Que o novo ano traga com ele ricas bênçãos a todos nós; que tenhamos paz e tranquilidade para caminharmos nossa estrada diária; se o fizermos com sabedoria, será melhor ainda; que eu encontre os amigos sempre com o coração fraterno e pronto para lhes sorrir.
segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
sábado, 30 de setembro de 2023
Prefácio a "Os contos do pássaro", do escritor Décio Scaravelli
Atendi com alegria o pedido do escritor Décio Scaravelli para
prefaciar seu belíssimo livro "Os contos do pássaro", que em breve
virá a público, pela Editora Essencial. Os queridos amigos que queiram conhecer um pouco do livro do
Décio tem a seguir o brevíssimo prefácio. Muito Obrigado ao autor pelo gentil
convite e aos leitores pelo carinho da leitura.
Elói Alves
As
saborosas histórias que se desenrolam no presente livro, do escritor Décio
Scaravelli, se filiam a uma antiga tradição narrativa cuja estratégia de ficção
literária nos surpreende de tempos em tempos, como se observa na clássica e encantadora
história de Mário de Andrade: “só o papagaio no silêncio do Uraricoera
preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o papagaio
conservava no silêncio as frases e feitos do herói”.
Aqui,
aliás, o narrador ressurge em um sabiá, tão decantado como “cantor da estação
do amor”, que parece beber das doçuras de Macunaíma, evocando inspiração à
estatua de Camões e fazendo seu ninho junto à casa das histórias, essa célebre
biblioteca paulistana, cujo nome lhe empresta o autor de nosso “herói sem
nenhum caráter”, em que tantos intérpretes vislumbram, sabe-se lá com quantum
de razão, a personificação do brasileiro.
A
própria oralidade e a tradição popular se fazem devotas do ofício dessas aves,
pois, na ausência de outra fonte fidedigna para suas histórias e saberes, se
dizia: “um passarinho me contou”. Mas foi nas obras mais sublimes de nossa
literatura que se viu e ouviu cantar essa “ave que reza muito”, como se traduz
do tupi, pois, assim, vem ela figurar numa “terra que tem palmeiras”, onde está
a cantar”, e, no triste exílio do poeta, as aves que lá “gorjeiam” não o fazem
como nosso canoro sabiá.
A
mesma ave narradora, a propósito do amor de Dante, que abre as narrativas do
livro, poderia evocar os versos de Bandeira: “Passarinho... minha canção é mais
triste...”. No entanto, às lágrimas do poeta, que lhe caiam como se fossem a
música suplicante do mágico Gonzaga: “alivia minha dor, sabiá, diga onde anda
meu amor”, a personagem do pássaro-narrador lhe toma seu lugar no inferno
da imobilidade fria e petrificada em que jazia como obra de arte, dá-lhe animus
vivendi, manda-lhe purgar pelas ruas sinuosas dos
desencontros citadinos, até que se depare com Beatriz, e nela encontre o seu paraíso,
numa analogia à obra maestra que nos deixou Alighieri na Divina Comédia,”
o poema dos poemas”, no dizer de Schelling.
A
todos os leitores que se deleitem dessas belas narrativas de Contos do pássaro.
Elói Alves é advogado, atuante em SP, e prof.,
formou-se em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, é
autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios
críticos sobre literatura e sociedade e do romance As pílulas
do santo Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e
literárias. Email:
terça-feira, 1 de agosto de 2023
Capa para 3ª edição do romance AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO
Capa para 3ª edição do romance AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO, que será lançado pela Editora Essencial, em breve, em comemoração aos 10 anos da 1ª edição, lançada em 2012.
sábado, 8 de julho de 2023
BATE-PAPO COM AUTORES- EVENTO PROMOVIDO PELO iNSTITUTO LETRÓFILO e Ed. ESSENCIAL
|
|
|
O Instituto
Letrófilo e a Editora Essencial –
com
apoio da Livraria e Sebo Mania de Cultura - promovem:
BATE-PAPO COM AUTORES
que realizar-se-á
no dia 22 de julho, sábado, a partir das 14h., na Livraria e Sebo Mania
de Cultura,
localizada
na R. Dr. Rodrigo Silva,
34 – Liberdade
(junto à
Pça João Mendes).
Os autores serão convidados a falar de suas
obras, com debates entre os participantes.
Coordenação do escritor e advogado Elói Alves,
com mediação do editor e jornalista Carlos Torres.
