Teresa
e o namorado tinham ido ao cinema assistir Tudo vai bem na República
de Eldorado. Quando saíram do estacionamento do shopping
perceberam o tumulto entre os carros parados no congestionamento e a
moça definiu o cheiro insuportável que enchia o ar:
-Nossa,
que cheiro de enxofre!- disse ela.
Quando
desceram, se juntando aos populares, viram uma fumaça preta
saindo do pneu traseiro do carro importado que os bandidos pararam à
bala. Mesmo blindado e com o motorista tendo curso de direção
defensiva, o carro foi interceptado.
Os
bandidos, que estavam mais à frente, todos mascarados, exigiam
mais dinheiro de um homem engravatado, que lhes passara uma mala de
dinheiro que trazia na mão. Os populares, antes que os
bandidos, reconheceram a vítima. Tratava-se do deputado
Gerdebaldo de Albuquerque Liso e Silva Raposo do Bom Fim Neto.
Como
os meliantes achavam insuficiente, para recompensar seus esforços,
apenas uma mala recheada de dinheiro, o deputado, que jurava às pistolas não
trazer mais nenhum nos bolsos, nem nas meias nem na cueca ou nos forros da gravata, pediu ao
bandido, que lhe apertava a goela pelo colarinho branco, uma “licencinha” e fez um
breve e empolado discurso ao povo para que este contribuísse
com qualquer coisa de que dispusesse, para solução
daquela situação tão grave pela qual passava um
representante deste mesmo povo, defensor incansável da
sociedade, das sagradas Instituições republicanas e da
intocável democracia. Não havia ainda terminado com "conto com vossas gentilezas" quando foi interrompido.
-Gasolina!
Gasolina! Gasolina!- gritaram os populares em um som uníssono
cada vez mais forte, formando um coro em que parecia só haver
tenores.
O
deputado, vendo que alguns, com pressa de colaborar, já, efetivamente, se dispunham a buscar galões
e mangueiras e outros corriam a um posto adjacente, deu ordens aos
ladrões que o detinham:
-Vamos
sair daqui rapidamente e resolvemos isso entre nós mesmos.
Algum
tempo depois chegou a polícia, que nada ao certo pode apurar
senão a informação de um bêbado, segundo
quem o deputado chefiava uma gangue de bandidos mascarados e que
tinham sequestrado o dono do carro importado.
Elói Alves
Conheça e adquira os livros do autor:
http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html
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Outros textos:
Que nó! e volta a máxima do ladrão que rouba ladrão... mas este caso é bem especial visto que para roubar ainda mais o povo o bandido político usa de contratados bandidos?? Esses espertos que fiquem espertos pois o povo já não possui mansidão!! rs
ResponderExcluirtem razão, Ira, paciência de mais é doença; bjos gratos, amiga!
ExcluirPois é, Ira, os ladrões, parece, acabam perdoados em muitos casos; muito grato, amiga!
ResponderExcluirSacanagem da pura!
ResponderExcluirTexto maravilhoso sobre alguém bem possível de acontecer, já que sermos roubados pelo político de cuecas e gravatas recheadas nós já estamos...
Pois é Beth, triste sociedade onde a roubalheira é lugar comum; bjos gratos!
ExcluirAh,os cheiros! Há os que conservam um olfato apurado,percebendo de longe os maus cheiros que nos rondam.Qualquer semelhança aqui seria mera coincidência? Ouso dizer que não"a vaquinha" para ajuda aos "pobres milionários coitados" tá na moda,bando de sangue-sugas! O bêbado sóbrio teve razão quanto a verdadeira identidade da vítima do assalto:Chefe da quadrilha.Adoroo,Elói!
ResponderExcluirBem lembrado, Marilene; será que o leite da vaquinha não é podre? bjos gratos, amiga!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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