Entre os réus no processo do mensalão, dez dos quais já condenados e outros a caminho de condenação, estão, além do núcleo petista formado por Zé Dirceu, José Genuíno e o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o já condenado João Paulo, dois Lamas. Interessante que o ministro do Supremo Joaquim Barbosa, relator do processo, pediu a condenação de um Lamas, Jacinto Lamas, o tesoureiro do ex-deputado Valdemar Costa Neto, por participar efetivamente dos crimes de corrupção passiva, entre outros, como lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, mas pediu a absolvição de Antônio Lamas, um ex- assessor parlamentar, por sacar dinheiro do mensalão apenas uma vez e contra o qual não há prova de que tenha colaborado para a efetivação dos crimes ou que soubesse deles.
Agora, como, em em todo esse lamaçal, se pode tirar um Lamas e deixar outro Lamas? Qual dos Lamas ficará limpo?
Um outro que está no lamaçal, do pecado se quiserem, é o ex- deputado do PL, hoje PR (o mesmo do Tiririca) Bispo Rodrigues, que foi um dos do líderes e fundadores da Igreja Universal do Reino de Deus, da TV Record e do senhor Edir Macedo.
Confesso que fiquei confuso agora sobre qual dos Lamas fica na lama e qual deles sai do lamaçal.
O senhor Bispo Rodrigues, ou outro bispo qualquer, poderia ajudar nesta minha edição, por saberem bem como tirar pessoas do lamaçal.
E afinal, mais alguém sairá da lama no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal ou ficaram os demais na lama, junto com o Lamas cuja condenação se pediu? E o bispo ajudará ainda alguém a sair do lamaçal? Só uma última pergunta: Como os criminosos lavam o dinheiro no meio de um monte de lamas?
Zé Nefasto Pergunteiro
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
domingo, 16 de setembro de 2012
A ESPERANÇA EQUILIBRISTA: análise da música “O bêbado e a equilibrista”, cantada por Elis Regina
Riquíssima em possibilidades interpretativas e uma das músicas mais marcantes que retrataram as terríveis ações do regime ditatorial brasileiro, de 1964 a 1985, dirigidas contra aqueles que denunciavam seus crimes, “O bêbado e a equilibrista” foi composta por João Bosco e Aldir Blanc em 1979 e difundida nacional e internacionalmente pela célebre voz de Elis Regina. Além do profundo diálogo com as questões políticas e sociais de seu tempo, sua letra é marcada pela profunda expressividade artística de sua linguagem, um dos recursos usados à época para driblar a censura do regime.
Devido às investigações, às quais estavam submetidos os órgãos de informação e as obras de arte, as letras que possuíam conteúdo político recorriam a diversos modos de driblagem da censura política. Nesta música, o recurso é a expressividade da linguagem, em que aparecem figuras como a comparação e a personificação, onde as “nuvens” “chupavam manchas torturadas”, uma alusão clara às torturas e assassinatos cometidos pelo regime, como o covarde espancamento até a morte do diretor de jornalismo da Rede Cultura de Televisão, professor Vladimir Herzog, nas dependências do II Exército, em São Paulo, onde fora prestar depoimento.
A opção artística pela expressividade da linguagem pela via conotativa evita a objetividade, que levaria, certamente, a música à proibição pelos órgãos censores e à prisão dos compositores. No entanto, a opção por uma linguagem figurada não deixa de ser impactante, pois, nela, “a lua”, “a tarde” assumem um papel simbólico dos acontecimentos trágicos que ocorriam no plano político e social, que na música figuram no espaço celeste. A forma artística constrói-se, assim, como um espelho sócio-político.
Além disso, há uma alusão mais clara às “Clarices” e “Marias', que lembram respectivamente a viúva de Herzog e a mãe do cartunista, crítico do regime, Henfil, irmão do exilado político Herbert de Souza, o Betinho, fundador da “Ação da cidadania contra a fome”. O nome destas mulheres, postos assim no plural, seriam representativos de todas as mulheres, esposas, filhas e mães dos perseguidos pelo criminoso regime ditatorial que vigorou no Brasil e que foi jogado para debaixo do “tapete da impunidade” na redemocratização do país, ao contrário de outros países, como o Chile e a Argentina, onde generais e outros militares foram condenados, inclusive à prisão perpétua.
Portanto, esse acordo vergonhoso feito na redemocratização mostra a passividade da classe política que assumiu o poder, muitos remanescentes do velho regime, e que se tornaram, muitos deles, oportunistas e corruptos, e a falta de disposição da sociedade brasileira para passar efetivamente a limpo esse período histórico de “manchas torturadas", como diz a letra da música cantada por Elis Regina.
Elói Alves
Elói Alves
Conheça e adquira os livros do autor no link:
http://realcomarte.blogspot.com.br/p/as-pilulas-do-santo-cristo-adquiri.html
Referências bibliográficas
Fausto, Boris. História do Brasil. Edusp, São PAulo, 2004.
http://www.fpabramo.org.br/o-que-fazemos/memoria-e-historia/exposicoes-virtuais/henfil
http://realcomarte.blogspot.com.br/p/gramatica-facil-do-portugues.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Herzog
Leia o primeiro
capítulo de As pílulas
do Santo Cristo romance de Eloi
Alves:
Abaixo,
pode-se ler também o prefácio feito pelo escritor e mestre em Literautra
Comparada pela FFLCH-USP prof. Edu Moreira: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/11/prefacio-de-as-pilulas-do-santo-cristo.html
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