sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Viva a belíssima memória do bibliófilo Messias


    Viva o Messias. Momento reflexivo na partida desse histórico brasileiro, que colaborou com a formação e capacitação de tanta gente neste Brasil sem fim; obra de um mineiro migrante que criou o maior sebo da América Latina.

    Conheci-o na minha adolescência, quando traçava as ruas de São Paulo como office boy. Procurava pelos clássicos literários a preço baixo e amava os livros amarelecidos; li à época quase tudo de Aluízio Azevedo, começando por “O Mulato”.

    Depois, com a internet, fechou várias de suas lojas desses 55 anos do Sebo, e concentrou-se na loja da Pça João Mendes. Aí entrei pela crítica literária e, mais tarde, fui ao Direito, aprendendo agora admirar a pessoa do senhor Messias: meigo, calmo, magro, alto, sempre de camisa de mangas longas (como na foto acima), de palavras doces, cuja mão dava gosto de apertar. É uma figura de inspirar narrativas.

   Um brasileiro, enfim, cuja existência traz ânimo nesse mar de crápulas pútridos, anônimos ou midiáticos.

    Trabalhou e investiu no trabalho até o fim. Muito agora adquiriu e expôs na loja livros da Saraiva, que fechou como última grande livraria do centro de São Paulo.

   Para quem amava os livros e admira as grandes almas: viva o Messias. Viva a belíssima memória desse bibliófilo.


segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

FELIZ NOVO ANO

 

Que o novo ano traga com ele ricas bênçãos a todos nós; que tenhamos paz e tranquilidade para caminharmos nossa estrada diária; se o fizermos com sabedoria, será melhor ainda; que eu encontre os amigos sempre com o coração fraterno e pronto para lhes sorrir.

Feliz ano novo!
Elói Alves, escritor e advogado

sábado, 30 de setembro de 2023

Prefácio a "Os contos do pássaro", do escritor Décio Scaravelli

Atendi com alegria o pedido do escritor Décio Scaravelli para prefaciar seu belíssimo livro "Os contos do pássaro",  que em breve virá a público, pela Editora Essencial. Os queridos amigos que queiram conhecer um pouco do livro do Décio tem a seguir o brevíssimo prefácio. Muito Obrigado ao autor pelo gentil convite e aos leitores pelo carinho da leitura.




Elói Alves

As saborosas histórias que se desenrolam no presente livro, do escritor Décio Scaravelli, se filiam a uma antiga tradição narrativa cuja estratégia de ficção literária nos surpreende de tempos em tempos, como se observa na clássica e encantadora história de Mário de Andrade: “só o papagaio no silêncio do Uraricoera preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o papagaio conservava no silêncio as frases e feitos do herói”.

Aqui, aliás, o narrador ressurge em um sabiá, tão decantado como “cantor da estação do amor”, que parece beber das doçuras de Macunaíma, evocando inspiração à estatua de Camões e fazendo seu ninho junto à casa das histórias, essa célebre biblioteca paulistana, cujo nome lhe empresta o autor de nosso “herói sem nenhum caráter”, em que tantos intérpretes vislumbram, sabe-se lá com quantum de razão, a personificação do brasileiro.

A própria oralidade e a tradição popular se fazem devotas do ofício dessas aves, pois, na ausência de outra fonte fidedigna para suas histórias e saberes, se dizia: “um passarinho me contou”. Mas foi nas obras mais sublimes de nossa literatura que se viu e ouviu cantar essa “ave que reza muito”, como se traduz do tupi, pois, assim, vem ela figurar numa “terra que tem palmeiras”, onde está a cantar”, e, no triste exílio do poeta, as aves que lá “gorjeiam” não o fazem como nosso canoro sabiá.