Apoio:
|
|
|
|
|
|
|
|
segunda-feira, 19 de junho de 2023
Lançamento de Contos e Causos Notariais
No último dia 15 de maio, houve, na Faculdade de Direto da USP, no
Largo São Francisco, SP, o lançamento do livro Contos e Causos Notariais,
3ª ed., com prefácios para 1ª e 3ª edições do advogado e escritor Elói Alves,
que também foi revisor do livro.
O autor, professor e tabelião Arthur Del Guércio Neto (na foto acima, com blazer vinho e sem gravata, ao lado do prefacista), é autor e coordenador de diversas obras
jurídicas e professor de Direito Notarial e Registral. As obras jurídicas do
autor também tiveram a revisão de Elói Alves.
Leia abaixo o prefácio para 3ª edição do livro.
O livro Contos e causos notariais,
de autoria do Professor e Tabelião Arthur Del Guércio Neto, chega a sua
aguardada terceira edição, enriquecido por novos textos cujas características
narrativas, analisadas no prefácio à primeira publicação, estão ainda mais
maturadas pelo talento e apuro do autor. A isso se somam, também, novos
aspectos jurídicos, além de questões de cidadania, que se vão entrelaçando, por
um típico ofício de escriba.
O escriba era, desde a antiguidade, um notável
cidadão, que, antes da difusão social do letramento escolar, lia e escrevia,
sobretudo textos sagrados e jurídicos, pontuando fatos, registrando pactos e
redigindo documentos próprios à Administração, além de compor as crônicas da
vida dos reis. Tinha, assim, uma auctoritas, detinha saber e
técnica que o notabilizavam em uma sociedade ágrafa, gozando da confiança de
todos e de, por assim dizer, fé pública.
O escriba, que também se fez presente na idade
média como cronista régio, emprestava, ab manu, as características
indeléveis da forma de sua escrita, ora nos hieróglifos dos textos sagrados,
ora nos rolos de papiro dos documentos oficiais do Egito antigo; hoje, o
tabelião, herdeiro dessa tradição, empresta também seu olhar
peculiar para qualificação dos títulos que se lhe apresentam e para se
redigirem escrituras públicas, além de outros atos notariais, como a ata
notarial, meio de prova consagrado pela lei processual civil em
vigor, cuja eficaz elaboração exige apuro técnico, narrativo e
descritivo, ademais do saber jurídico imprescindível ao ofício e domínio da
língua com a qual trabalha. Esse modo de ver aparece também em Machado de
Assis, que pinta o olhar do tabelião, personagem do conto O EMPRÉSTIMO, como
“cortante e agudo”, como se observou, juntamente à análise de seu peculiar
antagonista em ensaio que compõe O olhar de Lanceta, que
publiquei em 2015.
À presente edição se acresceram textos como “A
fonte dos desejos”, em que ressurge o saboroso talento narrativo do autor
destes Contos e Causos, características mais profundamente
analisadas no prefácio à primeira edição, cujo texto o leitor tem à disposição
nesta obra. Ainda mais: “As eleições e os cartórios, “A ilusão dos R$ 103.141,14
mil”, “Dia Nacional do Notário e do Registrador”, “O coronavírus e os
cartórios”, além de “A nova lei dos registros públicos” ampliaram a publicação
atual. Temas como nascimentos, casamentos, uniões estáveis, óbitos, negócios
imobiliários, protestos são abordados pelo autor, destacando-se o papel cívico
da atividade notarial e registral, denominada, no Registro Civil, como “ofícios
da cidadania”.
A todos, boa leitura!
Elói Alves é advogado, atuante em SP, prof. formado em
Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre
outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre
literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e
literárias.
O prefácio à 1ª edição, em que analisei
outras características do livro, pode ser lido por meio link: REAL COM ARTE: O letrófilo: PREFÁCIO PARA O LIVRO
"CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS", DO JURISTA ARTHUR DEL GUÉRCIO
domingo, 11 de junho de 2023
Lançamento de CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS, com prefácio exclusivo que redigi para 3ª edição
O livro Contos e causos notariais, do prof., jurista e tabelião Arthur Del Guércio Neto, que traz novos textos nesta 3ª, e novo prefácio redigido por mim, terá um coquetel de lançamento na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, centro de São Paulo, na próxima 5ª feira, 15 de junho. O evento terá início às 18h.
Além de novos textos, o livro traz dois prefácios, enfocando aspectos diferentes, que redigi para a 1ª e 3ª edição.
