sábado, 15 de novembro de 2014

A OPERAÇÃO LAVA JATO E A BLINDAGEM DA PRESIDÊNCIA

 
Nova estratégia do governo do PT para proteger Dilma é dizer que ela mandou investigar Petrobras e demitiu os corruptos. Será que pega esse discurso? Será crível, pra quem? Se a PF conseguir chegar até ela qual será a estratégia petista? Será que ela defenderia também seu padrinho em cujo governo estava o ex-diretor Renato Duque que está preso na Polícia Federal e é responsável por mais 100 milhões de dólares desviados da Estatal brasileira?
Perguntero

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O PAÍS DO ENGANO


          O Brasil é o país do engano.
       Tem, historicamente, uma economia que sempre gerou muito dinheiro com exportação primária, desde o açúcar e o café, e, ao mesmo tempo, um dos mais vergonhosos níveis de baixo desenvolvimento humano; com constante guerra civil entre bandidos no Rio e na periferia de grandes cidades, traficantes e polícia, problema ignorado propositadamente pelo Estado, enorme estatística de assassinatos, ridícula qualidade dos serviços públicos, incluindo aí a qualidade da educação da creche ao superior, o subemprego mascarado, os desmandos na saúde pública e até mesmo nos planos privados; com verbas não devolvidas da enorme taxa de impostos, das mais elevadas do mundo; da corrupção que sempre se amplia, das Instituições da Justiça dominadas por nomeados que protegem os políticos corruptos, e da incapacidade do povo de alçar-se à consciência política, incluindo a religião partidária fanatizada e, portanto, cega.
      O Brasil permanece, assim, o país do engano. Um país rico, mas absolutamente falido no que toca ao desenvolvimento amplo de seu povo, um povo que gatinha, dominado pelas práticas mais vergonhosas, minúsculas no sentido de uma consciência de seu próprio destino. Um povo incapaz de se fazer autonomamente.
Elói Alves

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A INFÂNCIA POLÍTICA DO PAÍS E O REMÉDIO PARA O BEM PÚBLICO

         O Brasil vive ainda em nossos dias a fase de sua infância política, a fase da inconsciência política, permeada pelo emocional e  pelo sectarismo partidário, irracional, portanto.
      Quando se dispuser, se se chegar a isso, quando se chegar à compreensão de que os partidos devem trabalhar para o povo, de que os políticos devem servir ao público, e não se servir dele, e eliminá-los logo que forem inúteis ao bem do país, logo que se mostrarem incapaz de ser útil, de servir bem ao público, então entraremos numa outra fase, de amadurecimento e bem estar público geral.
     Hoje resta-nos lamentar a falta de consciência do coletivo, da coisa pública e resta a religião partidária, a inconsciência do perigo da incompetência dos políticos e da consequente falência dos serviços públicos e a fragilidade das Instituições do País, entregue a grupos cujo interesse é o poder e o dinheiro, pelo qual sujam sua própria alma, quando ainda a tem.
     O remédio único é povo lutar coletiva e conscientemente pelo seu próprio bem. É por o país acima de qualquer outra questão que não sejam o bem estar geral, das pessoas e não de grupos políticos. O remédio é o povo tomar par si o trabalho apaixonado, vital, de se opor constantemente aos interesses dos grupos políticos que, se deixar, acabam com os bens que são públicos, fruto do trabalho dos cidadãos de bem.
Elói Alves

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O DISCURSO MÍSTICO DE UNIFICAÇÃO DO PAÍS E A MUDANÇA ESPERADA

     Os partidos de oposição se mostram incompetentes e fracos há muito tempo, na verdade nunca foram oposição de verdade. A oposição de fato que tem surgido no Brasil é do povo, de sua indignação. A opção por Marina, e depois por Aécio, foi uma porta para essa indignação concentrada contra o MAL MAIOR que o país tem, entre outros: o mal moral, a pactuação com todo tipo de crime, que penetrou nas instituições e as vem destruindo por dentro, inclusive a Justiça, nem falando das políticas.
       Agora a tática para manobrar e manipular é esse discurso místico de "'reconciliação". Os partidos poderão fazer seus acordos; quem não pode compactuar é o povo de bem; é preciso reunir forças e estratégias e combater, exigir, denunciar, multiplicar as ações de protestos na rede e na rua. 
        O Brasil só mudará de verdade quando o povo decidir fazê-lo, sem esperar por uma sigla salvadora. Conformar-se, compactuar, curvar-se, é entregar ao diabo, é entregar-se.
Elói Alves

