sábado, 28 de março de 2015

O CURIOSO E IRÔNICO INTERESSE DO PT PELA DEMOCRACIA


O PT, partido que está no governo do país por mais de uma década, nunca teve uma alma democrática que animasse plenamente seu corpo ideológico, fisiológico, autoritário e oportunista. Defende agora, sobretudo por seu líder máximo, que age ocultamente diante da crise político-econômica, um discurso em defesa das “Instituições democrática”. Mesma estratégia do então principal ministro de Lula, José Dirceu, por ocasião da crise do Mensalão, quando se apegava à defesa da democracia para se defender das acusações da época, mas que acabou levado pelas correntes contrárias até ao STF e, uma vez condenado, ao presídio da Papuda. Estratégias, no entanto, que destoam totalmente das práticas do partido de Luís Inácio e seguidores, desde Collor, usadas contra todos os adversários políticos, que então eram o diabo, e a muitos dos quais se uniram depois, para obter o poder ou para exercê-lo, como Renan, Sarney, Maluf e outros, sem falar nos vários pedidos de impeachment nos gritos de “fora FHC!”.

Pior de tudo era o que estava por se mostrar: o PT, além de suas características autoritárias, muito visíveis e sensíveis já nos anos oitenta e noventa, mostrou-se muito mais corrupto que muitos daqueles os quais eram por ele acusados. O que se viu nas investigações da PF e no trabalho da Justiça nos chamados “mensalão” e “petrolão” assustam até profissionais que combatem crimes organizados. Mas os agentes do PT não perderam suas características iniciais e optam por uma luta suicida, enfrentando e “elitizando” até mesmo milhões de cidadãos que conseguiram ocasião de dar visibilidade ao repúdio que sentem dessas práticas.

Para além das características de sua postura autoritária na oposição e corrupta no poder, o PT mostrou-se absolutamente incompetente como administrador público. Este fato acaba por ser o pior de todos, por ter o potencial de extingui-lo e enterrá-lo como organização partidária. Ainda que as práticas ilícitas desses políticos sejam encobertas pela eficiência dos marqueteiros muito bem pagos com o dinheiro da corrupção e pela capacidade de seu populismo, a má gestão crônica não perdoa ninguém: ela é capaz de corroer e destronar até semideuses ou regimes de ferro.

O PT nunca admitiu, em seu autoritarismo cego, os méritos alheios, como o Plano Real, que faz vinte anos, já passou para história como algo positivo que eliminou a híper inflação brasileira e estabilizou a economia. O PT demonizou tudo e quis varrer todos que estavam à sua frente para chegar ao poder. Lula quis refundar o país com seu famoso “nunca antes”, e se deu ao ridículo. Essa prática é mostra evidente desse autoritarismo que não enxerga o que havia antes e não vê o outro como agente de direitos políticos e que, portanto, deve implicar sempre o diálogo.

Sem bancada suficiente para aprovar seus próprios projetos - muitos dos quais altamente polêmicos e até antidemocráticos, como é o projeto petista de controle da mídia - os governos do PT, no Planalto, desde 2003, decidiram, segundo o STF, “comprar apoio político de deputados de outros partidos”, isto é, “comprar a consciência dos legisladores”, como definiu um juiz do Supremo, o que parece, friamente, um ingrediente de “fim de mundo”. Como se não bastasse, esse partido arruinou a Administração Pública em vários estados, como no Distrito Federal levando-a à beira da calamidade pública, e, além de outros desmandos administrativos, trouxe à economia do país a inflação descontrolada, que diminui a moeda nacional e empobrece sobretudo os mais pobres, por encarecer os produtos e prejudicar ganhos reais nos salários.  Mas o pior, para sua própria existência a para sua marca na história, é que eles nunca admitem seus erros e o culpado por suas práticas são sempre os outros.

Elói Alves

segunda-feira, 9 de março de 2015

TIO GERBÚLIO, AS PANELAS DE BARRO E O DÓLAR

            Tio Gerbúlio, que lia o jornal sentado no sofá da sala, disse a dona Prudência que passava em direção à cozinha:

                -Diz aqui, amor, que o dólar subiu ontem de novo; parece que tem muita gente brava porque perdeu dinheiro.

             -Hoje falou aí na tv que a culpa é do povo que bateu panela contra o governo- disse a mulher.

             -Ah, é assim? - perguntou Gerbúlio, interessado. Então vou comprar um punhado de dólar e chamar os vizinhos pra me ajudar a bater panela.

             -E pra que isso, homem? - Perguntou dona Prudência sem entender?

             -Ora, mulher! - devolveu ele, seguro do si. Se eu bater panela e meu dinheiro aumentar, monto logo uma escola de samba, tudo de panelaria.

            -É, tu que venha fazer bagunça em casa, que quebro essas panelas de barro tudo na tua cabeça- disse a mulher furibunda.