A mesma ave narradora, a propósito do amor de Dante, que abre as narrativas do livro, poderia evocar os versos de Bandeira: “Passarinho... minha canção é mais triste...”. No entanto, às lágrimas do poeta, que lhe caiam como se fossem a música suplicante do mágico Gonzaga: “alivia minha dor, sabiá, diga onde anda meu amor”, a personagem do pássaro-narrador lhe toma seu lugar no inferno da imobilidade fria e petrificada em que jazia como obra de arte, dá-lhe animus vivendi, manda-lhe purgar pelas ruas sinuosas dos desencontros citadinos, até que se depare com Beatriz, e nela encontre o seu paraíso, numa analogia à obra maestra que nos deixou Alighieri na Divina Comédia,” o poema dos poemas”, no dizer de Schelling.

A todos os leitores que se deleitem dessas belas narrativas de Contos do pássaro.

Elói Alves é advogado, atuante em SP, e prof., formou-se em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, é autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo Cristofoi revisor de importantes obras jurídicas e literárias. Email:


terça-feira, 1 de agosto de 2023

Capa para 3ª edição do romance AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO

 

Capa para 3ª edição do romance AS PÍLULAS DO SANTO CRISTO, que será lançado pela Editora Essencial, em breve, em comemoração aos 10 anos da 1ª edição, lançada em 2012.

sábado, 8 de julho de 2023

BATE-PAPO COM AUTORES- EVENTO PROMOVIDO PELO iNSTITUTO LETRÓFILO e Ed. ESSENCIAL




 


O Instituto Letrófilo e a Editora Essencial

com apoio da Livraria e Sebo Mania de Cultura - promovem:

 

BATE-PAPO COM AUTORES

 

que realizar-se-á no dia 22 de julho, sábado, a partir das 14h., na Livraria e Sebo Mania de Cultura,

localizada na R. Dr. Rodrigo Silva, 34 – Liberdade

 (junto à Pça João Mendes).

Os autores serão convidados a falar de suas obras, com debates entre os participantes.

Coordenação do escritor e advogado Elói Alves, com mediação do editor e jornalista Carlos Torres.

 

Apoio:




 

 

 


 








 

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Lançamento de Contos e Causos Notariais

 

No último dia 15 de maio, houve, na Faculdade de Direto da USP, no Largo São Francisco, SP, o lançamento do livro Contos e Causos Notariais, 3ª ed., com prefácios para 1ª e 3ª edições do advogado e escritor Elói Alves, que também foi revisor do livro. 

O autor, professor e tabelião Arthur Del Guércio Neto (na foto acima, com blazer vinho e sem gravata, ao lado do prefacista), é autor e coordenador de diversas obras jurídicas e professor de Direito Notarial e Registral. As obras jurídicas do autor também tiveram a revisão de Elói Alves.

Leia abaixo o prefácio para 3ª edição do livro.

O livro Contos e causos notariais, de autoria do Professor e Tabelião Arthur Del Guércio Neto, chega a sua aguardada terceira edição, enriquecido por novos textos cujas características narrativas, analisadas no prefácio à primeira publicação, estão ainda mais maturadas pelo talento e apuro do autor. A isso se somam, também, novos aspectos jurídicos, além de questões de cidadania, que se vão entrelaçando, por um típico ofício de escriba.

O escriba era, desde a antiguidade, um notável cidadão, que, antes da difusão social do letramento escolar, lia e escrevia, sobretudo textos sagrados e jurídicos, pontuando fatos, registrando pactos e redigindo documentos próprios à Administração, além de compor as crônicas da vida dos reis. Tinha, assim, uma auctoritas, detinha saber e técnica que o notabilizavam em uma sociedade ágrafa, gozando da confiança de todos e de, por assim dizer, fé pública.