Leia a seguir o prefácio escrito para a terceira edição
O livro Contos e causos notariais,
de autoria do Professor e Tabelião Arthur Del Guércio Neto, chega a sua
aguardada terceira edição, enriquecido por novos textos cujas características
narrativas, analisadas no prefácio à primeira publicação, estão ainda mais
maturadas pelo talento e apuro do autor. A isso se somam, também, novos
aspectos jurídicos, além de questões de cidadania, que se vão entrelaçando, por
um típico ofício de escriba.
O escriba era, desde a antiguidade, um notável
cidadão, que, antes da difusão social do letramento escolar, lia e escrevia,
sobretudo textos sagrados e jurídicos, pontuando fatos, registrando pactos e
redigindo documentos próprios à Administração, além de compor as crônicas da
vida dos reis. Tinha, assim, uma auctoritas, detinha saber e
técnica que o notabilizavam em uma sociedade ágrafa, gozando da confiança de
todos e de, por assim dizer, fé pública.
O escriba, que também se fez presente na idade
média como cronista régio, emprestava, ab manu, as características
indeléveis da forma de sua escrita, ora nos hieróglifos dos textos sagrados,
ora nos rolos de papiro dos documentos oficiais do Egito antigo; hoje, o
tabelião, herdeiro dessa tradição, empresta também seu olhar
peculiar para qualificação dos títulos que se lhe apresentam e para se
redigirem escrituras públicas, além de outros atos notariais, como a ata
notarial, meio de prova consagrado pela lei processual civil em
vigor, cuja eficaz elaboração exige apuro técnico, narrativo e descritivo,
ademais do saber jurídico imprescindível ao ofício e domínio da língua com a
qual trabalha. Esse modo de ver aparece também em Machado de Assis, que pinta o
olhar do tabelião, personagem do conto O EMPRÉSTIMO, como “cortante e agudo”,
como se observou, juntamente à análise de seu peculiar antagonista em ensaio
que compõe O olhar de Lanceta, que publiquei em 2015.
À presente edição se acresceram textos como “A
fonte dos desejos”, em que ressurge o saboroso talento narrativo do autor
destes Contos e Causos, características mais profundamente
analisadas no prefácio à primeira edição, cujo texto o leitor tem à disposição
nesta obra. Ainda mais: “As eleições e os cartórios, “A ilusão dos R$
103.141,14 mil”, “Dia Nacional do Notário e do Registrador”, “O coronavírus e
os cartórios”, além de “A nova lei dos registros públicos” ampliaram a
publicação atual. Temas como nascimentos, casamentos, uniões estáveis, óbitos,
negócios imobiliários, protestos são abordados pelo autor, destacando-se o
papel cívico da atividade notarial e registral, denominada, no Registro Civil,
como “ofícios da cidadania”.
A todos, boa leitura!
Elói Alves é advogado, atuante em SP, prof. formado em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e literárias.
O prefácio à 1ª edição, em que analisei outras
características do livro, pode ser lido por meio link: REAL COM ARTE: O letrófilo: PREFÁCIO PARA O LIVRO
"CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS", DO JURISTA ARTHUR DEL GUÉRCIO
O livro e
outros textos do autor prefaciado podem ser conferidos em sua página: BLOG do
DG
sábado, 27 de maio de 2023
NOTAS DE SUCESSÃO HEREDITÁRIA
ABERTURA DA SUCESSÃO E
TRANSMISSÃO DA HERANÇA
Segundo o artigo 2º, do CC - Código
Civil brasileiro em vigor (Lei 10.406. de 10/01, de 2002), a existência da
pessoa natural termina com a morte, a partir da qual dá-se a sucessão
hereditária.
Com o falecimento do autor da herança,
até a partilha, o direito dos herdeiros sobre a propriedade e posse da herança
é indivisível, sendo os herdeiros condôminos dos bens sob partilha, regra do
Livro V, do CC, art. 1.791.
Sobre o momento em que se abre a
sucessão hereditária, o entendimento jurídico é pacífico, não havendo discussão
interpretativa sobre o tema. Falecido o autor da herança, transmite-se ela,
desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
O jurista e professor Carlos Alberto
Gonçalves, a propósito da ausência do autor da herança, lembra a
instantaneidade da transmissão da herança diante da ocorrência do falecimento.
Segundo o Prof. Gonçalves, não pode haver direito subjetivo sem autor:
“Como não se concebe direito subjetivo
sem titular, no mesmo instante em que aquela acontece (morte), abre-se a
sucessão, transmitindo-se automaticamente a Herança aos herdeiros” (Direito das
Sucessões, 2011, v. 4, p. 13).
A redação da lei civil é clara neste sentido,
determinando que a herança se transmite desde logo, tendo sido aberta a
sucessão (art. 1784).
