Já
podemos voltar a falar dos seus amores, pai, que a mãe saiu para os lados da
feira.
O pai,
apagando o cigarro, volta à história de seus amores antigos, com a mesma paixão
e saudade com que há pouco falava de política antiga, como se esta fosse nada
mais que uma imagem ou metáfora de alguma deusa escondida em sua época juvenil.
Elói
Alves
domingo, 26 de junho de 2016
AS URNAS ELETRÔNICAS PARA ELEIÇÃO DESTE ANO JÁ ESTÃO NO TSE
As urnas eletrônicas que serão utilizadas neste ano nas eleições municipais em SP já estão no Tribunal Regional Eleitoral - TSE -, como registrou este blog, nas fotos exclusivas abaixo. As próximas eleições terão pelo menos três candidatos que já administraram a cidade, além de outros com apoio de grandes partidos; mas os políticos sentirão com certeza o peso das investigações da Lava Jato e os receios dos eleitores diante das turbulências políticas e econômicas.
Este prédio do TSE (abaixo), localizado Rua José Bonifácio no centro de SP, esteve ocupado há poucos meses pelo Movimento Sem Teto, que foi retirado pela polícia, sob medida judicial.
quarta-feira, 8 de junho de 2016
segunda-feira, 16 de maio de 2016
HISTÓRIAS DO TIO GERBÚLIO - Tarde de autógrafos - imagens
Tarde de autógrafos do livro Histórias do Tio Gerbúlio, na Feira Literária de São Paulo, na Galeria Olido. Histórias do Tio Gerbúlio, 5º livro do escritor Elói Alves, tem ilustrações do artista plástico Carlos Eduardo Diniz, publicado pela Ed. Essencial, está à venda por 25,00.
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