O escriba, que também se fez presente na idade média como cronista régio, emprestava, ab manu, as características indeléveis da forma de sua escrita, ora nos hieróglifos dos textos sagrados, ora nos rolos de papiro dos documentos oficiais do Egito antigo; hoje, o tabelião, herdeiro dessa tradição,  empresta também seu olhar peculiar para qualificação dos títulos que se lhe apresentam e para se redigirem escrituras públicas, além de outros atos notariais, como a ata notarial, meio de prova consagrado pela lei processual civil em vigor,  cuja eficaz elaboração exige apuro técnico, narrativo e descritivo, ademais do saber jurídico imprescindível ao ofício e domínio da língua com a qual trabalha. Esse modo de ver aparece também em Machado de Assis, que pinta o olhar do tabelião, personagem do conto O EMPRÉSTIMO, como “cortante e agudo”, como se observou, juntamente à análise de seu peculiar antagonista em ensaio que compõe O olhar de Lanceta, que publiquei em 2015.

À presente edição se acresceram textos como “A fonte dos desejos”, em que ressurge o saboroso talento narrativo do autor destes Contos e Causos, características mais profundamente analisadas no prefácio à primeira edição, cujo texto o leitor tem à disposição nesta obra. Ainda mais: “As eleições e os cartórios, “A ilusão dos R$ 103.141,14 mil”, “Dia Nacional do Notário e do Registrador”, “O coronavírus e os cartórios”, além de “A nova lei dos registros públicos” ampliaram a publicação atual. Temas como nascimentos, casamentos, uniões estáveis, óbitos, negócios imobiliários, protestos são abordados pelo autor, destacando-se o papel cívico da atividade notarial e registral, denominada, no Registro Civil, como “ofícios da cidadania”.

A todos, boa leitura!

 

Elói Alves é advogado, atuante em SP, prof. formado em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e literárias.

O prefácio à 1ª edição, em que analisei outras características do livro, pode ser lido por meio link:  REAL COM ARTE: O letrófilo: PREFÁCIO PARA O LIVRO "CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS", DO JURISTA ARTHUR DEL GUÉRCIO

 


domingo, 11 de junho de 2023

Lançamento de CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS, com prefácio exclusivo que redigi para 3ª edição

      O livro Contos e causos notariais, do prof., jurista e tabelião Arthur Del Guércio Neto, que traz novos textos nesta  3ª,  e novo prefácio redigido por mim, terá um coquetel de lançamento na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, centro de São Paulo, na próxima 5ª feira, 15 de junho. O evento terá início às 18h.

      Além de novos textos, o livro traz dois prefácios, enfocando aspectos diferentes, que redigi para a 1ª e 3ª edição.


Leia a seguir o prefácio escrito para a terceira edição

O livro Contos e causos notariais, de autoria do Professor e Tabelião Arthur Del Guércio Neto, chega a sua aguardada terceira edição, enriquecido por novos textos cujas características narrativas, analisadas no prefácio à primeira publicação, estão ainda mais maturadas pelo talento e apuro do autor. A isso se somam, também, novos aspectos jurídicos, além de questões de cidadania, que se vão entrelaçando, por um típico ofício de escriba.

O escriba era, desde a antiguidade, um notável cidadão, que, antes da difusão social do letramento escolar, lia e escrevia, sobretudo textos sagrados e jurídicos, pontuando fatos, registrando pactos e redigindo documentos próprios à Administração, além de compor as crônicas da vida dos reis. Tinha, assim, uma auctoritas, detinha saber e técnica que o notabilizavam em uma sociedade ágrafa, gozando da confiança de todos e de, por assim dizer, fé pública.

O escriba, que também se fez presente na idade média como cronista régio, emprestava, ab manu, as características indeléveis da forma de sua escrita, ora nos hieróglifos dos textos sagrados, ora nos rolos de papiro dos documentos oficiais do Egito antigo; hoje, o tabelião, herdeiro dessa tradição,  empresta também seu olhar peculiar para qualificação dos títulos que se lhe apresentam e para se redigirem escrituras públicas, além de outros atos notariais, como a ata notarial, meio de prova consagrado pela lei processual civil em vigor,  cuja eficaz elaboração exige apuro técnico, narrativo e descritivo, ademais do saber jurídico imprescindível ao ofício e domínio da língua com a qual trabalha. Esse modo de ver aparece também em Machado de Assis, que pinta o olhar do tabelião, personagem do conto O EMPRÉSTIMO, como “cortante e agudo”, como se observou, juntamente à análise de seu peculiar antagonista em ensaio que compõe O olhar de Lanceta, que publiquei em 2015.

À presente edição se acresceram textos como “A fonte dos desejos”, em que ressurge o saboroso talento narrativo do autor destes Contos e Causos, características mais profundamente analisadas no prefácio à primeira edição, cujo texto o leitor tem à disposição nesta obra. Ainda mais: “As eleições e os cartórios, “A ilusão dos R$ 103.141,14 mil”, “Dia Nacional do Notário e do Registrador”, “O coronavírus e os cartórios”, além de “A nova lei dos registros públicos” ampliaram a publicação atual. Temas como nascimentos, casamentos, uniões estáveis, óbitos, negócios imobiliários, protestos são abordados pelo autor, destacando-se o papel cívico da atividade notarial e registral, denominada, no Registro Civil, como “ofícios da cidadania”.

A todos, boa leitura!

 

Elói Alves é advogado, atuante em SP, prof. formado em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade e do romance As pílulas do santo Cristo; foi revisor de importantes obras jurídicas e literárias.

O prefácio à 1ª edição, em que analisei outras características do livro, pode ser lido por meio link:  REAL COM ARTE: O letrófilo: PREFÁCIO PARA O LIVRO "CONTOS E CAUSOS NOTARIAIS", DO JURISTA ARTHUR DEL GUÉRCIO

O livro e outros textos do autor prefaciado podem ser conferidos em sua página: BLOG do DG

 

sábado, 27 de maio de 2023

NOTAS DE SUCESSÃO HEREDITÁRIA

 

ABERTURA DA SUCESSÃO E TRANSMISSÃO DA HERANÇA

 

Segundo o artigo 2º, do CC - Código Civil brasileiro em vigor (Lei 10.406. de 10/01, de 2002), a existência da pessoa natural termina com a morte, a partir da qual dá-se a sucessão hereditária.

Com o falecimento do autor da herança, até a partilha, o direito dos herdeiros sobre a propriedade e posse da herança é indivisível, sendo os herdeiros condôminos dos bens sob partilha, regra do Livro V, do CC, art. 1.791.

Sobre o momento em que se abre a sucessão hereditária, o entendimento jurídico é pacífico, não havendo discussão interpretativa sobre o tema. Falecido o autor da herança, transmite-se ela, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

O jurista e professor Carlos Alberto Gonçalves, a propósito da ausência do autor da herança, lembra a instantaneidade da transmissão da herança diante da ocorrência do falecimento. Segundo o Prof. Gonçalves, não pode haver direito subjetivo sem autor:

“Como não se concebe direito subjetivo sem titular, no mesmo instante em que aquela acontece (morte), abre-se a sucessão, transmitindo-se automaticamente a Herança aos herdeiros” (Direito das Sucessões, 2011, v. 4, p. 13).

A redação da lei civil é clara neste sentido, determinando que a herança se transmite desde logo, tendo sido aberta a sucessão (art. 1784).

Desse modo, tanto o entendimento dos doutrinadores, especialistas no tema, como a prescrição legal não deixam dúvida sobre o momento da transmissão da herança, que se dá no momento da passagem do de cujus, não sendo concebível a existência de vacância na titularidade da herança.

Elói Alves atua como advogado em São Paulo, é professor, formado em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e em Direito pela FMU, autor, entre outros, dos livros O olhar de lanceta: ensaios críticos sobre literatura e sociedade, do romance As pílulas do santo Cristo, do livro de poesias Sob um céu cinzento e de Contos humanos; foi revisor de importantes obras literárias e jurídicas. Email: eloialves75@hotmail.com

Postagens populares (letrófilo 2 anos 22/6)