Desse modo, tanto o entendimento dos
doutrinadores, especialistas no tema, como a prescrição legal não deixam dúvida
sobre o momento da transmissão da herança, que se dá no momento da passagem do de
cujus, não sendo concebível a existência de vacância na titularidade da
herança.
Elói Alves atua como advogado em São Paulo, é professor, formado em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade, do romance As pílulas do santo Cristo, do livro de poesias Sob um céu cinzento e de Contos humanos; foi revisor de importantes obras literárias e jurídicas. Email: eloialves75@hotmail.com
sábado, 18 de fevereiro de 2023
Resenha crítica de MEDOS LETIVOS, livro do escritor Osmar S Júnior
Por Elói
Alves
Medos
Letivos, segundo livro do escritor e professor Osmar S. Júnior,
lançado pela editora Scortecci, no início de 2023, reúne dez extraordinárias
histórias que bem se encaixam no gênero narrativo dos contos e concentram,
todas elas, elementos típicos das narrativas de terror, mistério e suspense,
como já apareciam no belo livro do autor, publicado em 2020, 21 Passos no
escuro, mas, ao contrário de sua primeira publicação, Medos Letivos
concentra-se em ambientes escolares, espaço em que o medo, a tensão, a
ansiedade entre outros dramas humanos se potencializam pelo foco narrativo, colocando
o leitor no centro dessas ações que o captam do início ao fim.
Medos
Letivos já de início atrai a atenção do leitor nos dois contos da
primeira subdivisão do livro (primeiro bimestre), e segue prendendo-o por todo
o livro; são histórias para se ler de uma só vez, pois o leitor se vê intrigado
com o desenrolar das ações e quer, a todo preço, desbravar o mundo de
acontecimentos sombrios que se lhe vai apresentando a cada momento. Um mundo de
fenômenos psíquicos inquietos vai se abrindo diante do olhar do leitor, dramas,
enigmas e pavores, muito verossímeis, para não dizer logo: muito reais.
O
inconcebível perpassa todas as histórias; no entanto, não há nesses enigmas o
mesmo fundo que o sustenta ou lhe dá origem. As narrativas vão escorrendo diante
do olhar muitas vezes assustado do leitor que contempla a loucura e a insanidade
se apresentarem de modos diversos e com peculiaridades bem específicas, seja
pelos tormentos psíquicos de um ser humano fragilizado por situações conflitivas
inerentes à profissão ou ao ambiente de trabalho, seja pela situação de uma
personagem incapaz de reagir, devido suas limitações físicas e psíquicas, além de
torturas vindas de alguém que teria tudo, inclusive o dever legal e jurídico,
para ser seu anjo e que, ao fim, mostra-se tão insana, como se vê em A Dona Aranha.
Em
Medos Letivos o foco narrativo está delineado por um olhar superior, que
comunica com o leitor de uma posição que lhe permite mostrar os meandros
psíquicos que muitas vezes levam as personagens à loucura; é uma posição muito
adequada às narrativas do livro, onde o irracional e o inconcebível não surgem de
ações aparente ou inicialmente perceptíveis pelas personagens, como ocorre em
algumas histórias do primeiro livro do escritor Osmar Júnior.
Ao contrário disso, mesmo em narrativas em que
o trágico ou o terror, que se dará em breve, é conhecido de certa personagem,
como ocorre no horripilante conto Tato, o Gato Gaiato, a personagem é
tão vítima como todos os demais; ela é conduzida a um fim terrivelmente dramático
a aterrador do qual vai tomando consciência a cada passo de etapas menos
maléficas e das quais, embora tente, não vê como possa escapar, e cujo
controlador e mentor é tão enigmático e assustador como o próprio terror que
planeja. Numa síntese, poder-se-ia dizer que está tudo perturbadoramente controlado.
Curiosa
é essa personagem materializada no Gato, mas seu uso pode ser apenas simbólico,
pois todos ficamos no escuro, não só a personagem vítima que tem conhecimento aparente
dele. O mistério abarca tudo, até mesmo o desfecho trágico que pulveriza a existência
no conto. Esse mistério é bem peculiar da construção que o autor reserva para
esses contos que compõem Medos Letivos, pois em 21 passos no escuro,
muitas vezes, os maquinadores ou controladores do terror, inclusive criadores e
alimentadores de monstros, são personagens que representam seres humanos,
penalmente enquadráveis nas normas legais incriminadoras de tais condutas.