terça-feira, 21 de outubro de 2014

CHICO BUARQUE E A ELEIÇÃO NO PAÍS DO FUTURO - Perguntero


        O horário eleitoral que pagamos é mesmo um desserviço à reflexão na sociedade. Além da lição de deseducação mútua, indigna de uma plateia razoável, aparece nele Chico Buarque dizendo que votou numa pessoa porque um terceiro, seu padrinho político, mandou.
         Em que ponto antiquado e incômodo ainda estamos. Um país imenso, na diversidade de seu potencial, mas incapaz de enfrentar racionalmente os seus problemas, mesmo entre aqueles de quem se espera que ajude a raciocinar, cujo pensar deve se por acima das intrigas medianas e midiáticas.
           É lugar comum dizer que o Brasil é o “país do futuro”. Será que, para esse tempo vindouro, podemos esperar que a sociedade discuta séria e racionalmente os seus destinos ou agirá, como agora, sempre como as desorganizadas torcidas chamadas organizadas?
       Ou será que, para essa nossa sociedade, o parâmetro de organizado continuará sendo esses grupos bestiais de criminosos hediondos para quem esse triste Estado em todo seu território sempre perde e com os quais, para infelicidade de todo o país, seus políticos constantemente se igualam quando se associam a eles?
Perguntero

domingo, 5 de outubro de 2014

OUTROS MARES

Quando me sinto muito sufocado
Navego escapando em outros mares
Que é duro conviver com a vida morta

Nada é bom em acostumar-se insensível
Mas o sentir também esconde-se no seu medo
Esconderijo construído contra os seres

É preciso liberar-se, mas deixarei isso a meu tempo
Por enquanto me calarei entre os meus mortos
Elói Alves

sábado, 4 de outubro de 2014

MÃOS FRIAS E CORAÇÃO QUENTE - 5º cap. de As pílulas do santo Cristo

       Elói Alves
 

        Pedro um dia riu-se com graça de uma senhora, muito idosa, que vinha vê-los na volta das consultas e dos exames médicos. Terminado o encontro, muito contente e emocionada, foi despedir-se deles, mas não achava as palavras que procurava, para as empregar:

       − Muito agradecida, bispo, quer dizer, pastor, perdão, dou...

      − Doutor, completou Teodoro, ajudando-a.
     − Isso, doutores de Nosso Senhor! Muito agradecida, filhinhos! Que Nossa Senhora vos proteja!
       Em uma outra semana, esta mesma senhora, vindo do médico, aproximou-se de Teodoro e pediu uma senha para falar a sós com o doutor Pedro. Ele lhe pediu que fi casse para o fi nal, que as senhas tinham acabado, mas Deus era grande. Silvano, informado por Teodoro, pediu a este que a trouxesse até ele. Com imenso cuidado, Silvano, vendo que estava nervosa, acalmou-a, conversando carinhosamente com ela e pedindo-lhe que ficasse tranqüila, que havia uma senha guardada, porque pressentira que uma necessidade especial surgiria e era certamente o caso dela. A senhora segurou as mãos dele e as beijou chorando.
       − Acalme-se, por favor! O doutor atenderá a senhora! Não há necessidade de choro. Traz as mãos geladas, querida! Mas o coração está quente, tenho certeza − disse-lhe Silvano, procurando tranqüilizá-la.
       A sós com Pedro, ela sentou-se em um banquinho que eles improvisavam e beijou as mãos dele comovida:

       − Meu doutor de Deus!

       − Fale, minha querida!

       − Sabe que tenho muitas feridas aqui dentro.

       − Sim...

       − Muitas, doutor, por Deus!

       − Não jure, não é preciso! Suas palavras são o bastante. Só é preciso que fale.
       A velha senhora pôs-se a chorar sem parar. Pedro pegou uma caixa de lenços de papel, que trazia a propósito e, tirando uma porção deles, pediu que os usasse. Ela quis recusar, mas ele insistiu:

       − Tome, querida! Não precisa mais chorar, hoje estou para escutá-la.
       Pedro vendo que o tempo ia passando e que os outros dois o olhavam de lá à espera, para que lhe enviassem uma outra pessoa que aguardava, fez sinal a Silvano que esperasse.
       − Continue, por favor! Fale para que eu possa ajudá-la.
 
