Pãoesia,
livro com que a poeta Vanda Felix presenteia seus leitores, é um desses livros
pelos quais os amantes da leitura se apaixonam rapidamente.
Traz
o pão pela palavra: esse rico elemento alimentar que nos sacia o corpo e simbolicamente
é o elemento de saciedade do espírito, da alma que se sacia do saber, da arte,
da cultura.
Há
o pão da alegria e há o pão umedecido no cálice da dor; um é o pão das festas e
outro, o pão do silêncio; mas ambos nutrem.
Um e outro não deixam seu tom poético, ainda
que marcados pelo contrate de almas reconhecidas pela larga distância de sua antítese-
da alegria e da tristeza.
A
milenar arte do padeiro aguça os sentidos como uma poesia cheia de sensações e
sinestesias: capta-se pelos olhos a sua forma, convida pelo aroma e satisfaz
pela substância.
Também
assim é a poesia de Vanda: aparência e essência; compõe-se pela sonoridade
hábil, levemente construída por seus versos aliterantes; alimenta pela palavra
a mente e o coração do leitor sequioso de sua arte.
A
poesia, o pão, o peixe – este sabiamente traçado na arte desenhada por Gaby
Braun- são metáforas alimentares que não se separam da cultura humana, portanto,
nutrem a vida em comunidade.
O poeta-padeiro, na arte despretensiosa de seus versos, traduz exatamente a riqueza e o segredo da existência humana: panes et circenses, a alimentação do corpo pelo pão e do espírito pela arte
Elói Alves é escritor e advogado, inscrito na OAB/SP; formou-se em Letras pela USP e Direito pela FMU; é autor, entre outros, do romance As pílulas do santo Cristo, de O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade e Histórias do tio Gerbúlio, pela Ed. Essencial; revisor de obras jurídicas e literárias.
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