sábado, 24 de agosto de 2013

A MUDEZ DOS HOMENS

Dobro a esquina na noite escura
As ruas estão mais encardidas sob a luz opaca
Um vulto segue lento à minha frente
Curvo, enterra a cabeça sob um fardo rude
Tento apertar os passos mas não posso
Trago dias imensos atados às pernas
Por um tempo, nossa distância não se altera...

Junto aos postes, paramos duros à faixa

As luzes passam incontáveis enfeitando as paragens úmidas
De um prédio imenso uma lâmpada clareia um rosto engravatado que se aproxima
Algo de tenso e triste se lhe entrevê antes que da luz se oculte
Os carros param, o sinal se nos abre, os passos soam

E os homens somem mudamente no meio da noite fria
Elói Alves

A busca de Pedro Homiliano


4 comentários:

  1. Emudeço ante a força de seus versos...em um segundo a luz revela a dor e ela segue silenciosa e camuflada na noite fria..e o rude fardo nos remete ao peso indelével que nos compromete os passos!
    Não há como traduzir o meu sentir!

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    1. Muitíssimo grato, Ira, por gentil leitura e por seu precioso comentário! abraços gratos, amiga!

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  2. Não encontramos mesmo palavras para traduzir tais sentimentos revelados nos versos;A mudez dos homens não pode ser revelada que não seja por eles mesmos;Há silêncios que somente é audível ao próprio ser!Delícia,Elói!

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  3. Grato, Marilene, por sua leitura e por seu comentário tão próprio e delicado; abraços, amiga querida!

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