No último dia 15 de maio, houve, na Faculdade de Direto da USP, no
Largo São Francisco, SP, o lançamento do livro Contos e Causos Notariais,
3ª ed., com prefácios para 1ª e 3ª edições do advogado e escritor Elói Alves,
que também foi revisor do livro.
O autor, professor e tabelião Arthur Del Guércio Neto (na foto acima, com blazer vinho e sem gravata, ao lado do prefacista), é autor e coordenador de diversas obras
jurídicas e professor de Direito Notarial e Registral. As obras jurídicas do
autor também tiveram a revisão de Elói Alves.
Leia abaixo o prefácio para 3ª edição do livro.
O livro Contos e causos notariais,
de autoria do Professor e Tabelião Arthur Del Guércio Neto, chega a sua
aguardada terceira edição, enriquecido por novos textos cujas características
narrativas, analisadas no prefácio à primeira publicação, estão ainda mais
maturadas pelo talento e apuro do autor. A isso se somam, também, novos
aspectos jurídicos, além de questões de cidadania, que se vão entrelaçando, por
um típico ofício de escriba.
O escriba era, desde a antiguidade, um notável
cidadão, que, antes da difusão social do letramento escolar, lia e escrevia,
sobretudo textos sagrados e jurídicos, pontuando fatos, registrando pactos e
redigindo documentos próprios à Administração, além de compor as crônicas da
vida dos reis. Tinha, assim, uma auctoritas, detinha saber e
técnica que o notabilizavam em uma sociedade ágrafa, gozando da confiança de
todos e de, por assim dizer, fé pública.
O escriba, que também se fez presente na idade
média como cronista régio, emprestava, ab manu, as características
indeléveis da forma de sua escrita, ora nos hieróglifos dos textos sagrados,
ora nos rolos de papiro dos documentos oficiais do Egito antigo; hoje, o
tabelião, herdeiro dessa tradição, empresta também seu olhar
peculiar para qualificação dos títulos que se lhe apresentam e para se
redigirem escrituras públicas, além de outros atos notariais, como a ata
notarial, meio de prova consagrado pela lei processual civil em
vigor, cuja eficaz elaboração exige apuro técnico, narrativo e
descritivo, ademais do saber jurídico imprescindível ao ofício e domínio da
língua com a qual trabalha. Esse modo de ver aparece também em Machado de
Assis, que pinta o olhar do tabelião, personagem do conto O EMPRÉSTIMO, como
“cortante e agudo”, como se observou, juntamente à análise de seu peculiar
antagonista em ensaio que compõe O olhar de Lanceta, que
publiquei em 2015.
À presente edição se acresceram textos como “A
fonte dos desejos”, em que ressurge o saboroso talento narrativo do autor
destes Contos e Causos, características mais profundamente
analisadas no prefácio à primeira edição, cujo texto o leitor tem à disposição
nesta obra. Ainda mais: “As eleições e os cartórios, “A ilusão dos R$ 103.141,14
mil”, “Dia Nacional do Notário e do Registrador”, “O coronavírus e os
cartórios”, além de “A nova lei dos registros públicos” ampliaram a publicação
atual. Temas como nascimentos, casamentos, uniões estáveis, óbitos, negócios
imobiliários, protestos são abordados pelo autor, destacando-se o papel cívico
da atividade notarial e registral, denominada, no Registro Civil, como “ofícios
da cidadania”.
A todos, boa leitura!
Elói Alves é advogado, atuante em SP, prof. formado em
Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre
outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre
literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e
literárias.
O prefácio à 1ª edição, em que analisei
outras características do livro, pode ser lido por meio link: REAL COM ARTE: O letrófilo: PREFÁCIO PARA O LIVRO
"CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS", DO JURISTA ARTHUR DEL GUÉRCIO