Elói Alves

O PT E O PANELAÇO - Perguntero

 
Sobre o "Panelaço" durante a fala de Dilma, concordo com a nota do PT que foi tudo "orquestrado" e acho melhor investigar se é realmente popular e legítimo se fazer música com panelas;... e, por favor, dr Janot, será que essas panelas também foram lavadas? Sob qual Jato? E veja aí quem foi que colocou as mãos na cumbuca. Será que foi realmente pá-nela ou tudo não passou de manifestação puramente do vazio, que é mentirosa?

domingo, 8 de março de 2015

RETRATO DE MULHER

Verso a verso pintava o seu retrato,
Olhos e nariz com todos os contornos
Lábios vivos como chamas de um forno
Tanta beleza não cabia só em quatro

Os movimentos (que magia!), a cintura,
O vai e vem que a custo se descreve,
Divina imagem que ao homem enlouquece,
Mais um quarteto para pintar essa feitura.

Os sons singelos lembram os seus beijos
Rosto, riso, calor num só encanto
A pele, a mão, ternura e toques meigos,

Suprema arte, faz tremer mais que o medo
Cujo Autor tem no ceu o seu recanto
E o poeta a retrata em seu soneto

Elói Alves

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

DILMA DIZ QUE MOODY`S NÃO SABE DAS COISAS - Perguntero

Dilma disse hoje que agência responsável por rebaixamento da nota da Petrobras não tem conhecimento do que se passa na estatal; curioso que parece que, "como nunca antes", desta vez ela acertou, pois a Moody`s, que retirou o grau de investimento da empresa brasileira, diz que desconhece o balanço financeiro, os valores desviados da Petrobras e se há capacidade de honrar suas dívidas, Aliás será que a Dilma ou seu padrinho sabem exatamente como andam as coisas no desgoverno da Petrobras ou perderam a mão até no que é feito de errado?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O ENTERRO DE MÃE MARIA


Dona Maria morreu numa tarde em que as flores da primavera se abriam no imenso jardim das terras que ela herdara de seus antepassados e que se transformara na Casa de mãe Maria, alcunha que surgiu um dia numa conversa qualquer, entre seus conhecidos, e que nunca mais saiu da boca do povo circunvizinho.
Filha única, mas rodeada de tias de cujos pais ouviram muitas histórias de senzalas, de engenhos, de Zumbi, ficou viúva antes dos quarenta anos e, não tendo filhos, pôs-se a cuidar dos moleques que viviam soltos nas ruas, tratando-os como se fossem seus. Tinha uma santa mão para curar bicheiras, fazia remédios para feridas que não cicatrizavam e temperava uma cachaça que arrastava gente de longe, pelo gosto e pelo cheiro. Até o Coronel Botelho, em cuja fazenda passara uma noite o presidente, vinha, vez ou outra, beber sentado à mesa dela, todo redondo com a barriga maior que o jumento que o arrastava por aquelas ruas tortuosas, e sempre fazendo muito barulho com suas risadas que imitavam trovões.
Dona Maria gostava da farra, isto é, da boa risada, da casa cheia, de uma boa prosa; na verdade tinha medo e até horror à casa vazia; não tinha o hábito da reflexão solitária e, quando não conversava, tocava a cantar. Gostava das cantigas antigas, das músicas festivas e trocava tudo por uma patuscada, regada à comida farta.
Quando suas tias foram morrendo e ela ficando mais velha, o antigo casarão de seus pais já era frequentado por uma vasta gente dos arredores e por outros que, vindo de longe, passavam ali um tempo a ouvir histórias, a receber rezas, remédios para diversos males e até prestar serviços naquelas terras.
No dia em que havia morte, ela chamava a “Turma do a arrasta-arrasta” e mandava tocar música noite afora; a não ser que fosse morte trágica, como foi a morte do prefeito Totonho, numa emboscada feia, dia em que proibiu a música e apenas mandou distribuir cachaça, dizendo:
- Também não é preciso tristeza.
Sua morte foi um assombro em toda a região de Serras Peraltas. De todos os lados se viam gentes povoando as estradas e se cumprimentando de chapéu na mão.
-Vamos ver mãe Maria!
-Vamos que é uma despedida tremenda!
Um outro, que chegava a cavalo, vendo as flores que desabrochavam ao longe em uma planície extensa, disse, aparelhando-se aos outros no caminho:
-É a primavera dos sonhos, morre o corpo e liberta a alma.
Dona Maria tinha por essa época oitenta e dois anos e uma alegria de menina festeira; amiga da ordem e da paz, mas inimiga de silêncio comprido: “Isso desagua em tristeza”, dizia ela quando ninguém conversava, e depois completava: “tristeza não manda saúde”.
A multidões que chegavam de longe, no entanto, se surpreendiam. Não encontravam ali um velório ou qualquer aspecto que lembrasse a morte. Encontravam uma algazarra única. Uma festa dos diabos que durou três dias, sem contar as noites, que se acabou, não por falta de tempo, mas, porque se acabaram antes a comida e a bebida, que era com que reanimavam a bagunça.
Ao fim de tudo, o delegado veio ver como ficara a coisa. Muita gente ainda dormia esparramado ao quintal, sob o sol já escaldante; uns quase sem roupa, outros enrolados às palhas de milhos, assados ao longo da festança. Por todo lado se viam ossos de animais e penas de galinha, os barris de cachaça estavam deitados, jogados a um canto. Sob as ordens gritadas pelo delegado, começaram a recolher a sujeira; mesmo cambaleando não houve quem desobedecesse a autoridade.
Logo depois chegou o prefeito no seu velho jipe sujo de lama. Deu umas voltas com o delegado e depois mandou lacrar a propriedade. Uma vez que a defunta não tinha herdeiros, tudo aquilo agora passava à propriedade do Estado.
-Que cada um faça o favor de procurar seu rumo! - sentenciou o prefeito.
Elói Alves

