quarta-feira, 22 de maio de 2013

A REVOLUÇÃO EDUCACIONAL E CULTURAL, SEGUNDO O PT

      Quando o atual ministro da educação, o político petista Mercadante, colocou suas mãos na pasta da educação brasileira em substituição ao atual prefeito de São Paulo, que saíra para se candidatar a chefe municipal sob orientação de seu tutor político, o antecessor da atual mandatária do Planalto, o governo do PT publicou nota onde afirmava que o novo gestor educacional continuaria “a revolução promovida por seu governo na educação do país”. Mesma fala, mas em ministério diferente, se deu na posse da política petista Marta Suplicy na chefia da cultura nacional, que, segundo nota do governo, também assumia para continuar a “revolução” na área cultural.
       Não entendo o que os petistas conhecem por revolução, nem sei exatamente o que eles entendem por revolução educacional e cultural, mas o referido na nota era especificamente o programa do PROUNI que só-mente em algumas cabeças célebres poderia ser chamado de revolucionário, pois nada há aí com força de mudar estruturas, rever o tipo de educação oferecida à maioria da população, redefinir modelos ou reverter rumos equivocados da política nacional ou liberar a população das opressões históricas, gerar hábitos de reflexão filosóficas ou indicar a promoção de uma cultura crítica e civicamente participativa, que é o que indica algo revolucionário, sobretudo no panorama de nossa história onde ao povo coube e cabe noções grosseiras e utilitárias voltadas à produção básica e não especializada e mesmo alguma qualificação primária visa ao enquadramento às necessidades do capital industrial; isto é, há em alguns poucos casos um enquadramento de pessoas como peças para setores mais específicos do mercado.
          A propaganda rasa e rasteira pode gerar equívocos e até enganar, mas ela não esconde a evidência que mostra que a simples substituição de uma peça por outra, ou de um partido por outro, de um coronel por outro de tipo renovado, um neo-coronelismo, que é o que se deu com o advento do PT ao Planalto, não proporciona um só elemento revolucionário em hipótese alguma. Isto porque não houve redefinição do modelo histórico de exploração da ignorância popular ou substituição das classes opressoras, mas sim- e somente- deu-se a ascensão de um novo grupo de políticos, aglutinando-se com os antigos, sem eliminá-los, mas compondo com eles, com todos os antigos coroneis e donos do país, que - os novos ocupantes do poder - trouxeram consigo seus ajudantes que chamamos correligionários ou militantes, assumindo cargos de confiança, espoliando ainda mais os recursos públicos uma vez que, agora, é preciso sustentar uma estrutura partidária muita mais inchada e muitíssimo mais sedenta de recursos que os locupletem.
        O PROUNI e mesmo o FIES, anterior ao governo do PT, são financiamentos de cursos em faculdades privadas que não trazem qualquer índice revolucionário no que se refere à qualidade da educação. Ao contrário, o ingresso de amplo número de alunos nas faculdades particulares sem qualquer rigor na qualidade do ensino, sem um vestibular criterioso já aponta para a má qualidade dos cursos que fornecem diplomas sem uma formação razoável. O diploma por si só não é, obviamente, indicador de oportunidades de melhorias de vida, de melhores empregos e formação de uma sociedade mais preparada para decisões políticas e cívicas. No limite, além da rentabilidade e transferência de renda para as empresas educacionais privavas, esses programas promovem números e estatísticas de diplomados com a triste ampliação do analfabetismo funcional entre os que concluíram o ensino superior.
        A menos que haja muita pressão popular, a educação no Brasil nunca mudará efetivamente de rumo; ao revés disso, o engodo se perpetua com propagandas, discursos e programas que visam a gerar dependência e não liberar a sociedade rumo à ampliação cultural e educacional, que geraria independência política e aumento de controle do poder público pela sociedade, muito diferente do que há hoje no país.
         Com o governo do ex-ministro da educação petista na prefeitura de São Paulo, diferentemente do que muitos ingênuos achavam, a educação é tratada exatamente como instrumento de manutenção da ignorância, como ferramenta de promoção de subserviência política e eleitoral. A diferença é que o fazem com maior truculência e ironia que seus antigos rivais políicos, hoje aliados - como Maluf -, mandando para câmara municipal, como acabara de fazer, um projeto de reposição salarial de 0,01% para ser votado; desrespeito tamanho que os próprios vereadores se negaram a encarar, oferecendo outro ridículo aumento de 0,18% para votação. Isso gerou uma histórica união de sindicatos na decretação de uma greve que levou às ruas até mesmo muitos que ainda defendem o partido que ocupa o poder federal e municipal e aos gritos de milhares de pessoas que chamavam o prefeito do PT de malufista.
        Outra questão a verificar, e que os petistas não encaram, é o problema estrutural da educação no Brasil. Este fato a chamada revolução desses políticos não pode mudar, porque é ineficiente, míope e desinteressada. O Brasil tem importado engenheiros e agora o próprio governo federal importará médicos em massa, exatamente porque não consegue formá-los aqui, devido, entre outras, à deficiência de seus programas como o PROUNI. A educação e seus profissionais são ironizados e avacalhados em todo o país e os postos de comando das pastas educacionais são ocupadas por homens de partido e apadrinhados políticos e não por profissionais adequados e sensíveis à causa da educação.
          Esta ideia de revolução, tão audaciosa quando risível, não pode sequer ser elevada à categoria de conceito. Ela traz em si o fantástico equívoco de formulação em sua direção pelo fato de estar apontada para o topo e não para base, para a saída e não para a porta de entrada, que é aducação básica. Por isso, esse tipo de ideia seria muito mais justa se a apelidássemos de "estética do telhado". Algo inócuo mais fácil de se mostrar por sua posição no alto, posta de cima para baixo.  
         Por fim, o pensamento e modo de atuar dos políticos que se denominam “revolucionários” ao chegarem ao poder demonstram a mesma cultura das velhas classes políticas, das eternas oligarquias, desde os barões do açúcar e do café até os donos das concessões públicas de rádio e televisão de todo o país, inclusive com as práticas de corrupção que evidenciam que o que chamam de revolução cultural é, a efeito, um conjunto de práticas arcaicas e podres, algo tão nefasto e corrosivo como todos os males mais vis e mais condenáveis que, tragicamente, nunca conseguimos expelir do seio da sociedade brasileira.
Elói Alves

Leia o prefácio do romance "As pílulas do Santo Cristo" de Elói Alves




Primeito capítulo:

Segundo Capítulo:

SEGUNDA IMPRESSÃO DO ROMANCE AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO

           A editora Linear B fará nos próximos dias a segunda tiragem do livro As pílulas do Santo Cristo. Os livros da edição de lançamento esgotaram-se poucas semanas depois. A editora informa que, sem os custos de edição, o livro custará ao leitor por volta de R$ 18,00.

 
 
 
 

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