      Ela contou suas desilusões com a medicina e com os homens. Havia sofrido muitos anos com o marido doente. Corrido para todos os lugares, sem remédio, até que Deus o recolheu para si. Depois foi ela quem adoeceu. Não sabia há quanto tempo se tratava com médicos, sem, no entanto, curar-se.
      Tinha freqüentado diversas religiões, nunca obtendo resposta alguma que a socorresse. Contou-lhe que tinha viajado aos Estado unidos e à Europa em busca de saúde e que os remédio de lá, como os de cá, foram tão frágeis como impotentes e que a deixaram apenas mais pobre e ainda mais desiludida, ao ponto de desanimar da vida. Passara-se quase meia hora. Pedro pegou em suas mãos delicadamente e, sentindo-lhe o pulso, disse de modo dócil:

     − Eita, danada, mãos frias e coração quente!

     − Graças a Deus, doutor!

     − Olha bem, querida − retomou Pedro. Não se esqueça, estamos na Europa, guarda bem e com carinho este momento. Amanhã continuamos exatamente daqui. Dá um abraço aqui no doutor.
     Pedro levantou-se devagar e estendeu as mãos para ajudá-la. Ao mesmo instante, fez sinal para que Silvano viesse levá-la.

QUESTÃO DE OUVIDO, 4ª cap. de As pílulas do santo Cristo

      

        
         Às dez horas, terminada a reunião na praça, Teodoro ajuntava os que tinham adquirido senha e os conduzia para frente da catedral, próximo à escadaria. Silvano era aí o mediador. Chamada por Teodoro a pessoa com o número da vez, era conduzida por Silvano até Pedro, onde ficavam a sós. Com o tempo, Silvano foi notando a ansiedade que as pessoas guardavam no meio do caminho. Havia alguns que tremiam as mãos, outros traziam o rosto em satisfação visível, embora alguns, mesmo contentes, não disfarçassem as marcas do sofrimento que lhes impregnara na face. Silvano não dizia nada aí, a não ser alguns monossílabos e preservava o clima que ia se criando naquele pequeno intervalo, como um espaço especial de preparação.
       Logo nos primeiros momentos, Pedro foi percebendo que a maioria das pessoas apenas queriam ser ouvidas. Diante disso, ele se inclinou inteiro à tarefa, ofertando lhes o que elas pediam ou aquilo de que necessitavam. Ouvia-as sempre, olhando-lhes o rosto, com paciência e simpatia, talvez com ternura. Contornava as palavras, completava-as quando o pouco conhecimento ou a emoção das pessoas as interrompia. Ele reanimava a fala, por algum fio que ficara solto entre as palavras, e reconduzia-as para algum ponto de sofrimento e de dor, que as tocasse, garantindo, assim, a fluidez da emoção. 
        Como calculava o tempo para atender os outros, pedia com jeito e leveza que o restante não fosse esquecido, mas que o guardasse com muito carinho na memória, para lhe dizer, sem falta e sem tardar, na manhã seguinte. De fato, não esqueciam o ponto onde tinham parado e os reatavam com vivacidade, interrompendo e continuando sempre, entre alegrias e lágrimas, entre choros e sorrisos francos, sem perder e sem faltar, uma manhã após a outra.
        Algo de afetuoso nascia e crescia nas relações entre eles. Todos os três agora eram singelamente saudados pelas pessoas com gestos, com palavras, com afetos e com presentes. Teodoro, que estava, por sua função, mais próximo do povo, organizando as filas e distribuindo as pílulas, além das senhas, era sempre abraçado e beijado por muitos dos que vinham até ele. Tinham-lhe um carinho especial os idosos, dando e recebendo dele palavras carinhosas e cercando-o, constantemente, de um amor filial. Alguns vinham agora com as crianças, que ele levava carinhosamente ao colo, no fim das reuniões, e com as quais era fotografado, sempre gentil e atencioso, com uma naturalidade franca e risonha.
Leia o capítulo 3ª:  
 
Primeiro capítulo:
 

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