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SOBRE A SOLIDARIEDADE GOVERNAMENTAL AOS GRANDES CRIMINOSOS

             A reação “indignada” das autoridades do Governo Federal com a execução do brasileiro condenado por tráfico de drogas na Indonésia na realidade não surpreende pelo fato de ser sintomático, mas o tom e a extensão do caso não podem passar despercebidos por tudo que representam.
Representa, antes de mais nada, a contradição dos princípios que o Estado e o governo que o rege afirmam quando apregoam e defendem os princípios inerentes ao Direito Internacional de não-ingerência em assuntos internos de outros Estados e a Soberania Nacional como inviolável.  Esta é a questão de fundo que toca às leis internas ao país vítima do ato criminoso e do qual seu agente, o condenado brasileiro, tinha plena consciência das consequências e tomando em conta que todos os trâmites do processo foram devidamente seguidos e se alongaram por cerca de dez anos.
É sintomático porque os governos petistas se especializaram desde o caso do italiano Cesare Battisti a dar guarida a criminosos de alta periculosidade. Além do mais, o próprio governo em questão colecionou membros corruptos e condenados pela justiça, cuja condenação a seus atos nunca foi feita pelas autoridades políticas de forma minimamente veemente ao contrário da forma “indignada” como a própria mandatária do governo se diz agora. Além disso, de forma absolutamente equivocada do ponto de vista minimamente ético, agentes do governo, como o atual ministro da justiça, se apressaram, no caso da corrupção na Petrobrás, a forjar uma teoria segunda a qual “a corrupção seria normal no país e todos a aceitam e até elegem políticos corruptos”.  Teoria barata logo refutada e descartada, pois a rejeição aos políticos que representam esse governo, juntamente com suas práticas, foi claramente mostrada pelo voto de quase metade dos votantes e por manifestações massivas nas ruas e nas redes sociais.
O fato é que esse governo, como vários outros, não se mostram nem se dizem indignados com a situação das vítimas do tráfico, que assassina a muitos todos os dias, seja pela consequência maléfica da própria droga ao usuário, seja pela execução cruel de seus devedores, seja em confronto entre “soldados do tráfico de facções inimigas na briga pela ampliação do comércio”, ou pelas balas perdidas que matam trabalhadores e crianças e mulheres indefesas, além da morte de policiais mal pagos por esse mesmo governo que não honra os trabalhadores honestos que os sustentam com seus impostos.
 Pior ainda: No Brasil, tanto o Governo como os traficantes já instituíram a pena de morte há muito tempo em seus domínios; o primeiro pela via da corrupção, sempre ampliável, que rouba recursos fundamentais à dignidade da pessoa humana, além do “assalto oficial” na não devolução dos recursos dos altíssimos impostos em serviços públicos eficientes e que, por isso, pessoas sofrem e morrem; o segundo porque julga, pelo tribunal do tráfico, tortura e executa, fria e cruelmente, a quaisquer que queiram. Como se não bastasse, as vítimas de ambos, no âmbito nacional, compõem número populacional que sempre se amplia, mas cujas piedade e indignação de certos líderes governamentais, e de certos defensores de direitos, não as alcançam.
Elói Alves

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

DIA DO lEITOR

Dia 7 de janeiro, comemora-se o dia do leitor, aproveito a oportunidade para parabenizar a todos os amigos que têm o belo gosto de navegar nesses mares de magia, de sonhos e realidade.
Aproveito também para dedicar-lhes este poema, que está no livro Sob um céu cinzento:
 
O ENIGMA DAS PALAVRAS
Quem penetra o mundo das palavras
Que se concentre e desconfie, prevendo o perigo
A cada canto fervilham segredos e armadilhas
Paragens abismais, ocultas por águas mornas
Há garras feias que assustam e nada fazem
E outras que ferem ao fundo e mortalmente
Que diluem a dor e deixam a ferida intacta
E escondem-se com maneiras discretas
Depois, os recantos onde pairam os bálsamos
Em que se banha quem conhece seus caminhos
E aprecia as formas sutis de seus deleites
Mas seus acessos não são francos ou sem riscos
Seus enigmas buscam a entrega, de corpo e alma
Eles não se revelam a quem não traz disposição
Ou guarda empatia com a pressa e a insensibilidade



 

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