Há uma monotonia rítmica na música deste tempo
Talvez nem mesmo haja
música,
Mas sons indistintos
que nada dizem
Que redobram, ecoam,
espalham-se
Que se impregnam numa
poluição insistente
Não há
musas que cantem o tempo a seus homens
Os poetas sofrem
continuamente uma redução auditiva
Como à voz das
Sereias ensurdeceram os companheiros de Ulisses
Talvez houvesse choro
ao invés de canto
Mas as vistas estão
empedernidas
E nem sequer podem
umedecer-se
A lamentação
é menos uma saída que um debater-se no nada
Não é
possível um espírito como o de Jeremias
Sua lamentação
era o reflexo da alma de um povo humilhado
Mas nestes dias não
há alma que se reflita
Há apenas um
massa que não se espelha
Que nem sob a opressão
se percebe
Elói Alves
(Este texto comporá meu próximo livro)
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Falta o brilho, a emoção... falta calor, falta paixão!!
ResponderExcluirMonótono tem sido nossos dias por estarmos cada dia mais empedernidos!! Som na caixa ! agita a batuta maestro! nem o tic tac faz sentido neste nicho!
Este tocou! parabéns amigo
Grato sempre, querida Ira, por sua preciosa leitura e por seu comentário, amiga! bjos gratos
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