O
enigma esparrama-se pelo livro; aparece, a seu modo, também em Coração de
pelúcia, O quarto do pânico, A coisa no meu quarto, em O destemido
Dennis, entre outros, e até mesmo no já referido Dona Aranha, embora
aí a insanidade de um ser humano e a conduta humana delituosa seja bastante perceptível.
Em todos eles, a loucura e a insanidade têm seu tom acentuado; o fantástico e o
enigmático surgem muito a propósito da insanidade da mente humana, cujas razões
para sua origem podem ser em alguma medida reconhecíveis ou sondáveis pela agudeza
interpretativa do leitor.
O
quarto do pânico será certamente um conto apreciado positivamente ou saboreado
pelo leitor, sobretudo os amantes dos contos de terror. Ali há um dinamismo nas
ações; não se faz uso nesse conto das técnicas de interrupção da linearidade
narrativa, como aparece em outras composições do mesmo autor. Há um início de mal-estar
para logo jorrarem as cenas de terror, pavor e medo que se espalham amplamente
de modo dinâmico e totalmente incontrolável, formando um mundo fantasmagórico.
Por
fim, é preciso destacar um outro conto em que aparece “uma avalanche de
loucuras”, como diz o narrador, em Coração de pelúcia; destaco como
parte dessa insanidade tópicos das narrativas em que surgem ações de tortura de
tipos vários contra pequenas crianças indefesas; crueldades muitas vezes
domésticas e por isso mesmo ainda mais terríveis e inesperadas. Sobre esse tema
o autor já havia se referido no primeiro livro, tema que destaquei na resenha
que fiz para 21 passos no escuro, cujo link para leitura segue abaixo.
Medos
Letivos certamente agradará aos leitores que já conhecem o autor e agradará
ainda outros, além do mais pelo enfoque do espaço narrativo em que se dão as
ações que se passam nas histórias do presente livro; espaços comuns a tantos
profissionais e a outras pessoas que passam por eles. O livro, como o primeiro,
foi publicado pela Editora Scortecci, tem 151 páginas, nas quais se dividem os dez contos, e podem ser
encontrado pelo leitores no links abaixo.
Ao
autor, felicitações pela obra;
Aos
leitores, ótima leitura!
Elói Alves é advogado e professor, formado em Letras pela
Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre outros, dos
livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e
sociedade, do romance As pílulas do santo Cristo, do livro de
poesias Sob um céu cinzento e de Contos humanos; foi revisor de importantes
obras literárias e jurídicas. Email: eloialves75@hotmail.com
Resenha crítica de 21
passos no escuro: REAL
COM ARTE: O letrófilo: RESENHA CRÍTICA DE "21 PASSOS NO ESCURO", DO
AUTOR OSMAR S. JÚNIOR
Links
para aquisição do livro:
Medos
Letivos - Scortecci - Outros Livros - Magazine Luiza
Medos
Letivos - Livraria do Mercado | Estante Virtual
MEDOS
LETIVOS | Livraria Martins Fontes Paulista
Medos letivos,
Osmar S. Junior : Categorias - Contos (livrariadomercado.com.br)
Postagens populares (letrófilo 2 anos 22/6)
-
Riquíssima em possibilidades interpretativas e uma das músicas mais marcantes que retrataram as terríveis ações do regime ditatoria...
-
Entre meus cinco e doze anos morei em mais de uma dezena de casas. Como não tínhamos casa própria e éramos muito pobres, mudávamos ...
-
O Brasil não tem monarquia, já há mais de cem anos, mas tem reis, diversíssimos, inumeráveis. E como um rei não vive com pouc...
-
Falo de uma notícia velha. Há alguns meses, faz quase um ano, os jornais deram a notícia acima, não exatamente com estas palavras...
-
Teresa e o namorado tinham ido ao cinema assistir Tudo vai bem na República de Eldorado. Quando saíram do estacionamento do shoppin...
-
Há dias que me nutre uma angústia, Poros adentro, formigando sutilmente Potência se fazendo pela ausência De tudo, de nada, de mim mesmo ...
-
"Um rei, longe de proprcionar subsistência a seus súditos, tira deles a sua" Rousseau, Contrato Social Acabo de vir...
-
Confesso a você que nunca fui fã de minha sogra. No início até que tentei. Fiz vários discursos, todos retórica e politicamente corr...
-
Prefácio para o livro Contos e Causos Notariais , de Arthur Del Guércio Neto, professor e jurista O presen...
-
Dona Maria morreu numa tarde em que as flores da primavera se abriam no imenso jardim das terras que ela herdara de seus antepassados e ...