Epígrafe: "O dinheiro que compra o pão dos pobres comprou antes o divertimento dos abastados" Machado de Assis
A relação capital/trabalho no Brasil não pode ser bem analisada sem um olhar que se dirija às suas contradições históricas, cujas origens vão lá séculos atrás, no período da colonização portuguesa. Neste contexto amplo é que se deu o formato rigoroso de suas relações, excludente e limitador, por um lado, e lucrativo e opressor, de outro.
Primeiramente, ao observar as implicações entre trabalho e lucro na formação de nossas relações, deve-se ter em conta o modelo rígido das condições impostas, com funções definidas como imutáveis que, passando pelo uso do escravo como meio de produção não-remunerável no latifúndio, objetivava, ao fim, apenas o lucro do senhor proprietário do engenho de açúcar e os tributos da Metrópole.
As mudanças no sistema político ocorridas no país, mesmo gerando expectativas, não produziram reformas na estrutura das relações entre capital e trabalho. Isto é, o trabalhador das fábricas, substituindo os escravos, não retiram do que produzem o mínimo para uma alimentação digna e para um básico cuidado do corpo, com o qual “fabricam” o lucro para os ocupantes do lugar dos senhores de engenho, que são, hoje, os empresários.
Desse modo, às mudanças políticas da sociedade brasileira, das recentes às mais remotas, jamais corresponderam quaisquer tipos de reformulação na estrutura das relações de trabalho e destinação do lucro, que continua, portanto, fundada na exploração e exclusão de uns, ou seja, dos trabalhadores (a maioria), e no enriquecimento de outros (a minoria), que são os ocupantes das classes abastadas, que decidem junto ao governo os destinos de todos os demais.
Elói Alves
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens populares (letrófilo 2 anos 22/6)
-
Riquíssima em possibilidades interpretativas e uma das músicas mais marcantes que retrataram as terríveis ações do regime ditatoria...
-
Entre meus cinco e doze anos morei em mais de uma dezena de casas. Como não tínhamos casa própria e éramos muito pobres, mudávamos ...
-
O Brasil não tem monarquia, já há mais de cem anos, mas tem reis, diversíssimos, inumeráveis. E como um rei não vive com pouc...
-
Falo de uma notícia velha. Há alguns meses, faz quase um ano, os jornais deram a notícia acima, não exatamente com estas palavras...
-
Teresa e o namorado tinham ido ao cinema assistir Tudo vai bem na República de Eldorado. Quando saíram do estacionamento do shoppin...
-
Há dias que me nutre uma angústia, Poros adentro, formigando sutilmente Potência se fazendo pela ausência De tudo, de nada, de mim mesmo ...
-
"Um rei, longe de proprcionar subsistência a seus súditos, tira deles a sua" Rousseau, Contrato Social Acabo de vir...
-
Confesso a você que nunca fui fã de minha sogra. No início até que tentei. Fiz vários discursos, todos retórica e politicamente corr...
-
Prefácio para o livro Contos e Causos Notariais , de Arthur Del Guércio Neto, professor e jurista O presen...
-
Dona Maria morreu numa tarde em que as flores da primavera se abriam no imenso jardim das terras que ela herdara de seus antepassados e ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário