Era
domingo. Dona Prudência, pela primeira vez desde que se casara,
tinha caído doente e, muito contrariada, se sujeitou às
ordens do médico, que lhe receitara repouso absoluto e
algumas pílulas amargas, que ela tomava com café e o
dobro de açúcar.
Gerbúlio,
solícito em tudo, deixou a missa e o costumeiro passeio na
feira para substituir a mulher nas tarefas de casa. Mandou que o
menino brincasse no quintal, à frente da porta, e principiou o
serviço com uma varredura geral. Depois passou ao fogão,
de onde, deixando o feijão no fogo alto, correu ao tanque,
ensaboando e esfregando as roupas que a mulher separara na véspera.
Depois
de verificar onde Gerbulinho brincava, saiu em vistoria pela casa à
cata de outras roupas sujas. À porta do banheiro, passou a mão
numa toalha molhada e perguntou à mulher, parando na entrada
do quarto:
-Oh,
meu bem, não tem por aí mais alguma roupa precisando
lavar, só encontrei aqui esta toalha?
-Ora!-
disse de dentro a mulher- têm esses panos de bunda aí do
teu filho no cesto. Tu não tem nariz, não, homem?
Jão Gerbulius Sobrinho
Lançamento do livro Contos humanos, de Elói Alves (imagens)
Exemplo de homem! Demonstração de carinho e do dever que um dia assumira “na saúde e na doença”;Exemplo de pai demonstrando zelo e cuidado pela integridade física do garoto quando brincava ante a sua visão de alcance.Perfeito,não fosse uma leve deficiência olfativa,segundo a Dona Prudência.Muito bom ,Elói já sentia falta dos seus textos que tanto me trazem satisfação em lê-los.Beijos!
ResponderExcluirGrato, Marilene! Sempre excelente suas análises, adorei o humor olfativo; bjos gratos, amiga!
ResponderExcluirMais que nariz, lhe falta "noção" mas se o que vale é a intenção...rs. Do tio Gerbúlio jamais falo mal!
ResponderExcluirTambém acho que ele tem crédito, Ira! Bjos gratos, amiga!
ResponderExcluirEste Gerbúlio se sái sempre com estas!
ResponderExcluirQue narizinho sacana, nem para sentir os cheiros do filho!