Uma multidão de fãs, quase todos com camisetas pretas onde figurava foto de Raul Seixas, lembrou hoje, 21, no centro de São Paulo, os vinte e três anos de sua morte, aos quarenta e quatros anos em seu apartamento. Entre os fãs, uma diversidade impar de seus sósias seguia cantando suas músicas. Interessante como uma enorme quantidade desses fãs são de jovens que não o viram vivo, mas que vibram com suas músicas, que satirizavam a sociedade de sua época e continuam, ainda hoje, com uma crítica ácida à nossa mediocridade.
Elói Alves
terça-feira, 21 de agosto de 2012
domingo, 19 de agosto de 2012
AS PÍLULAS DE JESUS CRISTO, meu novo livro
Amigos, hoje, domingo, terminei meu novo livro, um romance: 'As pílulas de Jesus Cristo' que espero lançar com meu livro de poesias 'O homem e o mundo', ambos estão já com o editor Eduardo Lacerda e refletem as minhas concepções da arte e minhas observações do homem e do mundo. O romance corre interio em um pequeno trecho urbano, a bem dizer, quese inteiro em uma praça, famosa nacionalmente, mas torna-se, ali, um microcosmo, um mundo em agitação plena. As poesia refletem minha produção mais recente, escritas, como o romance, nos últimos dois meses. A publicação está nas mãos do Eduardo, que quer lançá-los separadamente, ao contrário de minha primeira ideia. Espero que gostem! Obrigado!
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
O CONCRETO E O HOMEM
O concreto ergue-se acima dos homens
Embrulhados em multidões, movendo-se
E risca-se nas memórias, fixando-se no tempo
Emprestando sombras aos passantes abatidos
Passa-tempo de olhos distraídos, encurtados
Que desviam-se de seus iguais, timidamente
Sem asas que os levem ao extremo azul- cinzento
De admiração opaca, sem êxtase, sem orgasmo
Espalha-se em montoeiras sem vida, estática
Ordenando o espaço e neutralizando seres
Ocupando as vidas e sediando a morte
Habitações de dores, de vergonha, de choro
E persiste exigente, imperando em tudo
Sem o resistir, arruínam-se os velhos símbolos
Caem à vala como os homens indigentes
Apagam-se os rastros, os caminhos, os cursos
Frialdade rígida ocultando corações enrijecidos
Esconderijo de mil sonhos amedrontados
Protegendo as desilusões entreabertas
Entre perigos, medos e mudez empedernida
Elói Alves
Embrulhados em multidões, movendo-se
E risca-se nas memórias, fixando-se no tempo
Emprestando sombras aos passantes abatidos
Passa-tempo de olhos distraídos, encurtados
Que desviam-se de seus iguais, timidamente
Sem asas que os levem ao extremo azul- cinzento
De admiração opaca, sem êxtase, sem orgasmo
Espalha-se em montoeiras sem vida, estática
Ordenando o espaço e neutralizando seres
Ocupando as vidas e sediando a morte
Habitações de dores, de vergonha, de choro
E persiste exigente, imperando em tudo
Sem o resistir, arruínam-se os velhos símbolos
Caem à vala como os homens indigentes
Apagam-se os rastros, os caminhos, os cursos
Frialdade rígida ocultando corações enrijecidos
Esconderijo de mil sonhos amedrontados
Protegendo as desilusões entreabertas
Entre perigos, medos e mudez empedernida
Elói Alves
sábado, 11 de agosto de 2012
MINHA LEITURA NA 22ª BIENAL COM OUTROS AUTORES
Neste domingo, 12, estarei participando, com outros escritores, de leituras de crônicas que compõem o livro 'Sob o céu da cidade'(Ed. Moderna 2011) no estande da SME- Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O estande da SME estará na rua J30 e minha parcipação ocorrerá às 14 horas. A organização da Bienal disponibilizará ônibus gratuito nas estações Tietê e Barra Funda do metrô. Estudantes pagam meia entrada e profesores têm gratuidade.
Elói Alves do Nascimento
Elói Alves do Nascimento
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
AZIRALDO, O AZARADO
Chamam-me Aziraldo e estou em férias e de repouso. E meu descanso agora se estenderá para além dos meus dias de folga.
Mas acham que estou sob meus planos? Pois que não. Se querem saber quais eram, já lhes digo: ia à praia, escrever uns sonetos na areia.
Mas eis que choveu no primeiro dia. E choveu a tal ponto que recolhi as malas a um canto e fui à janela ver se passava. Mas as ruas foram se enchendo, mais e mais. No segundo e no terceiro dia pouco mudou. Parava a chuva, vinha a garoa. Cessava o trovão, vinham os raios.
-Que venha o dilúvio, seu São Noé!
Mudei de planos: fui à estante e peguei de um livro. Mas, hahhhh! Pensam que eu perco o pique? Fui atrás de umas redes que ganhei de uns índios quando fui anos atrás à Amazônia. Coisas boas e invejáveis! Todas trançadas artisticamente no cipó. Mas onde andavam? Os cipós ainda tinham pernas.
Não perdi tempo. Fui à cama e puxei do lençol, que me veio sorrindo, malicioso. Oh, terei minha rede, pensei.
Finquei-o entre a janela, dando-lhe um nó cego, e um gancho na parede oposta. Saquei do livrinho, e para que ler..., se eu podia comtemplar a chuva e me vingar dela, superiormente?
Foi o que fiz. A tal ponto que relaxei e balancei.
Vezes e vai!
Vezes e vem!
Já chego ao Japão,
Já volto ao Brasil!
