sábado, 7 de julho de 2012

O PÃO E O SILÊNCIO

Não insistam! Nesta noite não irei ao baile!
Deixa-me estar só em casa e em silêncio
Pois não poderei festejar com o meu eu calado

Só o silêncio cabe ainda no meu íntimo
Os demais partiram, incabíveis
Os que festejam querem outras casas

Não celebrarei o exterior que não me representa
Nem darei engodos doces à minha enfermidade
Meus ouvidos já não seguem a banda
Nem sua música ecoa no meu quarto

Gozem e festejem e venham amanhã
Partilharemos juntos o pão e o silêncio
Elói Alves (do livro Sob um céu cinzento)

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http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html



sexta-feira, 6 de julho de 2012

ONDE SE FAZ A POESIA

A poesia só existe no mundo
Marcando nas faces a essência da própria vida
Perfurando os corpos com a sua lâmina
Até o limite onde a dor se oculta

O poeta não a escreve, apenas a capta
Espalha pelos ares seus fragmentos

Há traços indeléveis e outros que se apagam
O trágico, o épico, o lírico espalham-se pela superfície
O singelo e o pungente escondem-se, entanto
O agudo da dor e seu âmago estão apenas latentes

Não se pode apreender a poesia
Pode-se somente senti-la
Captá-la é caça sensível e perigosa

É preciso cuidado para evitar o logro e a fraude
Os versos nem sempre são poemas
A poesia não sai da tinta vermelha
Ou se confunde com a matéria bruta
Ela esparge-se do sangue que cai da pena da vida



Elói Alves
 Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo 
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html
Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP Edu Moreira:

http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html

quarta-feira, 4 de julho de 2012

MORTE OCULTA

Tenho enganado muita gente
Com palavras, sons e movimentos
Na verdade, ando morto há muito tempo
Totalmente sem vida cá por dentro

Trago o coração sempre gelado
O qual está também desocupado
A mente adormece como pedra
E desconheço se ainda tenho irmãos

Meu paladar não identifica os sabores
Nem sei se os cheiros são bons ou se ruins
E aos meus ouvidos os sons são indistintos

Vejo a massa que se move e não atua
Mas não a sinto nem posso tateá-la
Pois, meus sentidos fraquejam ao sentir
Elói Alves

segunda-feira, 2 de julho de 2012

CONSCIÊNCIA INSOLENTE

Algo em mim se atrofia e me debilita
Sugando o âmago da própria vida
É o nariz do mundo que me aspira
Sorvendo o pouco que já não tenho

Sou um pigmeu que já foi gigante
Minhas forças secaram como as de Sansão
Minha história apaga-se rapidamente
E me escoro à sombra do que não fiz

O que será da árvore que amarelece
Para onde irá o dia que já se põe
E o homem que era forte e anda nu?

Triste vento que me refresca e me faz arder
Sopra as minhas chagas e as maltrata
E deixa minha consciência intacta e insolente
Elói Alves

 Leia o primeiro capítulo de As pílulas do Santo Cristo romance de minha autoria cujo lançamento será dia 27/11, no Restaurante Rose Velt, pça Roosevelt, 124, das 19:00 às 21:30 h.:
http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/10/as-pilulas-do-santo-cristo-1-capitulo.html

Abaixo, pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra Comparada pela FFLCH-USP Edu Moreira:

 http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html

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