sábado, 11 de agosto de 2012

MINHA LEITURA NA 22ª BIENAL COM OUTROS AUTORES

Neste domingo, 12, estarei participando, com outros escritores, de leituras de crônicas que compõem o livro 'Sob o céu da cidade'(Ed. Moderna 2011) no estande da SME- Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O estande da SME estará na rua J30 e minha parcipação ocorrerá às 14 horas. A organização da Bienal disponibilizará ônibus gratuito nas estações Tietê e Barra Funda do metrô. Estudantes pagam meia entrada e profesores têm gratuidade.
Elói Alves do Nascimento

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

AZIRALDO, O AZARADO

     Chamam-me Aziraldo e estou em férias e de repouso. E meu descanso agora se estenderá para além dos meus dias de folga.
Mas acham que estou sob meus planos? Pois que não. Se querem saber quais eram, já lhes digo: ia à praia, escrever uns sonetos na areia.
     Mas eis que choveu no primeiro dia. E choveu a tal ponto que recolhi as malas a um canto e fui à janela ver se passava. Mas as ruas foram se enchendo, mais e mais. No segundo e no terceiro dia pouco mudou. Parava a chuva, vinha a garoa. Cessava o trovão, vinham os raios.
-Que venha o dilúvio, seu São Noé!
     Mudei de planos: fui à estante e peguei de um livro. Mas, hahhhh! Pensam que eu perco o pique? Fui atrás de umas redes que ganhei de uns índios quando fui anos atrás à Amazônia. Coisas boas e invejáveis! Todas trançadas artisticamente no cipó. Mas onde andavam? Os cipós ainda tinham pernas.
     Não perdi tempo. Fui à cama e puxei do lençol, que me veio sorrindo, malicioso. Oh, terei minha rede, pensei.
     Finquei-o entre a janela, dando-lhe um nó cego, e um gancho na parede oposta. Saquei do livrinho, e para que ler..., se eu podia comtemplar a chuva e me vingar dela, superiormente?
Foi o que fiz. A tal ponto que relaxei e balancei.
     Vezes e vai!
     Vezes e vem!
     Já chego ao Japão,
     Já volto ao Brasil!
     Quando meu primo entrou pela sala, lancei-lhe as poesias levemente pelos ares e lhe gritei:
     -Oh, Luis, vais de Camôes?
     Ele não ia nem foi. Correu ao meu encontro, quando viu que o lençol se rompia, ralando na coluna da parede. E, antes de qualquer coisa, fui eu imediatamente ao chão.
     Abrevio, caro amigo e simpática amiga. Escrevo-lhes do hospital. Estou de bruço e enfaixado por toda as costas, que é agora navegada por umas coceiras irritantes que não acabam nunca e que não posso coçar.
     Meu primo, pensando em amenizar meus dias sobre essa cama estreita e dura, trouxe-me as poesias de volta; porque, certamente, serviria agora mais a mim que a ele, que ia à praia, já que o sol saiu e já queima forte.
     Mas espera! Deixa fazer que estou dormindo, que a enfermeira lá vem com remédio amargo e sopa sem sal.
Elói Alves

Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de Eloi Alves:

http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html

BICHOS URBANOS

Os urubus sobrevoam a cidade, aspirando-a
Abaixo, pombos e pardais dispersam-se
Ao solo, os homens exalam desencantos
Que sobem e espalham-se como carbono

Será a cidade como os homens que a habitam
E estes como os bichos que os circundam
Sobrevivem e se compõem mutuamente
Ou se degradam para o mesmo fim?

Acabarão os homens como bichos esquálidos
Que se arrastam pela terra misturando-se ao pó
E erguem-se revoltos e imponentes, querendo a lua
Para logo curvar-se, lambendo o chão?

Elói Alves

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O HOMEM DO SUBSOLO

Vejo os vulcões dormentes despertarem-se
Rasgando as correntes centenárias que os sustinham
E avançam sobre tudo com ímpeto enraivecido
Arremessando às profundezas tudo que lhe pisava
E anseio por sua lição aos homens subjacentes

Mas o homem do subsolo nada sente à cabeça
Ignora-se há tanto tempo como as múmias do deserto
Vazio de forças que o façam emergir
Passa seus dias como se não passassem, despercebido
E cochila e dorme e ronca e exala a indolência

Elói Alves

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

FILHOS DE SANSÃO

Sansão era um homem forte, vistoso
Sobre cujos largos ombros escorriam os cabelos
Em que se ocultavam tantas forças, tanto invejadas
E requeridas por seus inimigos

Um dia o manietaram com artimanhas sutis
Raspando-lhe a cabeça, fio por fio
E sugaram as suas forças, até o fim
Cegando-lhe os olhos, friamente
E riram-se dele

Hoje, seus filhos andam nus
Os netos, desterrados em suas terras
Alquebrados pelo interesse de toda bomba
Sem vigor, sem mente, sem visão
Sem lágrimas as quais lhe caiam da face

Elói Alves

Perguntero: O CÃO E O POLÍTICO EM SÃO PAULO

O que levaria um cão a seguir a comitiva de um político por 9 km? É a pergunta que me fiz quando o jornal Folha de São Paulo me deu a notícia em sua página on line, de 06/08, que este fato ocorreu em São Paulo, com Haddad, petista que faz campanha pela prefeitura da cidade.
Ora, que multidões o sigam por vontade própria ou por falta de vontade alguma ou por vontade de outros, por tantos km, não me surpreendo. Mas um cão? E um cão vira-lata, como informa o jornal! Talvez seja atoa, mas estou preocupado. Meu Deus, o que é que teriam prometido para o coitado desse cachorro?

Zé Nefasto Perguntero

domingo, 5 de agosto de 2012

SOBRE A MORTE DOS POLÍTICOS? Perguntero

Os jornais lá e cá dão uma nota da morte de algum político. Ali, editam parte de sua biografia, sempre grandiosa e com grandes números.
Mas não é sempre. No cotidiano, noticiam chacinas, homicídios, matricídios, parricídios povocídios e outras mortes anônimas.
Na última madrugada, acordado pela bexiga, meu organismo perguntou-me, não sei por qual motivo, se os políticos defecam e, depois, se eles morrem, regularmente. Como não tinha resposta até o fechamento desta edição, liguei para o Emerson- um jornalista- que informou-me que muitos políticos não morrem, encarnam em seus afilhados. Nunca ouvi falar, será? Estará isso nas puras doutrinas do politicismo? Quem tem aí as estatísticas de nossos politicídios?

Zé Nefasto Perguntero

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