O livro
Contos e causos notariais, do prof., jurista e tabelião Arthur Del Guércio
Neto, que traz novos textos nesta 3ª, e novo prefácio redigido por
mim, terá um coquetel de lançamento na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco,
centro de São Paulo, na próxima 5ª feira, 15 de junho. O evento terá início às 18h.
Além de
novos textos, o livro traz dois prefácios, enfocando aspectos diferentes, que redigi para a 1ª e 3ª edição.
Leia a seguir o prefácio escrito para a terceira edição
O livro Contos e causos notariais,
de autoria do Professor e Tabelião Arthur Del Guércio Neto, chega a sua
aguardada terceira edição, enriquecido por novos textos cujas características
narrativas, analisadas no prefácio à primeira publicação, estão ainda mais
maturadas pelo talento e apuro do autor. A isso se somam, também, novos
aspectos jurídicos, além de questões de cidadania, que se vão entrelaçando, por
um típico ofício de escriba.
O escriba era, desde a antiguidade, um notável
cidadão, que, antes da difusão social do letramento escolar, lia e escrevia,
sobretudo textos sagrados e jurídicos, pontuando fatos, registrando pactos e
redigindo documentos próprios à Administração, além de compor as crônicas da
vida dos reis. Tinha, assim, uma auctoritas, detinha saber e
técnica que o notabilizavam em uma sociedade ágrafa, gozando da confiança de
todos e de, por assim dizer, fé pública.
O escriba, que também se fez presente na idade
média como cronista régio, emprestava, ab manu, as características
indeléveis da forma de sua escrita, ora nos hieróglifos dos textos sagrados,
ora nos rolos de papiro dos documentos oficiais do Egito antigo; hoje, o
tabelião, herdeiro dessa tradição, empresta também seu olhar
peculiar para qualificação dos títulos que se lhe apresentam e para se
redigirem escrituras públicas, além de outros atos notariais, como a ata
notarial, meio de prova consagrado pela lei processual civil em
vigor, cuja eficaz elaboração exige apuro técnico, narrativo e descritivo,
ademais do saber jurídico imprescindível ao ofício e domínio da língua com a
qual trabalha. Esse modo de ver aparece também em Machado de Assis, que pinta o
olhar do tabelião, personagem do conto O EMPRÉSTIMO, como “cortante e agudo”,
como se observou, juntamente à análise de seu peculiar antagonista em ensaio
que compõe O olhar de Lanceta, que publiquei em 2015.
À presente edição se acresceram textos como “A
fonte dos desejos”, em que ressurge o saboroso talento narrativo do autor
destes Contos e Causos, características mais profundamente
analisadas no prefácio à primeira edição, cujo texto o leitor tem à disposição
nesta obra. Ainda mais: “As eleições e os cartórios, “A ilusão dos R$
103.141,14 mil”, “Dia Nacional do Notário e do Registrador”, “O coronavírus e
os cartórios”, além de “A nova lei dos registros públicos” ampliaram a
publicação atual. Temas como nascimentos, casamentos, uniões estáveis, óbitos,
negócios imobiliários, protestos são abordados pelo autor, destacando-se o
papel cívico da atividade notarial e registral, denominada, no Registro Civil,
como “ofícios da cidadania”.
A todos, boa leitura!
Elói Alves é advogado, atuante em SP, prof. formado em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU,
autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios
críticos sobre literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo
Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e literárias.
O prefácio à 1ª edição, em que analisei outras
características do livro, pode ser lido por meio link: REAL COM ARTE: O letrófilo: PREFÁCIO PARA O LIVRO
"CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS", DO JURISTA ARTHUR DEL GUÉRCIO
O livro e
outros textos do autor prefaciado podem ser conferidos em sua página: BLOG do
DG