segunda-feira, 24 de junho de 2013

A REAÇÃO CONSERVADORA CONTRA O GRITO DAS RUAS

         Passado o impacto inicial das manifestações e protestos que se espalharam pelo país, partido da rejeição popular ao aumento dos preços do transporte público para a cobrança de mudanças na política brasileira, que se fortaleceu sobretudo a partir da repressão estatal ao Movimento Passe Livre em São Paulo, o discurso conservador e reacionário se articula contra os gritos das ruas. Essa articulação tem se evidenciado em mensagens transmitidas pelas redes sociais e pelo modo como importante parte da imprensa brasileira cobre as manifestações e, importantíssimo, como vários analistas e comentaristas comprometidos com o sistema em funcionamento têm se posicionado sobre os movimentos nas ruas.
            A primeira medida dos conservadores contra os protestos ecoou ainda nos primeiros momentos dos gritos contra o reajuste do preço do transporte em São Paulo, quando o governador do Estado tentou criminalizar os manifestantes, chamando-os todos de vândalos. Tentativa parecida usou o Governo Federal na fala da presidente, para qual tratava-se apenas de "uma manifestação comum a jovens”, portanto sem relevância social e, ainda nesse plano, a oferta do ministro da justiça, logo de início, que consistia no fornecimento de mais força militar com a guarda nacional para reprimir a manifestação popular.
          A estratégia seguinte, com inoperância da repressão policial e com o crescimento da população nas ruas, efetivou-se com a “racionalização” das críticas ao movimento de ruas, caracterizando-o como fascista e antidemocrático, pois o grito expandiu-se numa rejeição aos partidos políticos que constituem o governo. Na verdade, nada havia ou há de antidemocrático no movimento e sim uma forte crítica aos sistema político atual no país, abertamente corrompido e corruptor e que, amarrada a sociedade, tenta agora amarrar as mãos de outras instituições, como o Ministério Público, através por exemplo do Projeto de Emenda Constitucional número 37, a PEC 37 (Aprovada em comissões por políticos como Paulo Maluf e João Paulo Cunha do PT, condenado pelo STF , e a PEC 33 cujo objetivo e limitar o Superior Tribunal Federal- STF, responsável pela condenação de políticos corruptos que ainda mantêm mandatos no Congresso. 
        Quanto ao papel de parte relevante da imprensa, que consiste no interesse em manter o atual estado de coisas no país dá-se pelo modo como cobrem as manifestações, minimizando as proporções das manifestações pacíficas e destacando seu tempo à atuação de criminosos que cometem crimes, que são obviamente em números muitíssimos inferiores e que atuam por falta de adequada estratégia do policiamento, existindo mesmo sem que haja manifestações na s ruas. Por sua vez, os analistas políticos que atuam contra o movimento o fazem de um modo sutil, atribuindo-lhe um vazio de propostas, um caráter juvenil ou destacando posturas de pessoas apartidárias como se fossem antidemocrático, o que é uma tentativa articulada para destruir a força do movimento.
           Toda essa reação dos opositores das manifestações são fruto do medo de mudança, de perderem o que estão levando do atual sistema. As mudanças sempre são preocupantes para quem está por cima. A imprensa acomoda-se com o governo, por mais injusto que seja para a maioria da sociedade, pois lucra com ele de vários modos, como pelos investimentos e anúncios estatais nessas empresas; os analistas têm suas vantagens, como bolsas para pesquisas, cargos  e outras vantagens e os partidários do governo ligam-se a ele pelo menos passionalmente.
           Enfim, os reacionários rapidamente colocaram suas armas para funcionar, mas não foram capazes de calar esse grito autêntico das ruas, porque é tão legítimo, tão vivo, soante nos ouvidos de todo o mundo, e sua energia o precede, pois foi acumulada desde tempos, de anos nos quais o Estado insensível lhes deu as costas e a política corrupta lhe encheu de males. Mas a consciência também lhe soa claro: é preciso manter-se firme e atuante.
    Elói Alves

    O PRONUNCIAMENTO DE DILMA E A DECÊNCIA QUE AS RUAS PEDEM

    Leia o prefácio do romance "As pílulas do Santo Cristo" de Elói Alves

    Primeito capítulo:

    Segundo Capítulo:

2 comentários:

  1. Não se trata de uma insatisfação isolada estas manifestaçoes que vimos pelo Brasil afora;Não se trata mesmo de um bando de jovens sem visão política;as mazelas como andava o Brasil era visível ao mais leigo dos cidadãos que com um mísero salário mínimo,e algumas migalhas dada pelo governo ,mal dava sobreviver,a inércia impedia alguns de reagir mas como uma brasa viva surgida de uma porção de cinza faz acender a chama de novo que hoje arde forte e se alastra Brasil afora.O povo não pode mesmo parar de marchar,Elói!!Chega de tanta opressão!!

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  2. Vamos instaurar a decência , instalar a confiança e consolidar a mudança!!

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