Quando meu primo entrou pela sala, lancei-lhe as poesias levemente pelos ares e lhe gritei:
-Oh, Luis, vais de Camôes?
Ele não ia nem foi. Correu ao meu encontro, quando viu que o lençol se rompia, ralando na coluna da parede. E, antes de qualquer coisa, fui eu imediatamente ao chão.
Abrevio, caro amigo e simpática amiga. Escrevo-lhes do hospital. Estou de bruço e enfaixado por toda as costas, que é agora navegada por umas coceiras irritantes que não acabam nunca e que não posso coçar.
Meu primo, pensando em amenizar meus dias sobre essa cama estreita e dura, trouxe-me as poesias de volta; porque, certamente, serviria agora mais a mim que a ele, que ia à praia, já que o sol saiu e já queima forte.
Mas espera! Deixa fazer que estou dormindo, que a enfermeira lá vem com remédio amargo e sopa sem sal.
Elói Alves
Mas acham que estou sob meus planos? Pois que não. Se querem saber quais eram, já lhes digo: ia à praia, escrever uns sonetos na areia.
Mas eis que choveu no primeiro dia. E choveu a tal ponto que recolhi as malas a um canto e fui à janela ver se passava. Mas as ruas foram se enchendo, mais e mais. No segundo e no terceiro dia pouco mudou. Parava a chuva, vinha a garoa. Cessava o trovão, vinham os raios.
-Que venha o dilúvio, seu São Noé!
Mudei de planos: fui à estante e peguei de um livro. Mas, hahhhh! Pensam que eu perco o pique? Fui atrás de umas redes que ganhei de uns índios quando fui anos atrás à Amazônia. Coisas boas e invejáveis! Todas trançadas artisticamente no cipó. Mas onde andavam? Os cipós ainda tinham pernas.
Não perdi tempo. Fui à cama e puxei do lençol, que me veio sorrindo, malicioso. Oh, terei minha rede, pensei.
Finquei-o entre a janela, dando-lhe um nó cego, e um gancho na parede oposta. Saquei do livrinho, e para que ler..., se eu podia comtemplar a chuva e me vingar dela, superiormente?
Foi o que fiz. A tal ponto que relaxei e balancei.
Vezes e vai!
Vezes e vem!
Já chego ao Japão,
Já volto ao Brasil!
Quando meu primo entrou pela sala, lancei-lhe as poesias levemente pelos ares e lhe gritei:
-Oh, Luis, vais de Camôes?
Ele não ia nem foi. Correu ao meu encontro, quando viu que o lençol se rompia, ralando na coluna da parede. E, antes de qualquer coisa, fui eu imediatamente ao chão.
Abrevio, caro amigo e simpática amiga. Escrevo-lhes do hospital. Estou de bruço e enfaixado por toda as costas, que é agora navegada por umas coceiras irritantes que não acabam nunca e que não posso coçar.
Meu primo, pensando em amenizar meus dias sobre essa cama estreita e dura, trouxe-me as poesias de volta; porque, certamente, serviria agora mais a mim que a ele, que ia à praia, já que o sol saiu e já queima forte.
Mas espera! Deixa fazer que estou dormindo, que a enfermeira lá vem com remédio amargo e sopa sem sal.
Elói Alves
Leia o primeiro
capítulo de As pílulas
do Santo Cristo romance de Eloi
Alves:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
BICHOS URBANOS
Os urubus sobrevoam a cidade, aspirando-a
Abaixo, pombos e pardais dispersam-se
Ao solo, os homens exalam desencantos
Que sobem e espalham-se como carbono
Será a cidade como os homens que a habitam
E estes como os bichos que os circundam
Sobrevivem e se compõem mutuamente
Ou se degradam para o mesmo fim?
Acabarão os homens como bichos esquálidos
Que se arrastam pela terra misturando-se ao pó
E erguem-se revoltos e imponentes, querendo a lua
Para logo curvar-se, lambendo o chão?
Elói Alves
Abaixo, pombos e pardais dispersam-se
Ao solo, os homens exalam desencantos
Que sobem e espalham-se como carbono
Será a cidade como os homens que a habitam
E estes como os bichos que os circundam
Sobrevivem e se compõem mutuamente
Ou se degradam para o mesmo fim?
Acabarão os homens como bichos esquálidos
Que se arrastam pela terra misturando-se ao pó
E erguem-se revoltos e imponentes, querendo a lua
Para logo curvar-se, lambendo o chão?
Elói Alves
terça-feira, 7 de agosto de 2012
O HOMEM DO SUBSOLO
Vejo os vulcões dormentes despertarem-se
Rasgando as correntes centenárias que os sustinham
E avançam sobre tudo com ímpeto enraivecido
Arremessando às profundezas tudo que lhe pisava
E anseio por sua lição aos homens subjacentes
Mas o homem do subsolo nada sente à cabeça
Ignora-se há tanto tempo como as múmias do deserto
Vazio de forças que o façam emergir
Passa seus dias como se não passassem, despercebido
E cochila e dorme e ronca e exala a indolência
Elói Alves
Rasgando as correntes centenárias que os sustinham
E avançam sobre tudo com ímpeto enraivecido
Arremessando às profundezas tudo que lhe pisava
E anseio por sua lição aos homens subjacentes
Mas o homem do subsolo nada sente à cabeça
Ignora-se há tanto tempo como as múmias do deserto
Vazio de forças que o façam emergir
Passa seus dias como se não passassem, despercebido
E cochila e dorme e ronca e exala a indolência
Elói Alves
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